PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
HORTINHAS DA CUADA
Hortinhas da Cuada era um minúsculo lugarejo da Fajã Grande, obviamente não povoado, situado lá para os lados da Cuada, mais concretamente entre Santo António e o único lugar povoado a sul da Fajã, a Cuada, que assim contribuía para o seu nome. Esta zona, desde o Delgado à Cuada, era aquela onde existiam as melhores e mais férteis hortas da freguesia e onde se produzia muita fruta, sobretudo maçãs. A ele se refere contista e reitor do Mosteiro, Nunes da Rosa, quando num dos seus contos que integram o “Pastoraes do Mosteiro” narra as vindas à Fajã Grande, por altura da Senhora da Saúde, de muitos peregrinos e romeiros que vindos de outras freguesias paravam naquelas famosas hortas para apanhar e comer saborosíssimas maçãs.
Situado para além das Hortas da Cuada este lugar era um sítio ermo, esconso e distante do caminho e a ele tinha-se acesso por uma canada ladeada por frondosas faeiras e altíssimos incensos que lhe davam um ar cavernoso, desfrequentado, sombrio e, aparentemente, tenebroso. As terras ali existentes eram poucas, a maioria de mato à mistura com uma ou outra pequena horta, de onde muito provavelmente derivava o topónimo.
As Hortinhas da Cuada, situadas lá bem escondidas ente Santo António, o Delgado, a Cuada e as Hortas da Cuada, permanecem hoje apenas como um lugar mítico e adormecido, decerto perdido, não apenas no espaço mas também e sobretudo no tempo e talvez mesmo na memória de muitos dos que, nos longínquos anos cinquenta, por ali passavam, na apanha de fruta, de incensos para o gado, de lenha para o lume ou a ceifar os fetos e a cana roca que proliferavam entre aquele denso e luxuriante arvoredo.