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O CAVALO DE SERRAR LENHA

Quarta-feira, 08.08.18

Na Fajã Grande a lenha era fundamental na via e nos costumes da população, como que fazia parte do seu quotidiano. Quer o acender do lume, duas ou três vezes por dia, quer o dia semanal, geralmente a sexta-feira, em que se acendia o forno para cozer pão, quer por altura da matança, das festas e de outras ocasiões especiais, usava-se muitíssima lenha, de faia, de incenso, de pau branco, loureiro, sanguinho ou até de cedro ou de queiró. Por vezes até os garranchos de incenso retirados da manjedoura, após as vacas lhe comerem as folhas, bem como os milheiros e os sabugos eram utilizados como lenha.

Uma boa parte da lenha, trazida para junto de casa e armazenada em local próprio, era delgada, pelo que era, facilmente, partida à mão, se seca, ou, simplesmente picada com o machado. No entanto, muita lenha era resultante dos troncos e ramos de grossas árvores, cortadas para o efeito ou abatidas por já serem velhas, pelo que tinha que ser serrada e depois aberta, isto é, feita em lascas, a fim de que coubesse nas grelhas dos lares e, também, para que ardesse melhor.

Antes de ser picada com o machado os grossos troncos tinham que ser serrados em pequenos toros, para o que era necessário, para além da serra, um suporte especial, chamado cavalo de serrar lenha.

O cavalo de serrar lenha era uma estrutura de madeira, simples e primitiva mas muito funcional. Com quatro paus grossos, com cerca de um metro de cumprimento, formavam-se dois xis, sendo que o cruzamento deveria ficar numa das extremidades. Era esta parte que ficava para cima, enquanto as pontas mais compridas faziam de pés. Os xis eram ligados um ao outro, com tiras laterais de modo que tivessem grande resistência. Uma vez colocado em pé, o cavalo, o tronco que se pretendia serrar era colocado sobre os vês voltados para cima e resultantes dos dois xis, de forma a permitir que saísse uma num dos lados, ou seja, o pedaço do pau que se pretendia serrar e cujo tamanho se podia regular.

Na Fajã quase todas as casas tinham o seu cavalo de serrar lenha, construído, geralmente, pelo próprio proprietário. Quem o não tinha, quando precisava, pedia-o emprestado a um vizinho que nunca negava o empréstimo.

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publicado por picodavigia2 às 09:58





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