PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
BALADA DAS SOMBRAS MORTAS
Domingo, 28.02.16
À noite, pelas encostas, se desprendem
Sombras, em divinal solenidade,
Sombras eternas, nimbos de saudade.
Qu’umas vezes, tristonhas, me repreendem,
Outras, doces e alegres, compreendem
Minha dor, meu tormento e soledade.
- rilheiras de tremenda lenidade -
E os meus sonhos de amor como que entendem.
Mas o luar, em esferas de destino,
Arrogante em seu ser, quase divino,
As transforma, desfaz, reduz a lombras.
E eu fico só, sonhando amordaçado
O exalar impossível de um passado,
Desfeito pela morte destas sombras.
Angra, 1966