Quarta-feira, 31.01.18
Do alto de um rochedo
Contemplo o mar:
- a sua beleza infinita,
- os soluços do seu marulhar.
Cada onda que se perde nos laredos
Acarreta, suave mas destemida:
- a fereza das procelas,
- os ecos de destinos naufragados.
Mas é neste mar que eu vejo espelhado
o nascer do sol, num fulgurado horizonte.
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Terça-feira, 30.01.18
Outrora, em tempos não muito recuados a Cuada e a Ponta eram os dois únicos lugares povoados da Fajã Grande. O lugar da Ponta da Fajã Grande, mais conhecido simplesmente por Ponta, com a sua igreja de Nossa Senhora do Carmo, é um sítio de grande beleza e equilíbrio paisagístico, mas sobre ele, atualmente paira um grande despovoamento em consequência das restrições legais de habitação impostas na sequência dos desabamentos de 1987. Apesar de tudo continua a manter cerca de 20 habitantes. Com as suas cascatas a escorrer pelas escarpas abaixo, a Ponta da Fajã Grande é um lugar idílico que teima em manter-se com o carácter próprio e autónomo que criou desde que serviu de fronteira entre as freguesias de Nossa Senhora do Remédios das Fajãs e de São Pedro da Ponta Delgada.
O lugar da Quada, palavra que deriva de saracotear, ou seja, andar de um lugar para o outro, foi uma povoação que, desde cedo, sentiu o fenómeno da desertificação, tendo ficado desabitada durante algumas décadas. Sita num terraço entre a Fajã Grande e a Fajãzinha, o lugar constitui um conjunto arquitectónico notável, que inclui uma Casa do Espírito Santo, que em 2000 foi classificado como Conjunto de Interesse Municipal pela Resolução n.º 102/2000, de 6 de Julho. Hoje é um interessante e bem preservado povoado, transformado num empreendimento de turismo rural.
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Segunda-feira, 29.01.18
Rola meu benzinho rola
rola sempre por aí abaixo
Eu perdi o rola rola
rola para ver se eu acho
Eu perdi o rola rola ó meu bem
rola para ver se eu acho
Rola meu benzinho rola
Torna a rolar outra vez
Quem quer bem sempre reserva
Uma duas até três
Quem quer bem sempre reserva ó meu bem
Uma duas até três
Rola meu benzinho rola
Faz amor aos teus arquinhos
Talvez chegue à tua casa
Que é tão longe e maus caminhos
Talvez chegue à tua casa ó meu bem
Que é tão longe e maus caminhos
Rola rola passarinho
Meu canarinho cinzento
Eu hei-de ir à tua porta
Quer chova quer faça vento
Eu hei-de ir à tua porta ó meu bem
Quer chova quer faça vento
Rola meu benzinho rola
Faz amor aos teus arquinhos
Talvez chegue à tua casa
Que é tão longe e maus caminhos
Talvez chegue à tua casa ó meu bem
Que é tão longe e maus caminhos
Rola rola passarinho
Torna a rolar outra vez
Ainda me hei-de vingar
Do que o teu amor me fez
Ainda me hei-de vingar ó meu bem
Do que o teu amor me fez
Rola meu benzinho rola
Faz amor aos teus arquinhos
Talvez chegue à tua casa
Que é tão longe e maus caminhos
Talvez chegue à tua casa ó meu bem
Que é tão longe e maus caminhos
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Domingo, 28.01.18
Rui de Mendonça nasceu em Santa Cruz, Graciosa, a 27 de Abril de 1896 e faleceu nas Velas, S. Jorge, em 30 de Janeiro de 1958. Terminada a instrução primária na sua terra natal, fixou-se na ilha Terceira onde viria a concluir os estudos liceais. Não lhe sendo possível prosseguir estudos universitários, enveredou pelo Magistério Primário que concluiu na cidade da Horta, ilha do Faial. Durante largos anos dedicou-se ao ensino que acumulou com a carreira de advogado. A sua paixão pelo mar levou-o a explorar uma armação baleeira que, nas Velas, constituiu importante polo de atividade social e económica.
Republicano convicto, desenvolveu atividade política, batendo-se sempre pelos valores da liberdade e da democracia. Em 1931 foi Delegado da Junta Revolucionária na ilha de S. Jorge, o que lhe valeu a perseguição pelo regime saído do governo de 1928. Fracassada a tentativa de derrubar a ditadura de Salazar, através de um golpe que abortaria antes da hora marcada, Rui de Mendonça é exonerado do cargo de professor primário e preso na ilha do Faial. Posteriormente foi engrossar as fileiras dos que conheceram o cativeiro no Castelo de S. João Baptista, na ilha Terceira.
Muito jovem ainda, começou a versejar segundo os moldes clássicos e escreveu peças de teatro. Destacou-se como poeta romântico-parnasiano. As suas poesias, dispersas por jornais e revistas, foram postumamente reunidas num volume com o título geral de Poemas. Os seus versos, sinceros e sentidos, denotam influência de Guerra Junqueiro e Antero de Quental, e são atravessados por um romantismo espontâneo e por um sentimentalismo marcadamente insular.
Dedicou-se ao jornalismo, sustentando polémicas e discutindo problemas locais e regionais, bem como questões de ordem cultural e pedagógica. Usou o pseudónimo de Jayme Velho.
No dia 9 de Junho de 1989, foi condecorado, a título póstumo, com o Grau Oficial da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República, Mário Soares.
Obras literárias: A Flor da Serra e Poemas.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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Sábado, 27.01.18
A noite está fria,
muito fria,
- um deserto de gelo.
Há tempestade,
sopra um vento ciclónico,
chove torrencialmente.
Há destruição e caos.
… e foi o mar
- esse monstro terrível e terrificante –
com uma dádiva aparentemente generosa
mas terrível e malfazeja,
abalroando a beleza da falésia,
que destruiu tudo.
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Sexta-feira, 26.01.18
Vivem em nove belas ilhas no meio do oceano atlântico. Dizem ser o centro do mundo, os ultimos picos da atlântida - o continente perdido, a terra de neptuno. Falam de forma diferente. Cozinham comida em buracos na terra, com o calor dos vulcões. Fazem jogos com touros e perdem quase sempre. Nadam com golfinhos. Mergulham com baleias que antes caçavam em pequenos barcos e depois gravavam-lhes os dentes. Há 500 anos que resistem a tremores de terra, a tempestades com ventos de 250km por hora. Pescam os maiores peixes do mundo - espadartes e atuns, dividem os terrenos com flores, principalmente hortências. criam vacas e chamam-nas pelo nome próprio. Comem comida temperada com especiarias vindas das indias, áfricas e américas. Festejam o "espirito santo" que dizem ser o seu "senhor". Usam uma ave - milhafre - como seu simbolo mas chamam-se Açorianos !
São uns estranhos e simpáticos loucos.
É um orgulho pertencer a esta espécie.
(Texto de Sara da Rocha Reis)
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Quinta-feira, 25.01.18
Alva, pura de neve é esta serra,
Erguida no silêncio, entre tormentos.
