PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
DE MÃOS A ABANAR
“Vir ou chegar de mãos a abanar.” Esta era uma expressão muito usada, antigamente, na Fajã Grande, sendo empregado sobretudo para designar alguém que quando visitava outro não trazia nada consigo para oferecer, sobretudo sendo sua obrigação fazê-lo, sobretudo como gesto agradecido ou como pagamento de um favor anteriormente concedido. Atualmente, esta expressão também é muito usada quando um convidado vai a uma festa de aniversário sem levar presentes.
Consta que a referida expressão teve a sua origem nos tempos da colonização brasileira. Foi sobretudo a época de exploração do café no Brasil que atraiu um grande número de imigrantes europeus para aquela colónia portuguesa, sobretudo os que fugiam da estagnação econômica e do desemprego que, na altura, grassava no velho continente.
Ao chegar ao Brasil, era comum que os imigrantes trouxessem suas próprias ferramentas, como foices ou facas. Isso era visto como um símbolo de sua profissão, uma forma de demonstrar disposição para o trabalho. Pelo contrário, o imigrante que chegava com as “mãos abanando” era visto como preguiçoso e desinteressado em exercer alguma espécie de atividade. Assim, quando um imigrante chegava ao Brasil ‘de mãos abanando’, era visto como preguiçoso e desinteressado no trabalho.
Consta pois que foi a partir daí que o termo surgiu, sendo empregado para designar alguém que não traz nada consigo, mas que deveria assim fazer.