PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
BARBAS DE MOLHO
Na Fajã Grande, antigamente, poucos eram os homens que usavam barba grande. Pontificava tio Mateus Felizardo. Apesar das barbas, na verdade, serem pouco comuns, ali, como em muitas outras localidades portuguesas, usava-se a expressão por as barbas de molho para significar que a pessoa em questão devesse ter paciência, ficar alerta, ser prudente. Mas esta expressão, por outro lado, também podia ser utilizada para qualificar alguém que se encontrasse parado, sossegado, num estado de tranquilidade: "Tira as barbas de molho e vamos ao trabalho!"
A origem desta expressão parece remontar à Idade Média e até à Antiguidade, tempos em que a barba era símbolo de honra e poder. Nesses tempos remotos, quando a barba de um indivíduo era cortada por outro, isso representava uma grande humilhação. Essa ideia chegou aos dias de hoje na expressão "deixar as barbas de molho", que significa ficar de sobreaviso, prevenir-se. Como a barba era tão importante na altura, colocá-las de molho seria então uma forma de proteger a própria honra.
Outra expressão também relacionada com barbas era uma sob a forma de provérbio "quando vires as barbas do teu vizinho a arder, põe as suas de molho", significando que todos devemos aprender com as experiências dos outros.
Outra expressão também muito utilizada era a de chamar barbas à China a um indivíduo desprezível, abominável.