PICO DA VIGIA 2
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A SÉ DE LAMEGO
A Sé Catedral de Lamego data do século XII. Trata-se de um majestoso e imponente monumento sagrado em 1175, dedicado a S. Sebastião e a Santa Maria. A sua conclusão, no entanto, só terá acontecido em 1191. Com o passar dos anos e as respetivas obras de remodelação que viria a sofrer, alterou-se, significativamente, o seu original perfil românico.
É um monumento religioso de grande interesse. A entrada tem um amplo adro lajeado - datado do século XVIII, com a fachada marcada pela grandiosa torre. Das várias dependências que se prolongam a Norte da fachada principal, destaca-se o antigo Paço dos Bispos - uma construção do Barroco setecentista que á várias décadas vem sendo ocupado pelo Museu de Lamego. Aqui guardam-se algumas das melhores obras de arte da Sé e de outros templos da região.
O deslumbrante interior da catedral é separado em três naves divididas em três tramos e cobertas por abóbadas de aresta, assentando em arcos de volta perfeita e pilares generosos. Os tetos, majestosamente pintados no século XVIII pelo pintor-arquiteto italiano Nicolau Nasoni, revelam perspetivas do barroco triunfante e com temas bíblicos. Nas naves laterais há vários altares barrocos.
Na capela-mor, pode-se observar um retábulo combinando mármores e talha dourada, assim como um neoclássico cadeiral de alto espaldar. As portas, janelas, arcos e os seus órgãos são decorados por pomposas estruturas de talha dourada. No altar principal do Santíssimo Sacramento também se pode apreciar um trabalhoso frontal de prata – obra-prima de um ourives portuense do século XVIII. No coro alto, pode-se observar um esplendoroso cadeiral com pinturas do século XVIII.
O claustro cardinalício é uma construção do século XVI, estando este dividido em dois pisos e na planta inferior da crasta estão duas imponentes capelas, onde numa delas se faz notar a sepultura de D. Manuel de Noronha, um dos mais importantes bispos da diocese de Lamego.
A Sé abre-se para um amplo adro lajeado, obra do século XVIII, com a fachada marcada pela robusta torre remodelada em Setecentos.
A fachada principal do templo foi reconstruída no reinado de D. Manuel I, combinando as formas do gótico flamejante e o tímido eclodir de algumas formas da Renascença. Com efeito, esta renovação da Sé episcopal começa no século XV e prolonga-se pelo seguinte. A campanha de obras da fachada realizou-se entre 1508 e 1515, de acordo com os planos do arquiteto João Lopes.
No piso térreo rasgam-se três portais ogivais, com o central de maiores dimensões, constituídos por diversas arquivoltas assentes em colunelos, decorados com esculturas de motivos vegetalistas e zoomórficos. Acima destes abrem-se janelões góticos, com o central de dimensões monumentais e repartido por pétreas molduras curvas. Os três panos da fachada são divididos por quatro contrafortes e rematados superiormente por pináculos cogulhados.
O bispado de Lamego está documentado desde muito cedo na História do Cristianismo peninsular, datando a primeira referência de 572, ano em que o bispo Sardinário esteve presente no II Concílio de Braga, pelo que a catedral começou a ser construído nos meados do século XII, por patrocínio parcelar de D. Afonso Henriques, sobre uma antiga capela dedicada a São Sebastião, esta mandada edificar pela condessa D. Teresa algumas décadas antes.
Do período românico resta a monumental torre que flanqueia a fachada principal pelo lado Sul. Durante a Idade Média, o conjunto edificado nas primeiras décadas da monarquia foi enriquecido com numerosos elementos, entre os quais algumas capelas funerárias, particularmente de membros do episcopado - casos de D. Paio, que instituiu a capela de São Sebastião em 1246; D. Domingos Pais, a quem se ficou a dever a Capela de Santa Margarida, em 1284; Nicolau Peres, deão, que patrocinou a Capela de Santa Marinha em 1299; ou D. Vasco Martins, que decidiu edificar a Capela de Santa Maria do Tesouro em 1302, entre muitos outros exemplos que poderíamos citar.
Nos inícios do século XVI, a igreja foi objeto de uma importante reforma. O arranque dos trabalhos anda atribuído ao bispo D. João de Madureira, que entrou na cátedra em 1502 e o resultado foi a principal obra manuelina deste sector do reino, reservada à fachada principal, elemento primordial de cenografia e de impacto visual a todos quantos se aproximavam da catedral. Os três panos da frontaria, que denunciam o interior em três naves, passaram a conter uma tripla entrada harmónica, composta por portais de arco apontado (o axial inscrito em seis arquivoltas e os laterais em três), profusamente decorados com capitéis vegetalistas de secção oitavada e intercolúnio preenchido com motivos fitomórficos. Na Idade Moderna, o conjunto catedralício foi aumentado e enriquecido com outras obras, como o claustro (do período maneirista) e a nova capela-mor (barroca, bastante profunda e revestida por retábulo-mor, dois órgãos e tribunas, construída a partir de 1742). O transepto é igualmente barroco e foi realizado imediatamente após a conclusão da capela-mor, decorrendo os trabalhos até 1771. Por essa mesma altura dava-se corpo à sacristia e aos vários retábulos que ornamentam ainda a maioria das capelas devocionais do interior.
Hoje, quinta-feira Santa, na Sé de Lamego assim como em todas as outras, celebram-se duas missas. De manhã a Bênção dos Santos Óleos de à tardinha a do Lava-pés.
Adaptado Folheto Infornativo e de: IPPAR /IGESPAR