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O FRASCO DE PERFUME

Quarta-feira, 07.12.16

O Ângelo Mexim e o Amarelo eram irmãos de sangue. Nascidos e criados juntos, cresceram e casaram. Após a morte dos progenitores foram acumulando rixas, brigas e discussões como nunca se vira na freguesia. Um louvar a Deus! Questões de partilhas misturadas com ameaças de morte e de vinganças permanentes. Cada um havia de dar cabo do outro. Um ódio mortal recíproco!

Viviam pois como verdadeiros e eternos inimigos, os dois irmãos! Por toda a freguesia comentava-se, condenava-se e reprovava-se tão grande e profunda inimizade:

- Nunca tal se viu! Dois irmãos que, desde há muitos anos, não se falam, nem se podem ver um ou outro.

Não havia na freguesia memória de tão feroz e perpétuo ódio entre irmãos.

Envelheceram e o primeiro a falecer foi o Ângelo Mexim que herdara o apelido por, após o seu regresso da Califórnia, estar sempre a falar nos mexins que por lá existiam. Ele até tinha trabalhado com um mexim…

Decorria, durante a noite, o velório em casa do Ângelo. Duas dezenas de familiares, amigos e vizinhos prestavam-lhe, entre choros e soluços, a última homenagem. Para espanto de todos, pela noite dentro, entra o Amarelo. Aproximando-se do féretro, retirou do bolso um frasco de perfume e derramou-o sobre o cadáver do irmão.

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publicado por picodavigia2 às 00:05





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