E as nuvens ao redor? Dúcteis fragmentos,
Fantasias desfeitas de quem erra.
Lá longe o mar deserto e sem terra!
As vozes das cagarras são lamentos
E os lajidos de lava lamacentos,
São martírio contínuo, chão de guerra.
Se o vento sopra suave e não protesta
É a aurora a nascer em tom de festa.
Dilúculo sem bruma, sem neblina!
Mas a noite regressa escura e fria,
Sem esperança, sem luz, sem alegria.
Que maldição trespassa esta colina!
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Terça-feira, 23.01.18
Escombros de lava tingidos de verde
E um manto de bruma a forrar o firmamento…
Há resteva de neve, salpicos de maresia.
Vinhas em currais, vulcões de sofrimento.
Na baía, onde aportou Garcia Gonçalves,
Sopra roufenho o restolho do vento.
No cais deserto, aninham-se gaivotas
Trazem, agoirentas, prurido lamento.
E a noite tristonha, sebácea e escura,
Cai da montanha, em sulco turbulento.
Há rilheiras destroçadas, em trilhos perdidos,
Sons abafados, deixados pelo vento.
Vento, vento, vento!
- (turbulento)
- prurido lamento, em sofrimento, a toldar o firmamento!
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Segunda-feira, 22.01.18
"A justiça proporcionar-te-á a paz, mas também trabalhos."
(Ramón Llull, escritor, filósofo, místico e missionário espanhol)
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Domingo, 21.01.18
A igreja Matriz de São Sebastião, sede da paróquia com o mesmo nome, na cidade de Ponta Delgada é um dos mais belos e emblemáticos templos açorianos. Situada bem no coração da cidade, a sua construção remonta a uma ermida que ali terá existido também sob a invocação de São Sebastião, padroeiro da cidade, erguida após uma grande peste que a assolou, conforme refere Gaspar Frutuoso nas Saudades da Terra.
As obras do atual templo transcorreram entre 1531 e 1547, tendo recebido auxílios dos reis D. João III e D. Sebastião, datando desse período as atuais magníficas portadas em estilo manuelino. As portas dos alçados laterais, em estilo barroco, são de basalto da ilha.
Ao longo dos séculos a edificação, no entanto, sofreu profundas transformações no seu conjunto, típico do estilo gótico em Portugal, com detalhes manuelinos e, posteriormente, barrocos. No século XVI, a torre sineira erguia-se no ângulo Nordeste. Na primeira metade do século XVIII, o templo foi objeto de extensa campanha de obras.
O altar-mor era inteiramente em talha dourada, havendo nele riquíssimos panos de azulejos.
O atual relógio na torre foi doado em fins do século XIX por António Joaquim Nunes da Silva.
Até há relativamente poucos anos existiam junto aos púlpitos, nas naves, dois coros, um deles com o órgão onde tocou o padre Joaquim Silvestre Serrão.
Na década de cinquenta o antigo Seminário Menor da diocese de Angra, sediado no antigo Colégio dos Jesuítas, pertencia a esta paróquia, pelo que os jovens que ali estudavam se deslocavam à Matriz de São Sebastião, sobretudo nos dias das grandes festividades, nomeadamente no dia 21 de Janeiro, dia consagrado ao Santo Mártir executado durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano.
Sebastião terá chegado a Roma através de caravanas de migração lenta pelas costas do mar mediterrâneo, que na época eram muito abundantes. De acordo com Atos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que se teria alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal, a Guarda Pretoriana. Mais tarde, porém, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado ao rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Santa Irene, apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte, sendo o seu corpo atirado para um esgoto público da cidade de Roma.
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Sábado, 20.01.18
(POEMA DE EMANUEL FELIX)
Ergo nas mãos em concha
uma lembrança de água
oh presença subtil no deserto de um livro
a que uma folha dura
E que frágeis os trincos da memória
do que era teu e meu
a invisível tesoura
com que cortar os sonhos pela cintura
Emanuel Félix (Angra do Heroísmo 1936 –2004)
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Sexta-feira, 19.01.18
O fronteiro ou capitão de praça d’el rei, Dom Paio de Farroncóbias e o seu séquito ainda não tinham ultrapassado os umbrais da pequena fortaleza que rodeava Lubisonda e já alguns ricos-homens, à frente dos quais estava Pero Fogaça, vieram recebê-los. Foi o marido de Aldonça e pai do jovem Banaboião quem primeiro se aproximou de D. Paio e, ajoelhando-se a seus pés, com humilde espontaneidade, gritou:
- Meu senhor! Ilustre fronteiro do Rei de Portugal, sede bem-vindo a Lubisonda!
Os outros aclamaram de imediato:
- Viva o nosso rei! Viva D. Afonso Henriques, rei de Portugal. Viva D. Paio de Farroncóbias, seu ilustre guerreiro.
Ao ouvir pronunciar aquelas palavras de exaltação do seu amo e senhor, D. Paio de Farroncóbias encheu-se de regozijo e contentamento Era a primeira vez que, depois da brilhante e triunfal vitória em Ourique, aquelas palavras se repetiam como que por eco e magia. Até então, exceto os que estavam em Ourique, nenhum vassalo ou habitante do condado portucalense, tratara o príncipe de tal forma. E agora ali, aquele povo humilde fazia-o com tamanha espontaneidade e sinceridade como eles próprios o haviam feito em Ourique, que de ouvi-los o seu coração se enchia de regozijo. E D. Paio de Farroncóbias, manifestando a sua alegria, contava-lhes como depois daquela gloriosa batalha, na qual para além da força e do valor dos seus homens, o príncipe recebera a proteção e ajuda de Nosso Senhor Jesus Cristo, que lhe aparecera em sonhos, pregado na cruz, sangrando nas suas cinco divinas chagas. Foi tanta a emoção que o esposo da senhora de Cangas e de Freixomil sentiu que, dirigindo-se a Pero Fogaça, o abraçou fraternalmente, não permitindo que este permanecesse ajoelhado por mais tempo a seus pés. Depois fixando-o seriamente, disse-lhe:
- Honrado cidadão de Lubisonda. Foste o primeiro, depois de mim e dos outros valentes guerreiros que com o príncipe combateram em Ourique, que nestas terras portucalenses, tiveste a coragem e a honra de chamar rei, rei de Portugal, ao príncipe D. Afonso Henriques. E tendes razão. Como sabeis, desde há muito que ele deseja ser rei. Não é loucura. É bravura e dignidade. Agora, depois desta retumbante vitória sobre tão vis infiéis, até porque eram muito mais numerosos do que nós e comandados por cinco valorosos reis, posso de facto e com verdade, eu um humilde servo do príncipe meu senhor, orgulhar-me também de lhe chamar rei, rei de Portugal e louvar-vos-ei por isso, porque afinal, ele próprio assim já se intitula – D. Afonso Henriques - rei de Portugal. Na realidade só um verdadeiro rei poderia lutar contra cinco reis mouros e derrotá-los copiosamente. – e voltando-se para a plebe que não cessava de aclamar o novo rei - Tendes razão, honrados cidadãos de Lubisonda. A partir de agora todos devem reconhecer e aclamar o valoroso príncipe Afonso Henriques – rei. Seu primo D. Afonso VII, rei de Leão e Sua Santidade o Papa Celestino II, Sumo Pontífice da Santa Igreja Católica de Roma serão obrigados a reconhecê-lo como rei, em breve. – Depois para Pedro Fogaça - Peço-te, agora, que me conduzas à tua casa, e me dês guarida, se isso te apraz, a mim e ao meu servo e fiel escudeiro Gesismundo, durante uma noite. Peço-te que arranjes ainda abrigo para estes valorosos guerreiros da minha mesnada. Amanhã, ao romper do dia, retomaremos a nossa caminhada até Trancoso. O nosso destino, agora que a moirama está vencida e assustada e não voltará a atacar-nos tão cedo é o reino de Leão. Afonso VII vai ser forçado a reconhecer Afonso Henriques, rei de Portugal e a conceder-lhe a independência, transformando este condado num reino independente como já o são Aragão e Navarra – o Reino de Portugal. Se o não fizer de bom grado há-de fazê-lo por força desta espada
E tirando a espada da bainha, desenhava com ela no ar movimentos convulsivos e maquinais como se estivesse a lutar.
