PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
NOVO ENCONTRO NO MUCIFAL
Mucifal é um lugar da freguesia de Colares, pertencente ao concelho de Sintra. Protegido a Sul pela Serra de Sintra, encimada pelo seu emblemático palácio, aqui e além ainda se fazem sentir os perfumes, as cores e os sons descritos por Eça e Ramalho. Bafejado a Oeste pelas Praias Grande e das Maçãs e a Leste por Nafarros, Mucifal é um local repleto de simbolismo e de serenidade, onde ainda parece reflectir-se os tons do verde colorido da Serra, onde ainda se se sente projectar-se os respingos da espuma azulada do oceano, onde o cantar dos pássaros ainda atulha as madrugadas e até o Sol, ao pôr-se, se tinge de um azul amarelado. Um local onde os ventos ainda chegam carregadinhos de perfume duma abrupta e descarada maresia.
Graças à disponibilidade, ao acolhimento e à hospitalidade do Agostinho Simas – um picoense, ex-aluno do Seminário de Angra da década de cinquenta - aqui se têm realizado, desde há mais de vinte anos, variadíssimos e sistemáticos encontros que congregam e reúnem antigos mestres e alunos daquela instituição de ensino, muitos deles fazendo-se acompanhar por familiares.
Para o próximo sábado, dia 3 de Novembro está agendado mais um destes encontros os quais, geralmente, unem e reúnem não apenas os antigos alunos residentes no continente, mas também muitos outros vindos, expressamente, dos Açores, da América e de outras paragens. Em cada encontro aguarda-se a chegada de mais um debutante, que é sempre recebido com uma enorme alegria e uma grande satisfação. Todos os que ali afluem, de modo muito especial os que frequentaram o Seminário de Angra - aquele “astro a sorrir de bonança” – sentem o perfume, a fragrância e o carinho, a amizade, a boa disposição e disfrutam não só de uma excelente organização mas também degustam os sabores mágicos e deliciosos da pantagruélica cozinha da responsabilidade da esposa do Manuel Agostinho. Mas mais importante é o convívio, o irmanarmo-nos, o desfilar de histórias e aventuras de outros tempos, o a relembrar os que ali não estão mas trazidos pela memória e amizade dos presentes, o recordar de acontecimentos, de vivências e memórias e, sobretudo, o cantarmos, porque era isso talvez o que de mais belo fazíamos, recordando momentos mágicos de amizade recíproca, de companheirismo, de ternura partilhada e de esperanças renascidas. É tudo isto que se desfruta no Mucifal, recordando-se também, com mágoa e saudade, os que já partiram.
Texto publicado no Pico da Vigia, em 28 de Outubro de 2012