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O NAUFRÁGIO DA MODENA E A PEDRA DE LANG

Sábado, 04.01.14

Nos anos cinquenta, na Fajã Grande, ouvia-se contar, com alguma indefinição e muito vagamente, a história de uns náufragos que tinham sido abandonados na ilha das Flores, mais concretamente na Fajã do Conde, lá para os lados da Caveira e Santa Cruz. Mas muito pouco ou quase nada se sabia acerca do que teria acontecido nesse naufrágio, como e porque tinham sido ali abandonados os náufragos e o que lhes teria acontecido posteriormente.

Mais tarde veio a descobrir-se que, na realidade, naquele aprazível lugar da Fajã do Conde, junto à Ribeira da Cruz, entre uma densa e verdejante vegetação, existia um bloco de pedra, de forma mais ou menos cúbica, que há muitos anos ali havia sido colocado e que continha gravadas algumas informações importantes sobre o suposto naufrágio e os seus intervenientes. Descobertas e investigações posteriores, confirmaram que nessa pedra se podia observar a seguinte inscrição:

“CAPT. W. H. LANG / AND 11 MEN / LANDED MAY 5 73 / FROM BARK MODENA / OF BOSTON MASS. FOUNDERD / APRIL 22”

Hoje, sabe-se que esta enigmática inscrição se ficou a dever ao facto de a tripulação de uma embarcação americana – registada em Boston pelos proprietários J. Rideout e H. O. Roberts, com o nome Modena, de 206 toneladas – que, quando se viu em apuros enquanto navegava nos mares das Bermudas, foi socorrida por uma outra embarcação, cujo nome se desconhece. A Modena tinha saído da Serra Leoa e dirigia-se para Boston, na costa leste dos Estados Unidos da América. No dia 9 de Março de 1873 aportou na Bermuda, onde fez escala, permanecendo aí até ao dia 15 de Abril. Uma semana depois de ter levantado ferro, a 22 de Abril, a referida embarcação defrontou-se com alguns problemas de segurança e o seu comandante, o capitão W. H. Lang, ordenou o seu abandono, tendo-se a afundado, algum tempo depois, nas águas do Atlântico, entre as Bermudas e Boston. Depois de alguns dias à deriva, o capitão Lang e os restantes onze tripulantes foram encontrados e recolhidos, já perto dos Açores, por um navio que navegava entre a América e a Europa. Era necessário colocar os náufragos em sítio seguro e a primeira terra avistada foi a ilhas das Flores, no extremo ocidental do Arquipélago dos Açores, onde no dia 5 de Maio, foram “depositados”, os náufragos, precisamente, no local conhecido por Fajã do Conde.

 A barca Modena tinha sido construída em Duxbury, Massachusetts (EUA), no ano de 1851. Mas relativamente à presença dos náufragos na ilha das Flores, o único documento conhecido é, apenas esta interessante inscrição, registada numa pedra, actualmente conhecida como a “Pedra de Lang”, mas só descoberta por Celestino Flores em 1962 e decifrada, anos mais tarde, por Jacob Tomás. Até ao momento não se encontrou qualquer outro registo que permita identificar e conhecer melhor o destino destes homens, nem sequer a sua identidade e que devem ter permanecido na ilha durante algum tempo, aguardando transporte para as suas terras de origem.

A maçonaria tem divulgado este curioso acontecimento, porquanto considera o capitão W. H. Lang um maçon, o que se deduz pelo facto de, aparentemente, existir um esquadro e um compasso gravados na pedra, logo abaixo do nome de Lang. No entanto, cuida-se que estes símbolos não serão fidedignos, por quanto nunca foram reconhecidos nem pelos historiadores nem pelos curiosos que descreveram e opinaram sobre a inscrição registada na chamada “Pedra de Lang”, da Fajã do Conde.

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publicado por picodavigia2 às 16:22





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