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Quarta-feira, 17.01.18
Kandovan é uma das mais típicas e interessantes localidades de todo o Mundo. Quase única, mesmo espetacularmente singular!
Trata-se aldeia troglodita, histórica e hoje turística, situada no Irão, que não é apenas famosa pela sua beleza cênica, única e rara, mas também pela singularidade que lhe é inerente e que vem do fato de que a maioria das suas casas terem sido e continuarem a ser construídas em cavernas localizadas em verdadeiros rochedos em forma de cones, num dos maiores maciços rochosos do norte do Irão. Assim, toda a aldeia parece uma gigantesca colônia de termites.
Na verdade esta aldeia, apresentada há dias num programa do canal 2 da RTP, possui um conjunto de mais de seiscentas moradias construídas pelo homem no interior de rochas e sob a forma de cavernas que ainda são habitadas por 670 pessoas. A história arquitetónica de Kandovan remonta ao século XIII. Nesta aldeia única no Mundo, localizada a seiscentos quilómetros a norte de Teerão, as casas não são apenas construídas na montanha, mas são esculpidas nela. Construído com cinzas vulcânicas e detritos vomitados durante uma erupção do Monte Sahand, essas estruturas rochosas foram comprimidas e moldadas por forças naturais em pilares em forma de cone contendo bolsões que foram sendo corroídos pelos elementos da natureza, ao longo dos anos em suas formas atuais.
A maioria das casas tem dois ou quatro andares de altura., sendo o rés-do-chão aproveitado para palheiro de animais. Segundo uma lenda iraniana os primeiros habitantes de Kandovan refugiaram-se ali, há séculos, para fugir aos ataques e investidas do exército mongol invasor. Outro aspeto interessante desta aldeia é o fato de que a rocha atua como um material eficiente em energia, mantendo as casas frescas durante o verão e quentes durante o inverno. É por isso que a maioria dos habitantes aqui não usa aquecedores ou sistemas de ar condicionado, pese embora a aldeia, atualmente já possua eletricidade.
Por sua vez as ruas de Kandovam são muito estreitas e íngremes, sendo muitas delas constituídas por degraus, assim como as entradas das casas que, geralmente possuem apenas uma porta.
No recenseamento de 2006, a população da aldeia era de 601, em 168 famílias, que vivem sobretudo da agricultura e da criação de ovelhas. Atualmente tem-se desenvolvido o turismo, tendo sido, recentemente, construído um hotel foi construído, inspirado e ligado não só à arquitetura como também ao estilo de vida da população, aos seus costumes e gastronomia, o "Rocky Hotel" que apresenta belos interiores de cavernas com espaços de estar muito confortáveis.
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Terça-feira, 16.01.18
João Joaquim Fagundes Júnior, filho de António Lourenço Fagundes e de Maria de Jesus Fagundes, neto paterno de José Lourenço Fagundes e de Mariana Joaquina de Jesus e materno de António Joaquim Fagundes e de Policena Joaquina da Silveira, nasceu a 18 de Outubro de 1902, na freguesia da Fajã Grande, Concelho das Lajes, ilha das Flores, Açores. Foi baptizado na igreja paroquial da mesma freguesia, pelo vigário Joaquim Ferreira Campos, onde também fez a primeira comunhão. Crismou na mesma igreja, em 1925, a quando da visita pastoral às Flores, do bispo diocesano, D. António Augusto de Castro Meireles, sendo seu padrinho, Manuel Luís de Fraga, na altura, aluno do Seminário de Angra. Casou na igreja paroquial da Fajã Grande, com Angelina da Natividade Fagundes, no dia 28 de Maio de 1938, oficiando o casamento, o pároco padre Manuel de Freitas Pimentel. Deste casamento nasceram seis filhos: José, Maria, António, Carlos Vitória e Francisco. Faleceu em 16 de Janeiro de 1966, na Casa de Saúde de São Rafael, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, de Angra do Heroísmo, ilha Terceira e, após a missa cantada pela capela do Seminário de Angra e de corpo presente, seguida de solenes exéquias na capela de São João de Deus, presididas pelo Reitor daquele Seminário, cónego Dr Artur Pacheco Custódio, foi sepultado, nesse mesmo dia, no cemitério municipal da cidade de Angra do Heroísmo.
João fez a instrução primária na Fajã Grande, tendo aprendido apenas a ler e a escrever, sem, no entanto, fazer o exame final. O excessivo trabalho em que já se envolvia, apesar de criança, e a manifesta de falta de tempo e de dinheiro impediram-no de se deslocar a Santa Cruz, onde aquele exame era feito. Aos onze anos já trabalhava nos campos e tratava dos animais. Ainda criança aprendeu com o pai, a cavar, a lavrar, a sachar, a semear, a plantar, a estrumar, a ordenhar e a realizar todo o tipo de trabalho relacionado com o amanho da terra e tratamento do gado.
Com a doença e idade avançada do seu progenitor, sessenta anos mais velho do que ele, e depois da partida para a América de todos os irmãos, João passou a ser o único responsável por todo trabalho agrícola das terras que o pai possuía, assim com do tratamento dos animais bovinos que criava. Durante muitos anos e após o falecimento do pai, João ainda teve a seu cuidado a mãe idosa e acamada e uma irmã doente mental. Ambas foram tratadas por ele, mais tarde com a ajuda de Angelina, com carinho, dedicação e cuidado, mesmo após a chegada dos filhos.
