PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
NAS CASAS DO ESPÍRITO SANTO
A Cabra-Cega era um dos jogos mais praticados pelas crianças, na Fajã Grande por alturas das Festas do Senhor Espírito Santo, sobretudo nas noites de Alvorada no sábado depois de distribuir a carne e no domingo durante a tarde. Quer a Casa de Baixo, quer a de Cima enchiam-se de gente nesses dias. As crianças não se acomodavam e entre outros jogos nunca faltava a Cabra Cega.
Para o realizar a criançada interessada em participar formava círculo, no meio da casa, dando as mãos umas às outras. Antes, porém, haviam escolhido uma delas para fazer de cabra-cega a qual era encurralada no meio da roda, depois de lhe serem tapados os olhos com um lenço ou outro pano qualquer, havendo alguém que certificasse que ela nada conseguia ver.
Depois obrigavam-na a dar três ou quatro voltas sobre si mesma, a cabra-cega dirigia-se para junto de um elemento da roda, enquanto os outros jogadores andavam à volta da cabra-cega tocam-lhe levemente, com as mãos para a desorientar e chamavam por ela dizendo cabra-cega, cabra-cega, cabra-cega, a fim de a baralhar e confundir ainda mais.
Ela, sempre de cara tapada tentava agarrar um dos jogadores. Depois de o conseguir a roda parava de andar e a cabra-cega tinha que identificar o jogador que agarra, o qual nunca falava para não ser reconhecido pela voz. Era com as mãos, apalpando o cabelo, o rosto, os olhos, os braços, as roupas que a cabra-cega o tentava identificar. Só quando a cabra-cega conseguia adivinhar quem era o jogador que agarrara, esse jogador era vendado e passava a ser a nova cabra-cega. Se não conseguisse identificar o participante que agarrara, a cabra-cega tinha que tentar apanhar outro e, da mesma forma, identifica-lo. O objetivo principal do jogo era o de que a cabra-cega reconhecesse um participante pelo tato, e que não permanecesse muito tempo com os olhos vendados.
o nome do jogador que apanhou.
Por alturas das festas, muitas outras brincadeiras se faziam nas Casas do Espírito Santo, em que participavam não apenas as crianças mas até os adultos.