PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O PORTO DA PRAINHA
O histórico e um dos mais emblemáticos edifícios da freguesia, situado no porto da Prainha, em São Caetano do Pico era a “Casa dos Botes de São Caetano”. Ali, durante décadas e décadas se arrumavam os botes utilizados pelos valorosos baleeiros daquela freguesia. Aconteceu, porém, que este antigo e histórico edifício foi “estranhamente” vendido a um particular que, a seu belo prazer, o transformou num empreendimento turístico, constituído por três ou quatro moradias, perdendo-se assim o mais representativo e verdadeiro testemunho da atividade baleeira em São Caetano. Como se isso não bastasse a “Rota Baleeira” do Pico, escandalosamente, não só esqueceu como até foi desviada de São Caetano, mais concretamente do histórico Porto da Prainha do Galeão, onde Garcia Gonçalves, um foragido do reino, com ajuda dos italianos de Génova e Vicenza que ali se haviam fixado, construiu o célebre Galeão, que ofereceu ao rei de Portugal D. João III, com penhora para saldar a sua dívida e assim reconquistar a sua liberdade e que deu nome ao lugar. Foi este porto, hoje abandonado e esquecido, que se revelou como alternativa viável, em dias de temporal, às lanchas que faziam a travessia do Canal Faial-Pico quando não podiam fazer serviço na Madalena ou no Porto do Calhau. A sua beleza e excentricidade levou a que os realizadores da série “Mau Tempo no Canal”, inspirada no livro de Nemésio com o mesmo nome, ali gravassem uma das mais empolgantes cenas: a fuga de Margarida num bote baleiro…