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O POVOAMENTO DA ILHA DAS FLORES

Terça-feira, 17.12.13

As duas ilhas do Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores - Flores e Corvo - foram as últimas a serem encontradas ou descobertas, o que terá acontecido no ano de 1452, quando do retorno da viagem de exploração de Diogo de Teive e seu filho, João de Teive, à Terra Nova. No início do ano seguinte, a 20 de Janeiro de 1453, D. Afonso V, rei de Portugal, fez a doação das ilhas de "Corvo Marini" ao seu tio, Afonso I, Duque de Bragança. Nesse documento de doação não é mencionada a ilha das Flores, uma vez que, à época, ainda não tinha nem este nem outro nome, sendo o Corvo considerado, apenas, um ilhéu deserto. As duas ilhas seriam doadas, anos mais tarde, ao Infante D. Henrique. Nesse testamento a ilha das Flores é designada por “ilha de São Tomás” e o Corvo “ilha de Santa Iria”. A actual designação de "Ilha das Flores", em uso desde 1474 ou 1475, deve-se, como é por demais sabido, à abundância de flores de cor amarela, os cubres que recobriam a ilha, cujas sementes possivelmente foram trazidas por aves migratórias desde a península da Flórida, na América do Norte.

O primeiro capitão donatário destas ilhas foi Diogo de Teive, passando a capitania a seu filho, João de Teive. Este cedeu-a a Fernão Teles de Meneses em 1475. Com a morte acidental de Teles de Meneses, a viúva deste, D. Maria Vilhena, que administrava as duas ilhas em nome do seu jovem filho, Rui Teles, negociou estes direitos com Willem van der Haegen. Foi este nobre flamengo, que por volta de 1470 havia chegado com avultada comitiva à ilha do Faial, depois de passar algum tempo na Terceira, resolveu fixar-se as Flores por volta de 1480, junto à foz da Ribeira da Cruz. Por essa altura ter-se-á começado a formar o primeiro lugar povoado da ilha, iniciando-se também o cultivo do pastel, planta tintureira, que no início do povoamento teve grande importância no desenvolvimento económico das ilhas açorianas. Willem van der Haegen permaneceu nas Flores apenas durante dez anos, findos os quais resolveu deixar a ilha, devido ao isolamento e à dificuldade de comunicações com as outras ilhas, indo fixar-se em de São Jorge.

Mais tarde, D. Manuel I faz doação da capitania-donatária a João da Fonseca, o qual, em 1504, retomou o povoamento da ilha, com elementos vindos da Terceira e da Madeira, aos quais se juntaram, por volta de em 1510, muitos indivíduos, oriundos de várias regiões de Portugal, sobretudo do norte. Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família a ocupar e trabalhar a parte de terra que lhe coubera, com base na cultura de trigo, cevada, legumes e na exploração da urzela e do pastel. A primeira povoação a mais crescer, a se desenvolver e a transformar-se em vila foi as Lajes, que recebeu carta de foral em 1515, com uma população, na altura, muito superior à de Santa Cruz. À vila das Lajes estavam subordinadas todas as restantes localidades da ilha das Flores.

Em meados de século XVI, muito provavelmente toda a ilha já seria povoada, sendo a sua população de cerca de 1300 habitantes. Crê-se que por essa altura terão chegado os primeiros colonos ao lugar da costa ocidental que hoje se chama Fajã Grande. No entanto, só no final do mesmo século e início do seguinte se terá fixado aí um grupo populacional fixo, originando um povoado que pertenceu à freguesia das Lajes, até 1676. Nessa altura passou a integrar e a ser um lugar da freguesia das Fajãs, tornando-se freguesia autónoma em 4 de Abril de 1861. Segundo Gaspar Frutuoso, no início do povoamento da ilha, as pessoas andavam descalças, as casas eram de palha, não havia caminhos e os contactos com as outras ilhas eram muito raros.

 

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publicado por picodavigia2 às 16:55





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