PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
AS SETE ESPADAS DE DORES DE MARIA SANTÍSSIMA
Segundo uma crença popular religiosa, em revelações a Santa Brígida, a Virgem Maria, mãe de Jesus prometeu conceder Sete Graças a quem rezar, todos os dias, Sete Ave-Marias em honra das suas Dores e Lágrimas. Por sua vez o poeta brasileiro Joaquim Batista de Sena, nascido no dia 21 de maio de 1912, em Fazenda Velha, do termo de Bananeiras, escreveu o poema em epígrafe claramente inspirado no romance de Pérez Escrich, notadamente na passagem que o poeta e escritor espanhol relata o encontro da Sagrada Família com Dimas, o bom ladrão, nos desertos das Judeia. Na Fajã Grande as pessoas mais antigas também haviam tido como herança esta crença, rezando nestes dias de semana santa orações adequadas. Aqui o reproduzo o poema de Joaquim Batista de Sena:
Inspirai-me ó Virgem Pia
Mãe de Deus, mãe amorosa
Para em poema versar
A coroa dolorosa
E ver se colho uma lágrima
Da pessoa impiedosa.
Quem subir o pensamento
Vai do Gólgota observando
Jesus pregado na cruz
A sua vida ultimando
Maria ao pé do lenho
Seus tormentos contemplando.
Os tormentos de Jesus
São os mesmos de Maria
Quando furavam seu filho
O seu coração feria
Ele sofria no corpo
Ela na alma sofria.
E não foi só no Calvário
Aquelas lágrimas sentidas
Mas toda a sua existência
Foi de dores comovidas
Era uma sobre a outra
Como ondas embravecidas.
A primeira dor foi quando
Jesus Cristo foi à pia
Que o velho Simeão
Tomou ele de Maria
E com a profetisa Ana
Declarou-lhe a profecia:
- Senhora, esse vosso filho,
Disse o velho Simeão
Será para vós motivo
De lágrimas, dor e paixão
E por ele, sete espadas
Transpassam o teu coração.
(...)
A segunda dor foi quando
Veio um anjo lhe avisar
Que fugisse para o Egito
E deixasse o seu lugar
Que Herodes o perseguia
Para o menino matar.
(...)