João foi um agricultor sábio, competente e trabalhador. Conhecia como ninguém as sementes, as plantas, os arbustos, as árvores e até todas as mondas e ervas daninhas. Lia nos astros e nas nuvens informações sobre sementeiras e colheitas. Tanto se orientava pelo vento, como pela chuva ou pelo Sol e pelos musgos das paredes. Apesar do muito trabalho, nas horas vagas, João, enquanto jovem, dançava nos arraias e danças de carnaval, cantava em festas e foi folião do Espírito Santo, sendo-lhe entregue o papel de actor principal, na encenação de uma peça de teatro, ensaiada e apresentada na Casa do Espírito Santo de Cima, nos anos trinta.
Mas João não se limitava a trabalhar nos poucos campos que o pai lhe deixara. A fim de garantir qualidade no sustento e alimentação dos filhos e sonhar com um futuro melhor para eles, arroteou espaços bravios e desbravou terrenos incultos, transformando uns e outros em campos aráveis. Do Mimoio arrancou pedras, partiu calhaus, juntou pedregulhos e transformou aquele andurrial num dos melhores cerrados de milho da freguesia. Na Cabaceira cortou incensos, arrancou faias, levantou paredes e construiu bardos, no meio dos quais plantou árvores de fruta e cultivou inhames. Nas Águas juntou as pedras caídas da rocha, com elas fez maroiços, transformando aquelas encostas escarpadas em pastagens de relva verdejante. No Pocestinho arrancou cana roca, cortou “feitos” de modo a que aquele recôndito e inculto terreno produzisse incensos para o gado e lenha para o lume. Como se isso não bastasse ainda arrendou uma quinta na Cancelinha, considerando que as laranjas ali produzidas seriam um manancial de saúde e fortaleza para os filhos.
A casa que os pais lhe haviam deixado era pobre, velha, fria e descaída. João economizou, criou gueixos para vender e com esse dinheiro assoalhou a cozinha e tabicou a sala e o quarto, tornando-a mais confortável e acolhedora. Com a venda de outro boi canalizou água, colocando uma torneira na cozinha e uma pia de lavar roupa, no pátio traseiro, contíguo à casa, evitando, assim, que a filha continuasse a ir lavar à ribeira.
João, embora, a maior parte das vezes, comprando fiado, nunca ficou a dever nada nas lojas, pagando sempre o que comprava, Era leal nos seus contractos, honesto nos seus negócios, fiel aos seus compromissos, humilde nas suas atitudes, nunca faltando à palavra dada ou à promessa feita. Não ofendia, não intrigava, não fazia guerrilhas, nem enveredava por mexeriquices ou confusões. Ocupava-se com a sua vida, com o seu trabalho, com os seus filhos, com os seus problemas e com a sua precária saúde. Isso lhe bastava.
João, com a sua vida e o seu trabalho, apesar de pobre, deixou aos filhos o mais belo testemunho de honestidade, de nobreza de carácter, de dignidade, de singeleza, de correcção e de bons costumes.
Mas o infortúnio havia de o marcar. Para além de ter que se deslocar à Terceira, a fim de ser operado ao estômago, foi acometido de uma estranha e preocupante doença mental por três vezes, sendo que, outras tantas, foi internada na Casa de Saúde de São Rafael, em Angra do Heroísmo. Mas mesmo aí, João foi sempre um modelo de bondade e simplicidade, granjeando a amizade e a simpatia não apenas dos religiosos que ali trabalhavam, mas também e sobretudo dos outros doentes que, como ele, sofriam o infortúnio daquela terrível e desgastante maleita.
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Segunda-feira, 15.01.18
Manteigas é uma das interessantes e belas vilas de Portugal. Encafuado num enorme vale, nos contrafortes e faldas da Estrela, a origem do seu nome assim como o do seu fundador, continuam a constituir um enigma de difícil decifração. Segundo algumas lendas consta que o imperador romano Júlio César terá passado por ali, à frente de um vitorioso exército, nos anos que antecederam a romanização da Península. A origem do povoamento será, no entanto, idêntica à das terras circunvizinhas que assentaram raízes em volta das encostas e nos vales da Serra conhecida naquelas recuadas época por Montes Hermínios, onde pastoreou o valoroso herói lusitano Viriato.
O primeiro foral de Manteigas data de 1188, e foi concedido pelo rei Povoador. D. Manuel I concedeu-lhe novo Foral em 1514.
Manteigas é o concelho mais pequeno do Distrito da Guarda tem apenas 4 freguesias, as de Santa Maria e São Pedro na vila e as do Sameiro e de Vale de Amoreira nos andurriais da Serra, à volta da qual se organiza toda a atividade económica do concelho, onde predominou durante muitos anos o pastoreio e as indústrias derivadas – lanifícios e lacticínios, mas possui privilegiadas condições naturais, ecológicas e paisagísticas que deslumbram os visitantes.
Como todo o distrito da Guarda Manteigas é de grande altitude, apesar de se localizar numa cova do vale glaciar por onde corre o rio Zêzere. Por todo o seu território, sucedem-se os socalcos cultivados, as courelas arborizadas e os penhascos que de forma abrupta descem sobre a vila. A serra da Estrela marca de forma definitiva a vida dos habitantes do concelho, que foram obrigados a moldar-se às condições do clima e do relevo.
Existem por todo o concelho e, sobretudo, na vila de Manteigas, muitos vestígios arqueológicos que atestam a antiguidade do povoamento da região Há também alguma toponímia que confirma com essa antiguidade: Campo Romão, Crasto, Persoltas entre outros. Existem também algumas lápides romanas e muitas outras desapareceram, outras ou foram aproveitadas em edificações religiosas posteriores.
Nos inícios do século XVIII, Manteigas tinha cerca de três mil habitantes, número que não incluía a actual freguesia de Sameiro, pois esta pertenceu até 1835 ao concelho da Covilhã. As duas igrejas paroquiais, de S. Pedro e Santa Maria, eram de padroado real e da comenda de Cristo. A câmara era constituída por dois juízes ordinários, vereadores, um procurador do concelho, um escrivão da câmara e um tabelião judicial. Manteigas tinha nessa altura uma companhia de ordenanças
As invasões francesas não marcaram o concelho como outros. Mesmo assim, há aquela notícia que refere o sítio da Figueira Brava como o local onde um destacamento militar francês, que fugira pelo vale do Zêzere, por Valhelhas, foi interceptado. Em Manteigas, em Fevereiro de 1847, esteve cercado o general Póvoas, durante a revolta da Maria da Fonte. Mas conseguiria escapar pela serra, o intrépido militar, que havia de ser homenageado com a inauguração de uma rua com o seu nome.
Como muitos outros do país, o concelho de Manteigas foi extinto em 1896, restaurado em 1934, ano em que foi finalmente definida com precisão a sua área.
Para além da agricultura e da pecuária, ultimamente o turismo tem desempenhado um papel fundamental na economia de Manteigas. Os motivos são óbvios e estão relacionados com as belezas paisagísticas proporcionadas pelo enquadramento do concelho situado no coração da serra da Estrela.
NB – Dados retirados do Site da CMM
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Domingo, 14.01.18
"A galinha da minha vizinha é mais gorda que a minha"
Este era um provérbio muito utilizado outrora na Fajã Grande com a intensão de transmitir a ideia de que a maioria das pessoas nunca estão satisfeitas com as coisas que possuem ou lhe são proporcionadas, e acreditam que os bens ou os dons dos outros são sempre melhores do que os seus.
