PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O ALFERES ANDRÉ FRAGA MENDONÇA (1677-1750)
O Alferes André Fraga nasceu no lugar da Fajazinha, na freguesia das Fajãs em 1677, ou seja precisamente um ano depois de aquela freguesia ter sido criada e faleceu com 73 anos, em 12 de Fevereiro de 1750. Foi casado com Bárbara de Freitas e era sobrinho do padre André Álvares de Mendonça que foi o primeiro pároco da paróquia de Nossa Senhora dos Remédios das Fajãs, com sede na igreja paroquial na Fajazinha.
Na sua qualidade de alferes, muito provavelmente terá comandado algum dos vários fortes existentes na costa Oeste da ilha das Flores, nomeadamente nalgum dos sediados nas orlas costeiras da Fajã Grande e da Fajãzinha, entre os quais o Castelo da Ponta, o Vale do Linho, a Castelhana, o Estaleiro ou o Portal da Rocha, já na Fajãzinha. Este alferes terá sido uma personagem muito importante e bastante respeitada no seu tempo, una vez que, com apenas vinte e nove anos, foi uma das personalidades escolhidas, juntamente com a esposa, para integrar o grupo de “fregueses” que acompanhados pelo seu tio e vigário da paróquia das Fajãs, André Alves de Mendonça, em 1705, solicitaram ao bispo diocesano, D. António Vieira Leitão, autorização para colocar o sacrário para guardar o Santíssimo, na primitiva igreja da paróquia construída havia já trinta anos. Foi ele e os restantes elementos da comitiva que se prontificaram para oferecer anualmente o dote necessário para a aquisição doo azeite da lâmpada, para as velas e outros acessórios indispensáveis à manutenção do Santíssimo Sacramento na primitiva igreja da paróquia das Fajãs.
Na orla costeira da ilha das Flores, nos seculos XVII, XVIII e XIX existiram sempre vários fortes, ocupados por militares, à frente dos quais estavam oficiais de patente superior ou seja capitães, tenentes ou alferes. Estes fortes e as companhias que os ocupavam tinham como missão principal defender a ilha dos ataques e assaltos de piratas e corsários, muito frequentes nessa altura.
O Alferes André Fraga era pai de Maria de Freitas, primeira mulher de Manuel Lourenço, casados na igreja da Fajãzinha, em 8 de Setembro de 1723, falecida bastante nova. Era pai, também, de Isabel de Freitas casada com um irmão deste, de nome Bartolomeu Lourenço, ambos filhos de António Lourenço e de Maria de Freitas. Foi bisavô do tenente Bartolomeu Lourenço Fagundes que também comandou alguns dos fortes que existiam na Fajã Grande.
Imitando, anacronicamente, a narração da genealogia de Jesus Cristo, por São Mateus e que vem transcrita no primeiro capítulo do seu evangelho, poder-se-á ter a quase blasfema ousadia de dizer que André casado com Bárbara gerou Isabel, Isabel casada com Bartolomeu gerou Catarina, Catarina casada com António gerou Bartolomeu, Bartolomeu casado com Ana gerou Manuel, Manuel casado com Clara gerou Bartolomeu, Bartolomeu casado com Maria gerou José, José casado com Maria da Conceição gerou José, José casado com Joaquina gerou Angelina que casou com João e teve seis filhos, dos quais um é o autor destas linhas.