PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
AO MENINO
(Poema de Valério Florense)
Jesus, eu tenho um presépio
Já pronto para o Natal
Como aquele onde nasceste
Em Vosso corpo mortal.
Um presépio com bonecos,
Todos de barro grosseiro,
Muitas casas e uma igreja
Com torre, sino e sineiro.
Sobre uma gruta pequena
Feita de pedras escuras
Pus um anjo com fita:
- “Glória a Deus nas alturas.”
Dentro da gruta há o jerico
Com o seu boi manso ao lado.
E a manjedoura com palha
Onde haveis de estar deitado,
E não me esqueceu o galo
De bico aberto, a cantar –
No mais alto do presépio
Já se encontra em seu lugar.
Mais ao lado fica a aldeia
- Casas amaldiçoadas
Onde Jesus encontrou
Todas as portas fechadas! –
À gruta vão dar caminhos,
Por onde os pastores vêm,
Com seus cordeiros às costas,
Tal e qual como em Belém.
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Tal e qual como em Belém,
Um presépio a preceito,
Dizei-me, Jesus Menino,
Se não estais satisfeito
De todo não?! – E eu entendo
Muito bem, Vossas razões:
Os homens dão-Vos presentes
Mas vós buscais orações.
Vila Franca, Dezembro de 1959
Valério Florense, Caminhos