PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O OUTRO BRAÇO DO CIMO DA ASSOMADA (CAMINHO DA MISSA)
No outro braço do Cimo da Assomada ou seja do lado do caminho da Missa, na altura o único acesso não apenas à Fajãzinha como às restantes freguesias do Concelho das Lajes e à própria vila, ficavam apenas duas casas: a da Senhora Estulana, viúva e com três filhos
A casa da Senhora Estolana era a última do Cimo da Assomada, do lado do Caminho da Missa, ou seja, do mesmo lado e um pouco antes da canada que dava simultaneamente para as terras e relvas do Pico e para a Vigia da Baleia, ou seja para o Pico da Vigia. Era uma casa muito branquinha, com as barras das portas e das janelas pintadas de azul, mas um pouco misteriosa e enigmática, uma vez que quer a Senhora Estolana depois de enviuvar, quer todos os seus filhos e filhas partiram para a América. Daí que a casa ficasse abandonada, isolada, deserta, descaída e envelhecida criando aquele ar tenebroso e de mistério, para quem, como eu, criança, por ali passava, até porque ficava um pouco distante das outras casas da freguesia.
Hoje vejo-a através de imagens da Internet, da mesma forma que era outrora, quando ainda era habitada pela senhora Estolana, branquinha, com as barras de um azul muito claro, mas anunciada de forma muito diferente, ou seja, como sendo um restaurante, denominado por “A Casa da Vigia”, com as indicações de que está localizado apenas a 2 km da Aldeia da Cuada e situada na Fajã Grande, freguesia considerada como “lugar ideal para tomar uns bons banhos no mar”, depois do qual se pode ir ao referido restaurante mimar as papilas gustativas. A “Casa da Vigia” é dirigida por uma senhora italiana e os ingredientes ali servidos, segundo consta das informações recolhidas no site, uns são cultivados e crescem numa horta biológica que existe mesmo ali ao lado da antiga casa da Senhora Estolana, enquanto outros são produtos locais, à excepção dos deliciosos vinhos tintos que são importados da Toscânia, Itália, dado que nem a Fajã Grande nem a ilha das Flores são produtoras do precioso líquido.
Destaque-se ainda para um pormenor interessante: o restaurante “Casa da Vigia” possui no seu terraço uma biblioteca.
Na casa seguinte vivia o José Garcia, casado com a Senhora Ester e com dois filhos ainda residentes: o Júlio e a Avelina que casou com o João do Gil. Ambas estas famílias abandonaram a freguesia.
Mais abaixo a rua começava o seu braço central com o José Dias, na primeira casa do lado direito. Poucos anos lá viveu, este filho de Tio Manuel Luís, casado com uma filha da Senhora Estulana, com dois filhos, dado que cedo partiram para a América. A casa teve vários moradores até que a comprou o Augusto Mariano.