PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
NOVA PONTE PEDONAL NA RIBEIRA GRANDE
De acordo com o site da Câmara Municipal das Lajes das Flores está ser reconstruída uma nova ponte pedonal sobre a Ribeira Grande, no sítio da Ladeira do Biscoito, local onde durante centenas de anos, antes da construção da estrada Porto da Fajã/Ladeira do Pessegueiro, se fez a travessia entre a Fajã Grande e o resto da ilha.
Reza assim aquela notícia, confirmada pelo “Forum Ilha das Flores”:
A Câmara Municipal em conjunto com o Governo Regional dos Açores, através da Delegação da ilha das Flores da SRTT, está a proceder à reconstrução de uma ponte pedonal na ribeira grande, entre as freguesias da Fajãzinha e da Fajã Grande. Desta forma pretendemos repor um percurso que havia ficado interrompido com a destruição da ponte, e dotar assim o concelho de mais uma rota pedonal para o setor do turismo das Lajes, numa das zonas mais procuradas e visitadas da ilha.
Recorde-se que a Ribeira Grande constitui o maior e mais caudaloso curso de água da ilha das Flores. Tem a sua nascente no Pico do Touro, situado lá bem no interior da ilha, a uma altitude de 670 metros e desagua no Rolo da Fajãzinha, muito próximo da rocha da Eira da Quada, pelo que possui uma bacia hidrográfica, muito vasta, possivelmente, a mais extensa das Flores e uma das maiores do arquipélago açoriano. Além disso, o seu leito ladeia a Lagoa da Lomba, a Comprida, a Funda e envolve-se em várias zonas pantanosas que abundam nas proximidades das mesmas. Ao cessar este longo e sinuoso percurso no Mato, a Ribeira Grande atira-se em catadupa, pela Rocha do Velho, transformando-se numa bela e monumental cascata, vindo cair cá em baixo já em terreno quase plano, deslizando por entre arvoredos e prados, ladeada de rochedos e pedregulhos, formando lagos e açudes e espalhando-se por veias e regatos, a alimentar moinhos e lagoas de erva, até desaguar no Oceano Atlântico.
Formando, nos meses de Inverno e nos dias de chuvas torrenciais, um gigantesco e quase intransponível caudal, a Ribeira Grande assumiu-se, ao longo dos séculos como fronteira natural entre a Fajã Grande e a Fajãzinha que, apesar de vizinhas, ficavam, por vezes e por culpa dela, tão distantes e separadas que vir da Fajã à Fajãzinha ou vive versa, era quase um ato heroico, uma aventura e um risco, sobretudo para os mais pequenos, que ao vir esperar os americanos e outros passageiros vindos no Carvalho ficavam pela Eira da Cuada, junto ao Calhau de Nossa Senhora, lá no cimo da ladeira do Biscoito. Mas apesar do seu temível e perigoso caudal constituir uma ameaça permanente para as duas freguesias, a Ribeira Grande sempre constituiu uma benesse para as mesmas, na medida em que as suas águas se transformavam em força motriz para os moinhos, alimentavam as lagoas de erva para o gado, enriqueciam as relvas, fertilizavam os campos e até serviam para branquear as roupas e lavar as tripas dos porcos.
Assim foi sempre difícil construir pontes capazes de resistir às enormes enxurradas e às monumentais enchentes e caudalosas torrentes da Ribeira Grande. Uma das muitas tentativas ocorreu em 1789, sob a orientação do juiz de fora José Gonçalves da Silva, sendo, nessa altura, construída uma ponte de pedra sobre a Ribeira Grande. Tratava-se, segundo rezam as crónicas, de uma construção técnica e arquitetonicamente muito avançada para a época, mas que ficou totalmente destruída com uma monumental enchente ocorrida cinco anos depois, que a derrubou por completo. Iguais destinos tiveram várias outras pontes, quase todas construídas no enfiamento da Ladeira do Biscoito, mas todas elas destruídas, mais cedo ou mais tarde, pelas caudalosas e destruidoras e tão frequentes enxurradas. Os últimos desses incidentes aconteceram em 1964, com a destruição da ponte de madeira ali colocada alguns anos antes, e em Novembro de 1996, quando mais uma vez o revoltoso caudal da Ribeira Grande destruiu a ponte da estrada que liga a Fajãzinha à Fajã Grande, no sítio do Pessegueiro. Nessa altura foi construída, a jusante da antiga, uma grande e moderna ponte em betão, com um vão dezenas de vezes superior ao anterior, a fim de que resista àqueles temíveis e violentos caudais.
Finalmente vai ser construída uma nova ponte a ligar a Fajã e a Fajãzinha, hoje, especialmente, com objetivos turísticos