PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
MAR TONTO
O mar é um tonto!
Tolda-se por nada,
Embravece por coisa nenhuma.
Se o procuro ele envolve-se em bruma,
Se o espero ele opta por um vai e vem monótono.
Se o encontro ele soletra silêncio.
Se o vislumbro ele esgueira-se de soslaio.
Se me confronto com a sua ausência
Ele traz-me ogivas inóspitas.
Se imagino a sua presença
Ele soletra melodias de silêncio.
Este mar, ora bravo ora manso,
Confunde, destrói, mistifica e ensombrecia.
Autoria e outros dados (tags, etc)
A ESTÓRIA DAS ANDORINHAS
Quando eu era criança, uma das estórias que mais gostava ouvir a minha avó contar era a Estória das Andorinhas.
Contava ela que o Menino Jesus quando era pequenino, apesar de ser filho de Deus, também brincava, como nós, nos pátios da sua casa e num campo que os pais cultivavam ali perto.
Certo dia, enquanto estava a brincar com a terra, foi buscar uma latinha com água, com a qual começou a molhar e a amassar a terra, fazendo com ela bonequinhos com que brincava. Muitos desses bonecos eram passarinhos de asas abertas que poisavam no chão e que o Menino Jesus dava comidinha. Estava o Menino assim entretido a brincar quando passou junto dele um homem muito mau. Ao passar pôs os pés em cima de alguns dos passarinhos que o Menino Jesus estava a fazer, dando cabo de quase tudo o que Ele tinha feito e com que estava a brincar. O Menino Jesus ficou muito aflito e, batendo, levemente, com as suas mãos pequeninas sobre aqueles passarinhos, eles começaram a voar para muito longe, fugindo debaixo dos pés do homem mau. E foi assim os passarinhos que ele tinha feito com a terra começaram a voar, transformando em lindas e pequeninas aves. Assim nasceram as andorinhas.
Mas as andorinhas nunca mais se esqueceram de Jesus que as tinha criado. Nos dias seguintes elas vieram poisar sobre o beiral da casa onde Jesus vivia e, com o barro de que tinham sido feitas, fizeram os seus ninhos, onde criavam os seus filhinhos. Outras vezes, enquanto ele brincava, elas vinham rodeá-Lo, voando e saltando, muito alegres, junto d’Ele.
Muito agradecidas a Jesus, por as ter criado, as andorinhas foram sempre acompanhando Jesus durante a sua vida. Quando São José e Nossa Senhora fugiram para o Egipto para Herodes mão matar o Menino Jesus, as andorinhas seguiam atrás deles, voando, constantemente, abaixo e acima e com todo o cuidado, iam apagando as pegadas do burro e de São José, para que os soldados que Herodes mandara atrás deles, não conseguissem descobrir o caminho por onde iam. E assim aconteceu, pois os soldados de Herodes, sem qualquer sinal que os pudesse guiar, perderam o rumo seguido pela Sagrada Família, que continuou o seu caminho e, sem receio de perigo, chegou ao Egipto, salvando-se o Menino de ser morto pelo malvado rei Herodes. Mais tarde, quando Jesus foi crucificado, as andorinhas foram rodeá-lo e, com os seus biquinhos, iam tirando da coroa os espinhos que tanto magoavam a Sua cabeça.
Ao verem o sofrimento de Jesus, as suas asas cobriram-se de luto tornando-se pretas e assim ficaram para sempre.
