PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O IMPÉRIO DE SÃO PEDRO
Na Fajã Grande existiam 6 Impérios: quatro do Espírito Santo (Casa de Cima, Casa de Baixo, Ponta e Cuada) e dois de S. Pedro (Casa de Cima e Ponta).
Curiosamente a festa organizada pelo Império de S. Pedro da Casa de Cima, assim como o S. Pedro da Ponta, era em tudo ou quase tudo, muito semelhante à festa do Espírito Santo, realizada nos outros Impérios. Apenas as insígnias eram diferentes: não havia bandeira branca, a coroa era muito pequenina e, nos cortejos, era sempre acompanhada por uma imagem de S. Pedro. Como a imagem de S. Pedro, pertencente ao respectivo Império era muito pequenina, no dia da festa e nas procissões e cortejos que se realizavam por essa altura, era a imagem existente na igreja, porque bastante maior, que acompanhava as outras duas insígnias, sendo transportada em andor adequado.
Mas a grande diferença entre o Império de São Pedro e os do espírito Santo era a de que a maior parte dos mordomos pertencentes a este Império eram jovens e crianças. Chamava-se também “Império das Crianças”.
Mas, da mesma forma que na festa do Espírito Santo, na semana que antecedia a de S. Pedro e de forma idêntica, eram cantadas as Alvoradas. Na antevéspera, de tarde, organizava-se o cortejo até rolo da Baía de Água, para a matança do gado, sendo a carne distribuída pelos mordomos na véspera de manhã, acompanhada pela pequenina coroa, pela bandeira, pelos foliões e por muitas crianças.
A festa realizava-se no dia 29 de Junho, dia liturgicamente dedicado a S. Pedro e S. Paulo, quando ainda era “dia santo abolido”. Nesse dia havia idêntico procedimento ao da festa de Espírito Santo, verificando-se apenas uma alteração: da parte da tarde organizava-se uma procissão, com coroa, bandeira e imagem do Santo, até ao Porto Velho, onde os barcos presentes haviam sido devidamente ornamentados e enfeitados. A imagem era colocada num barco juntamente com a coroa e a bandeira, enquanto o pároco, com barco a servir de púlpito, pregava o sermão, procedendo, de seguida, à bênção dos barcos.
O cortejo regressava à Casa de Cima e procedia-se às sortes dos novos cabeças, com um ritual em tudo semelhante ao realizado na festa de Espírito Santo.
A festa terminava, ao início da noite, com o “levar das sortes” aos novos cabeças.