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Sábado, 13.01.18
Na Fajã Grande como em tantas outras localidades usava-se antigamente e ainda hoje se usa a expressão “onde Judas perdeu as botas”, com a intenção de se referir ou designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.
Afinal o que será isto das Botas de Judas?
A expressão parece estar ligada e ter a sua origem numa pequena estória, muito provavelmente baseada nos evangelhos apócrifos, e que nos contavam os nossos avoengos. Segundo esta espécie de lenda, após trair Jesus, identificando-O perante os Seus inimigos com um beijo, Judas foi-se enforcar numa árvore, mas descalço, uma vez que havia escondido o dinheiro que ganhara por ter entregue o Mestre dentro das suas botas.
Quando, mais tarde, os soldados encontraram Judas enforcado, vendo que estava descalço, saíram desesperados em busca das botas e do dinheiro que dentro delas havia escondo - 30 moedas de ouro. No entanto, concluía a lenda, nunca ninguém encontrou o dinheiro, nem sequer ficou sabendo o lugar onde Judas escondera as botas.
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Sexta-feira, 12.01.18
A quinze quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Fajãzinha é provavelmente uma das menos habitadas freguesias de Portugal. Tem apenas cem habitantes, um número que em meados do século se mantinha praticamente igual. Não é, apesar de tudo, a menos povoada deste concelho, pois Mosteiro tem ainda menos habitantes (cerca de metade!). Encontra-se na costa ocidental da ilha, ao sul da freguesia de Fajã Grande.
Encontra-se num planalto, irregular, que esconde quatro enormes mas lindas crateras: Lagoa Funda, Lagoa Comprida, Lagoa Branca, Lagoa Seca. A primeira destas crateras faz jus ao seu nome. Tem uma profundidade de mais de cem metros.
Atravessa a freguesia a Ribeira Grande, a maior corrente de água da ilha das Flores. Forma no seu percurso uma belíssima cascata com mais de trezentos metros. Uma beleza diabólica, afinal, já que a sua força provocou no passado graves problemas a nível de inundações. Muitas vezes, as fortes chuvadas tornam o vau intransponível. Aqui existiu uma ponte em madeira, que em 1964 viria a ser devorada por assustadoras enchentes.
Em termos administrativos, Fajãzinha pertenceu sempre ao concelho de Lajes das Flores. Quando este foi suprimido, em 1895 e até 1898, transitou para o de Santa Cruz, o outro concelho desta ilha. A nível eclesiástico, a paróquia foi instituída em 1678.
A igreja paroquial, de relativamente grandes dimensões, tem três naves, divididos por cinco arcos, e uma torre sineira. É dedicada a Santo António e foi edificada em 1778, no local de uma antiga capela seiscentista. A casa do Espírito Santo do Rossio, por seu lado, abriu ao público em 1864.
A garagem dos Torreiros merece também uma curiosa referência. Ainda há não muitos anos, era o ponto de partida e de chegada obrigatório para quem se deslocava à freguesia. Foi o primeiro autocarro das Flores e o segundo veículo a quatro rodas da ilha. Em frente da garagem, inicia-se o caminho que vai ligar à Rocha da Figueira. Muito íngreme, parece em certos troços uma escada em pedra. Quase no final da descida, atinge-se a Lagoinha, um sugestivo pául recheado de ervas, resíduos de inhames e com as margens alagadiças e pantanosas.
Toda a freguesia é de um pitoresco extraordinário. De uma beleza sem par. De um encanto que só um poema saberia traduzir. João Vieira, no entanto, tentou e conseguiu. Sobre a Fajãzinha, diz assim: “Na encosta íngreme do vale, a mão do homem, com muito suor, construiu a sua igreja e as casas, abriu o caminho onde penosamente deslizaram “corsões” (zorras), meio de comunicação com o resto da ilha. Admirável exemplo da implantação no terreno em harmonia com a paisagem. Visto do alto, o casario, talvez por ciúme, corre para o mar, acompanhando a Ribeira Grande, que por mais de quatro séculos abasteceu de aguadas a navegação que sulcou os mares entre o Velho e o Novo Mundo. Entre searas de milho que circundam o casario branco, uma estrada de asfalto negro serpenteia entre a verdura. Se o paraíso bíblico tivesse existido à beira-mar... bem poderíamos pensar que este recanto lhe pertenceu...”.
Sobre os monumentos mais importantes da freguesia, a igreja paroquial, a casa do Espírito Santo e os velhos moinhos de água, refere o esforçado autor: “Uma bela fachada de uma igreja de aldeia sobranceira ao mar, eternamente admirando o oceano, ora sereno e sonhador nas noites de luar, ora tempestuoso nas fúrias dos temporais. Santo António, patrono das causas difíceis e perdidas, é aqui venerado, e a sua protecção era evocada pelos mareantes; A coroa do Espírito Santo, a grande devoção das gentes açoreanas, ladeada por dois ceptros do Império e pela pomba esvoaçante, que é também elemento das armas da região. As estrelas circundantes simbolizam os dons e as graças do Divino; Moinho de água que há mais de um século mói o grão que o homem regou com o suor do rosto. É o último sobrevivente do ciclo dos cereais nesta freguesia, moendo também para outras localidades da ilha”.
Este moinho, referido por João Vieira em “Viagens na Nossa Terra”, é o mais acessível à visita do viajante. Encontra-se na ribeira da Alagoa, junto à estrada, e continua ainda a trabalhar. O engenho é duplo, ou seja, com dois moinhos na mesma casa.
A agricultura é a principal actividade da centena de habitantes da Fajãzinha. Poucas mais actividades económicas existem aqui, numa população envelhecida que vai resistindo da forma como pode. Os saudáveis ares daqui ajudam concerteza, mas também a alimentação que a terra dá. Há alguns anos, era famosíssima a fruta que se produzia nesta freguesia.
Em termos de artesanato, hoje só há fabrico de miniaturas em cedro e tapetes em casca de milho. No passado, a Fajãzinha celebrizou-se pelos seus vimes, que os artesãos entrançavam a formar valiosas peças de mobília e outras de alfaias ou para a agricultura. Hoje encontram-se ainda, mas só com um bocado de sorte. LAJES DO PICO.
População: 102
Actividades económicas: Agricultura, pecuária e pequeno comércio
Festas e Romarias: Nossa Senhora dos Remédios (último domingo de Agosto), Espírito Santo (sete domingos após a Páscoa), festa da Filarmónica (2.º fim-de-semana de Julho) e festa do Patrocínio (2.º domingo de Novembro)
Património: Igreja matriz, impérios do Espírito Santo e moinhos de água
Outros Locais: Cascata da Ribeira Grande, cascata do Ferreiro, poço da cascata do Ferreiro e miradouros da Fajãzinha
Gastronomia: Sopa de agrião de água, inhame com linguiça, folar da Páscoa, filhós do Entrudo e molhos de dobrada
Artesanato: Miniaturas em cedro e tapetes em casca de milho
Colectividades: Sociedade Filarmónica, União Operária Nossa Senhora dos Remédios e Clube Desportivo
Orago: Nossa Senhora dos Remédios,
in Almanaque Açoriano.
