PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
UMA ESTÓRIA DE AMOR
Há dias, algures, li esta pequena mais interessante estória de amor. É de autor desconhecido e, a seguir, reproduzo-a de memória:
Conta-se que aos serviços de urgência do hospital de uma grande cidade chegou, certo dia um homem já de avançada a fim de fazer o curativo de um golpe profundo feito na mão direita.
Muito preocupado com a demora pediu urgência no atendimento, pois tinha um compromisso.
O médico que o atendia, curioso, perguntou-lhe o que tinha de tão urgente pra fazer.
O simpático senhor disse-lhe que todas as manhãs ia visitar a sua esposa que estava internada numa clínica da cidade, pois sofria doença de Alzheimer, já em fase muito avançada.
O médico, cuidando que o tratamento iria demorar bastante, retorquiu com alguma simplicidade, tentando desanuviar a preocupação do velhinho:
– Então hoje ela ficará muito preocupada com o seu atraso, pois o tratamento ainda irá demorar bastante tempo.
O velhinho respondeu:
– Não, ela não se vai preocupar por que ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos que ela não me reconhece.
O médico, prosseguindo a conversa, insistiu:
– Mas então para quê tanta pressa em ir vê-la, se ela já não o reconhece?
O velhinho, com um doce sorriso e, batendo de leve no ombro do médico, respondeu:
– Ela, na verdade, já não sabe quem eu sou… Mas eu sei muito bem quem ela é!
Concluía a história que o médico, comovido, teve que segurar suas lágrimas.