PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A NOIITE DE SÃO JOÃO NO PORTO
Embora festejado em muitas outras cidades, vilas e aldeias de Portugal, assim como por toda a Europa, deve ser a cidade do Porto aquela que mais entusiasmada e fantasticamente festeja a noite mágica de S. João.
A festa de S. João, no Porto, origina uma grandiosa manifestação de pessoas que se agregam e reúnem de forma natural, eminentemente festiva, de puro cariz popular e que dura a noite inteira. Não apenas um bairro nem dois bairros, nem sequer todos os bairros ou a cidade inteira mas é o Norte em peso, que sai à rua e se organiza em alegre e fraterno convívio colectivo. Por todas as ruas e vielas, sobretudo da Baixa, da zona Ribeirinha, das Fontainhas e do Cais de Gaia passeiam milhares de pessoas, empunhando o alho-porro ou os martelos de plástico, com os quais trocam, reciprocamente, carícias, mimos e carinhos, acompanhados de gentis sorrisos, ao mesmo tempo que se compram manjericos e outras bugigangas de plástico, a maioria agora importada da China. Comem-se sardinhas assadas, febras, costeletas e caldo verde, vitualhas que proliferam por inúmeras, curiosas e tradicionais tasquinhas. Os que ficam em casa, depois de jantar a tradicional sardinha assada, atiram ao ar balões multicolores que brilham nos céus como sóis iluminados sob o impulso do fumo e o calor de uma chama que consome uma mecha de petróleo ou resina. A noite de S. João no Porto cheira a gente que se diverte, a magia, a manjerico, a erva-cidreira, a alegria, a convívio, a poesia popular e às cores do arco-íris.
À meia-noite tem lugar um já tradicional e admirável espectáculo de fogo-de- artifício no Rio Douro. Um estupendo espectáculo de cor, som e alegria que ilumina a noite inteira.
Após o espectáculo a festa e as rusgas espalham-se pelos recantos da cidade e difundem-se de bairro em bairro, de freguesia em freguesia só terminando ao nascer do Sol. Por todas as ruas da cidade, nessa noite, registam invulgares enchentes de povo organizam-se bailaricos, espontâneos e variados e compram-se as ervas santas e as plantas aromáticas com evidente predominância do manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa, o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira.
E no Porto a festa tem como ponto de honra as cascatas S. Joaninas. Pelas montras e janelas coloca-se a imagem do Santo, num altar com o seu inseparável carneirinho e um sem fim de elementos da natureza ou outros referenciais da própria festa.
É por tudo isto que a noite de S. João, no Porto, nos transporta indelevelmente a um mundo fantástico de magia, de convívio, de som, de cor, de serenidade e de alegria.
Não há noite como a de S. João, no Poro, este amo enriquecida e iluminada com um deslumbrante espectáculo de Lua Cheia, que a tornou ainda mais mágica, mais deslumbrante e mais bela.