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Quinta-feira, 11.01.18
O arquipélago dos Açores entrou definitivamente na moda com um turismo sustentável que faz inveja a muitos. O CM partilha com os leitores uma seleção de atividades e de cenários idílicos em cada uma das nove ilhas. Neste mesmo artigo vai encontrar novidades e pontos de interesse que não estão nos guias turísticos e segredos das suas gentes que gostam de receber quem é de fora. Apesar destas ilhas se fundirem numa só região e de terem pontos em comum, a verdade é que cada uma destas terras vulcânicas, nascidas em pleno oceano Atlântico, é única no seu jeito de ser, na sua cultura e tradições e até na sua pronúncia. O tempo é instável e por vezes as chuvas interrompem as férias, mas nós garantimos: o mar quente e cristalino, a natureza verde e virgem e as dezenas de cascatas que cintilam nas rochas de São Miguel às Flores fazem com que uma viagem pelas ilhas sejam uma experiência inesquecível.
Flores É difícil ficar indiferente às cascatas das Flores. Por toda a ilha há nascentes a descer pelas encostas que chamam a atenção até do visitante mais distraído. Não é por isso de estranhar que esta ilha concentre a maioria dos percursos de canyoning dos Açores (40 em 100). Se preferir umas férias com menos adrenalina, mas igualmente emocionantes, pode sempre nadar no Poço do Bacalhau e fazer uma caminhada até ao éden... o Poço da Ribeira do Ferreiro, ambos na freguesia da Fajã Grande. A volta à ilha de barco é uma viagem que não pode perder. Grutas, cascatas que caem a pico sobre o mar e dezenas de ilhéus fazem as delícias de pequenos e graúdos. Aproveite para tirar uma foto no ponto mais Ocidental da Europa: o Ilhéu do Monchique (Na Europa continental é o Cabo da Roca). Se não tiver tempo de visitar as sete lagoas da ilha, o melhor é ir direto à lagoa Negra e Comprida que, lado a lado, formam um cenário idílico. O miradouro Craveiro Lopes é dos mais bonitos. A partir daqui vê o verde vale da Fajãzinha. Na Fajã Grande há um moinho de água onde pode assistir à moagem do milho. Se gostar de campismo, pode fazê-lo na Alagoa, na freguesia dos Cedros. Aqui pode nadar junto a vários ilhéus e ainda observar o vizinho Corvo. A mais recente piscina natural das Flores chama-se Salemas. Coloque os óculos de mergulho e prepare-se para isto: peixes de várias cores, búzios e estrelas do mar que forram as pedras de vermelho.
Corvo O maior segredo do Corvo fica dentro de uma cratera de um vulcão extinto. Chama-se Caldeirão, fica no cimo da ilha e dizem os locais que nestes pequenos montes e lagoas estão retratadas as nove ilhas. A mais pequena ilha dos Açores é cada vez mais procurada pelos birdwatchers, tanto que, em outubro, as viagens para lá estão esgotadas. É neste mês que as aves cruzam o Atlântico. O Caneiro dos Meros é um dos lugares de mergulho mais procurados de Portugal. Aqui pode conviver com afáveis peixes que disputam por atenção. Da Ponta Negra vê a vizinha ilha das Flores.
In CM Ao Minuto
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Quarta-feira, 10.01.18
O Site de aluguer de casas para férias nos Açores, faz a apresentação da freguesia da Fajã Grande, ilha das Flores, nestes termos:
"Faja Grande é a cidade de verao dos Florentinos com o seu balneario e a prainha de areia preta favoravelmente situada do lado oeste da ilha com um verão muito gostoso
E uma cidade preservada da Ilha das Florès, tipica e com infrastrutura simples e rustica com uma igreja, um hotel, varios restaurantes e minimercados, uma loja de arte, um centro de mergulho .
Fica a 17km do Aeroporto, 3 Km da Aldeia da Cuada e 2 km da Ponta da Faja Grande
E o ponto de partida das mais bonitas trilhas da ilha."
E mais não diz, dizendo demais,,,
"
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Terça-feira, 09.01.18
(TEXTO RETIRADO DO BLOGUE "VIAJAR. PORQUE SIM"
Fica na costa ocidental da ilha aquela que para mim é a localidade mais bonita das Flores: a Fajã Grande. Foi aqui que ficámos alojados, e foi mesmo a melhor escolha, tanto pela qualidade do alojamento em si como pelo cenário que a envolve. É um lugar único! De um lado uma enorme falésia coberta de verde, do outro o mar bravio que se desfaz em espuma nas rochas negras e baixas que contornam todo aquele pequeno e muito recortado pedaço de costa.
Aqui, junto às piscinas naturais que se formam entre as rochas – e que uma plataforma irregular cimentada transforma em zona balnear quando o tempo bom convida – é o ponto mais ocidental da Europa onde podemos chegar a pé. E daqui vê-se o outro ponto mais ocidental do continente, o geográfico: o ilhéu Monchique, um simples rochedo basáltico com uns 30 metros de altura e a forma de uma vela latina, isolado no oceano, batido pelo vento e pelas ondas.
Apesar do nome, a Fajã Grande é uma aldeia pacata com pouco mais do que uma rua principal, meia dúzia de outras pequenas ruelas e uma estrada marginal junto à costa. Subimos por uns degraus de pedra meio toscos até ao Miradouro da Cruz.
Avista lá de cima é soberba: os telhados laranja alternam com os rectângulos verdes dos campos de pasto e cultivo, delimitados por muros de pedra. No meio das casas baixas destaca-se a Igreja de São José, branca e debruada a cinza-escuro, e o mar azul manchado de espuma branca completa a paisagem.
Na rua cruzamo-nos com mais estrangeiros do que portugueses, mas o ambiente é tranquilo. Ali não há enchentes de pessoas nem confusão. As casas são de traça simples, na sua maioria brancas, algumas ainda de pedra, outras pintadas de cores várias.
Ficam-me os olhos e o coração numa delas que parece desabitada e já tem alguns vestígios de degradação. É maior do que as outras e tem um estilo rebuscado, com uma espécie de torre e varandas de ferro forjado ou pedra. Não me importava nada se fosse minha, e é uma pena estar ali assim, com aquele aspecto de abandono e sem ninguém que a recupere. Apesar do isolamento da ilha e da típica instabilidade do clima nos Açores, acho que conseguiria viver e ser feliz aqui.
A Igreja de São José está aberta e podemos entrar à vontade. É pequena e simples, mas o seu interior está bem cuidado – madeiras envernizadas, retábulos dourados, arranjos de flores nos altares. O baptistério é muito bonito e fora do comum, com mosaicos antigos, móveis de madeira, a pia de mármore branco a destacar-se ao centro, iluminada pela luz coada através do cortinado leve que cobre a janela.
