PICO DA VIGIA 2
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ARTUR GOULART HOMENAGEADO PELA CÂMARA DE ÉVORA
A Câmara Municipal de Évora vai homenagear o Dr Artur Goulart de Melo Borges, numa cerimónia solene que terá lugar no próximo dia 29 de Junho, “Dia da Cidade de Évora” entregando-lhe a Medalha de Mérito Municipal “Classe Prata”, como reconhecimento “… pelo seu contributo inigualável nas áreas da cultura em geral e da história da arte em particular, nomeadamente em Évora e no Alentejo, assim como pela sua qualidade humana e de investigador…”
Artur Goulart de Melo Borges nasceu na vila das Velas ilha, de São Jorge, em 12 de Abril de 1937. Após fazer os estudos primários naquela vila, matriculou-se no Seminário de Angra, estabelecimento de ensino que frequentou durante quase toda a década de cinquenta. Após terminar o Curso de Teologia, naquela instituição, em 1958, ausentou-se para Roma, onde frequentou o Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã e o Pontifício Instituto de Liturgia, licenciando-se em Arqueologia e Liturgia. Após o seu regresso aos Açores, em 1961 leccionou no Seminário Episcopal de Angra as disciplinas de Desenho, Arte, História da Arte e Liturgia, altura em que, durante alguns anos, assumiu, simultaneamente, o cargo de redactor do jornal «A União», sendo director o Dr Cunha de Oliveira, tendo, nessa qualidade incentivado a implementação e publicação do suplemento cultural e literário «Glacial», acontecimento marcante na cultura açoriana.
Alguns anos depois mudou a sua residência para a cidade de Évora, fez a pós-graduação em Museologia e História da Arte e frequentou o Curso Superior Livre de Estudos Árabes, da Universidade de Évora, tendo-se dedicado ao estudo da epigrafia árabe em Portugal. Nesse âmbito, colaborou no Catálogo da exposição “Portugal Islâmico”, 1998-1999, do Museu Nacional de Arqueologia. Publicou as inscrições de Évora, Beja e Moura e participou no projecto “Bibliografia crítica luso-árabe”, da Universidade de Évora. Técnico do Museu de Évora de 1979 a 1999, exerceu o cargo de director durante sete anos. Participou em congressos, seminários e publicações sobre estudos árabes, património artístico e cultural, etc. Foi professor na Universidade Católica, onde leccionou algumas aulas num mestrado sobre Peritagem de Arte.
. Desde Março de 2002, é o coordenador científico do Inventário do Património Artístico Móvel da Arquidiocese de Évora. Como investigador arqueológico publicou trabalhos diversos, entre os quais: em 1985 “Duas Inscrições Árabes Inéditas no Museu de Évora”, em 1989, “As Inscrições Árabes Lapidares do Museu de Beja”, em 1991, “Património da Epigrafia Árabe em Portugal” e, em 2001, Epigrafia. Em 2010 publicou o livro de poemas “no fio das palavras”, editado pela Santa Casa da Misericórdia das Velas.
Recorde-se que a Câmara Municipal das Velas, em 26 de Abril de 2010, já havia agraciado o Dr Artur Goulart com a “Medalha de Prata do Município” por quanto considerar que: “... se tem distinguido e se distingue como escritor exímio e como poeta brilhante e possui um currículo de vida de reconhecido valor mantendo sempre ligações fortes e saudosistas com o Concelho das Velas, a quem nunca negou a sua colaboração bem como se distinguiu no campo social como voluntário e no campo cultural, como homem sábio e participativo…”
Para mim e decerto para todos aqueles que tiveram o privilégio de ter o Dr Artur Goulart como amigo de sempre e como mestre, durante quase uma década, uma e outra destas notícias enchem-nos de júbilo e de alegria. Tanto em Évora como nos Açores, onde com ele vivemos, convivemos e aprendemos, Artur Goulart impôs-se não apenas como mestre sábio, competente e dócil, mas também como homem e cidadão dotado dos mais nobres princípios de humanismo e solidariedade, pautando o seu quotidiano pelo estudo e pelo trabalho em prol da cultura, da arte e da defesa do nosso património. Bem hajam quantos o reconhecem.
Texto publicado no Pico da Vigia, em 26/06/12