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NOITINHA

Sexta-feira, 26.07.13

(UM POEMA DE ALFRED LEWIS)

 

O sol cerrou a porta!

De pouco a pouco o silêncio cobre

Aldeia e campos. Deus, como sempre

Acende os astros, grandes e pequenos,

E padeja carvão para acender a lua.

 

Com seu bordão de cedro Ti Corvelo sai

Com passos certos sobre as pedras lisas,

Que o vão levar ao templo

Para tocar o sino e chamar o povo

Em oração nocturna

Ao pastor santo que nos vê e guia.

 

Um vapor branco

Com bandeiras de mastro a mastro

Desliza-se no mar, perto da praia,

De rumo contra as nuvens espalhadas

Em baixo, lá, sobre a linha do pego.

 

Sobre uma parede

Balanceando as pernas, um rapaz toca

Uma gaita americana.

Um grilo, curioso, começa e pára

A toada do costume

Com que saúda a chegada da noite.

 

E o cheiro da comida!...

Bonito assado ou bolos no forno

E um caldo de agrião,

Soletram ceia para a gente

Nos sentarmos à mesa da cozinha.

 

Mais tarde, sob uma colcha tecida na terra

E um lençol crespo de linho

Iremos escutar passos lá fora

Da gente de outro mundo

Perdido, a chorar, na solidão das horas,

 

Até que o sono bata à porta e entre.

 

Los Banos, Cal. 8-III-73

            Alfred Lewis, (natural da Fajazinha, ilha das Flores, viveu e faleceu nos USA)

Aguarelas Florentinas e outras poesias,

Angra do Heroísmo, Serviços de Emigração, 1986.

 

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publicado por picodavigia2 às 09:46





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