Merendário é o nome que aqui dão aos parques de merendas, e na Fajã Grande há dois. Um deles fica em frente às piscinas naturais, junto ao parque de campismo, e está bem apetrechado com grelhadores e lava-louças. Infelizmente, o tempo e o mar não convidavam a mergulhos nem piqueniques. Mas convidavam a matar a fome, e ali mesmo ao lado está a Barraca q’Abana, onde fazem umas bifanas de comer e chorar por mais – até eu, que evito comer carne, tive de me render a elas, devidamente complementadas depois com uma bela e absolutamente deliciosa fatia de bolo de coco (sou gulosa, confesso…).
E já que estou a falar de comida, por estes lados come-se realmente bem – ou não estivéssemos nós em Portugal. Na rua principal, o Jonah’s foi outro dos restaurantes onde comemos. É um restaurante pequeno, por isso convém passar por lá mais cedo para reservar e, já agora, para saber quais os pratos do dia e criar apetite. A comida é caseira, simples e saborosa, e a oferta depende do que encontram à venda, pois usam sobretudo produtos frescos. O meu conselho? Apostem no polvo. Foi o que eu escolhi, e estava uma maravilha!
Para quem vai à Fajã Grande, é impossível passar despercebida: a cascata do Poço do Bacalhau vê-se ao longe, caindo pela falésia imponente do alto dos seus 90 metros. E como é bonita! O acesso faz-se por um caminho de pedra bem cuidado e protegido por uma vedação de troncos de madeira, passando por alguns moinhos de água em ruínas, até chegarmos à pequena lagoa natural formada pela água que escorre da parede rochosa. É possível tomar banho, mas o dia não estava suficientemente quente (pelo menos não para mim, que sou friorenta). Contentámo-nos em ficar por ali a apreciar o local, a tirar fotografias e a saltar sobre as pedras do ribeiro, com o ruído da água como fundo e o verde da vegetação endémica a rodear-nos. Aqui e acolá já se viam alguns tufos de hortênsias brancas ou azuis, apesar de ainda não ser a época alta da sua floração.
É no Poço do Bacalhau que termina (ou começa, para aqueles que gostam de “trepar”) um dos vários trilhos pedestres da ilha das Flores. Liga o planalto das lagoas à Fajã Grande, mas não é um trilho fácil, sobretudo quando o tempo está húmido.
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Segunda-feira, 08.01.18
Demandou o Seminário de Angra, um ano depois de mim, por isso, embora pertencendo a cursos diferentes, convivemos, conjuntamente, durante algum tempo, pelo que ainda guardava dele aquela inapagável imagem de um jovem sorridente, bondoso, amigo, correcto, educado, humilde e trabalhador. Natural os Ginetes onde reside actualmente, depois de fazer uma boa parte da sua formação académica no SEA, emigrou para os Estados Unidos, onde trabalhou e realizou o seu percurso profissional, com nobreza e dignidade. Regressou aos Açores e aos Ginetes, sendo actualmente colaborador do jornal Correio dos Açores, escrevendo para outros jornais, como o Atlântico Expresso, etc. Mas o que mais o motiva actualmente é o trabalho e as diversas actividades e eventos em prol do progresso e do desenvolvimento da terra que o viu nascer e nos quais se envolve de alma e coração. Criou inclusivamente no You Toube o “Canal dos Ginetes”, onde se podem visionar inúmeros vídeos sobre a dinâmica vida da freguesia dos Ginetes, a todos os níveis.
No Encontro foi um excelente e dinâmico companheiro, participando, com a sua simplicidade, sobriedade, empenho e alegria em todas as actividades, revelando, em tudo o que participava, um brio contagiante, uma dignidade imponente e um prestígio salutar. Mas foi, sobretudo, a sua humildade e o seu espírito de camaradagem e amizade com todos o que ainda mais prestigiou a sua presença, fazendo dele mais um dos “Senhores” do Encontro. Além disso fotografou, registou e filmou quase tudo, tendo já publicado no “Canal dos Ginetes” um vídeo sobre o jantar do primeiro dia, no antigo refeitório do Seminário. Também escreveu e publicou, no passado dia 16 de Julho, um belo texto, no jornal Correio dos Açores, considerando o nosso “Encontro” como um dos momentos mais fascinantes da sua vida, acrescentando de seguida “…Tal como tantos outros, tive a honra de frequentar esta Instituição de prestígio, que em minha opinião assim como a da maioria daqueles que a frequentaram, foi a primeira verdadeira “Universidade dos Açores”. Lá se formaram grandes homens que serviram não só a Igreja mas igualmente a sociedade em geral nas mais variadas esferas da vida Açoriana.” Considera ainda, nesse artigo, que “o Seminário foi importante na formação pessoal dos jovens numa época em que a formação académica estava apenas ao alcance de um pequeno grupo de privilegiados”. E culmina, acrescentando que foi um “Encontro”: “…Maravilhoso o reencontro com amigos que na maioria não via há mais de quarenta anos, no mínimo, e a sensação ao entrar nesse edifício que sempre teve um lugar especial não só na memória mas igualmente no coração de todos nós que por lá passámos”.
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Domingo, 07.01.18
No programa "Apanha-me se Puderes" do pretérito dia 3, a TVI lançou a um concorrente a seguinte pergunta:
"Qual destes reis portugueses também foi Mestre de Avis:
a) Infante Dom Henrique;
b) D. João I;
c) D. Pedro IV;
d) D. Miguel."
Note-se que a pergunta resultou da troca de uma anterior com intenção de facilitar a vida ao concorrente. A anterior fora formulada nestes termos:
"Qual dos seguintes monarcas portugueses foi o primeiro imperador do Brasil:
a) Infante Dom Henrique;
b) D. João I;
c) D. Pedro IV;
d) D. Miguel."
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Sábado, 06.01.18
O Dia de Reis, segundo a tradição cristã, é aquele em que se se comemora que Jesus recém-nascido recebeu a visita de três Reis Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis".
A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, ainda, encerram-se para os católicos os festejos natalícios - sendo o dia em que são desarmados os presépios e por conseguinte são retirados todos os enfeites natalícios.
Em Portugal e na Galiza, o bolo-rei ou bolo de Reis possui grande tradição e é confecionado com um brinde e uma fava. A pessoa que encontra a fava deve trazer o bolo de Reis no ano seguinte. Por todo o país, as pessoas costumam «cantar as janeiras», «cantar os Reis» ou as «reisadas», de porta em porta. São convidadas a entrar para o interior das casas, sendo-lhes oferecidas pequenas refeições como doces, salgados, charcutarias, vinhos, etc. Neste dia eram também muito comuns os autos dos Reis Magos, peças de teatro popular.
Na Fajã Grande, outrora, quando o dia de Epifania ou de Reis era “Dia Santo Abolido” era costume grupos de crianças percorrerem as casas cantando os reis:
Os três reis do Oriente,
Sonharam, sonharam bem,
Sonharam que era nado
Um Menino em Belém…
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Sexta-feira, 05.01.18
Conta uma antiga lenda que D. Fernando quebrou o compromisso de casamento com a filha do rei de Castela quando se apaixonou por Leonor Teles. A recusa fez com que o rei castelhano desencadeasse uma guerra contra Portugal. Essa a razão porque o Minho foi invadido pelo adiantado da Galiza, D. Pedro Rodriguez Sarmento, que se bateu com D. Henrique Manuel, tio do rei português, nos arredores de Barcelos. Os portugueses foram derrotados e entre os reféns ficou D. Nuno Gonçalves, alcaide-mor do Castelo de Faria. D. Nuno receava que o seu filho entregasse o Castelo de Faria por o saber refém dos castelhanos e resolveu engendrar um estratagema: pediu ao galego D. Pedro que o levasse até aos muros do castelo para convencer o filho a entregar a fortaleza sem resistência. Chegados ao castelo, D. Nuno pediu para falar com o seu filho, D. Gonçalo, e convenceu-o a defender-se a custo da própria vida.
Os castelhanos, vendo-se traídos, mataram logo ali o velho alcaide e atacaram o castelo. D. Gonçalo, lembrando-se das palavras do pai, resistiu heroicamente aos ataques e levou os inimigos a desistirem da luta. Apesar de premiado pela sua coragem, D. Gonçalo pediu ao rei D. Fernando autorização para abandonar o cargo de alcaide e tornou-se sacerdote.
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Quinta-feira, 04.01.18
Vindo o lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho ;
E o pobrezinho lhe disse:
-Leva-me no teu carrinho.
Deu-lhe a mão o lavrador,
E no seu carro o metia;
Levou-o para a sua casa
Prà melhor sala que tinha.
Mandou-lhe fazer a ceia
Do melhor manjar que havia;
Sentou-o na sua mesa,
Mas o pobre não comia.
As lágrimas eram tantas
Que pela mesa corriam;
Os suspiros eram tantos
Que até a mesa tremia.
Mandou-lhe fazer a cama
Da melhor roupa que tinha:
Por cima damasco roxo,
Por baixo cambraia fina.
Lá pela noite adiante
O pobrezinho gemia;
Levantou-se o lavrador
A ver o que o pobre tinha.
Deu-lhe o coração um baque,
Como ele não ficaria!
Achou-o crucificado
Numa cruz de prata fina.
-Meu Jesus, se eu tal soubera,
Que em minha casa Vos tinha,
Mandava fazer preparos
Do melhor que encontraria.
-Cala-te aí, lavrador,
Não fales com fantasia.
No céu te tenho guardada
Cadeira de prata fina,
Tua mulher a teu lado,
Que também o merecia.
(Da tradição popular)
(Retirado do Livro de Leitura da 3ª classe, Ministério da Educação Nacional)
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Quarta-feira, 03.01.18
Ó tirana saudade.
Saudade, ó minha saudadinha,
Foste nada no Faial,
No Faial, batizada na Prainha.
Saudade onde tu fores,
Saudade, leva-me podendo ser
Que eu quero ir acabar,
Saudade, onde tu foras morrer
A saudade é um luto,
Um amor, um amor, uma paixão
É um cortinado azul
Que me cobre, que me cobre o coração
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Terça-feira, 02.01.18
Conta-se que antigamente, numa determinada floresta viviam muitos animais. Todos se reconheciam e relacionavam muito bem. Alguns até eram amigos íntimos.
Certo dia o rinoceronte decidiu dar uma festa para a qual convidou todos os animais, incluindo a zebra, de quem era muito amigo. Todos responderam e aceitaram o convite, preparando-se da melhor forma e escolhendo as melhores roupas para o festim. Todos menos a zebra que ou por capricho ou para assediar o rinoceronte aproximou-se dele e perguntou-lhe:
- Posso ir de pijama?
- Claro que podes – retorquiu o rinoceronte e acrescentou – Vem como quiseres.
E a zebra veio mesmo em pijama e assim participou alegremente na festa. Sentou-se à mesa, comeu, descansou, saboreou o sol, aspergiu sorrisos e alegrou-se por estar na presença do rinoceronte que não cabia em si de contentamento.
Consta que foi a partir desse dia que por toda a parte e sobretudo nas escolas, todos os anos há um dia em que se faz a festa do pijama. Imitando a zebra, nesse dia, todas as crianças deslocam-se para a escola simplesmente vestidas de pijama. Também por isso que se pensa, por vezes, qua afinal a zebra com as suas riscas pretas e brancas não é mais do que um burro vestido de pijama.
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Segunda-feira, 01.01.18
Todos anos alguns grupos de crianças percorriam todas as ruas da Fajã Grande, no primeiro dia do ano, com o objectivo de cantar “OS ANOS BONS”, junto das portas de quase todas as casas, excepção para as que estavam de luto ou tinham algum enfermo em estado grave. Estes grupos organizavam-se alguns dias antes e tinha como principal critério de formação a idade. Os mais velhos formavam grupos entre si e os mais novos procediam da mesma maneira. Em todos os grupos havia um chefe ou líder que tinham como funções principais formar, preparar e liderar o grupo e ainda a de receber o dinheiro e no fim o dividir equitativamente por todos os membros. No dia de Ano Novo lá iam pelas portas das casas, tocando gaita, ferrinhos e cantando, a fim de que a dona da casa desse uma moedita ou um copinho de licor ou um punhadito de figos passados.
Sempre integrei o grupo dos mais novos que alguns anos depois se desfez, sobretudo porque a maior parte abandonou a ilha com destino à América e ao Canadá. Recordo-me que o líder do meu grupo era o José Nunes, que morava na Fontinha, perto da casa da minha avó e tocava muito bem gaita. Era na loja dele que ensaiávamos e era lá também que terminado o périplo pela freguesia nos juntávamos para contar e dividir o dinheiro, sempre com grande rigor e sem trafulhices ou batota, Faziam parte do grupo para além do José Nunes e de mim, o Heitor, o José do Urbano, o José Tobias, o Antonino Lourenço e o José Gabriel.
Chegados juntos da casa cantávamos a primeira quadra desejando aos donos Bom Anos:
Anos Bons e tão Bons Anos,
Deus vos dê de melhorados,
Tudo isto passou Cristo
Perdoai nossos pecados.
Ó senhora dona da casa
Raminho da salsa crua
Lá aos pés da sua cama
Nasce o Sol e põe-se a Lua
Se a porta se abria logo, sinal de que nos haviam de dar alguma coisa, cantava-se esta quadra:
A senhora Mariquinhas
Assentada na cadeira
Parece um botão de rosa
Apanhado na roseira.
Se a porta demorava em abrir-se ou nem sequer se abria, sabendo nós que a dona estava em casa, cantavam-se estas:
Ò Senhora Mariquinhas
Meu raminho de tremoço
Venha-nos abrir a porta
Se não canto até ao’almoço.
Ò Senhora Mariquinhas
Coração de pedra dura,
Venha-nos abrir aporta
Estou co’a mão na fechadura.
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