Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


AOS SALTOS NAS ILHAS

Domingo, 24.11.13

Ontem, numa viagem entre o Pico e o Porto, andei aos saltos de ilha para ilha, fui forçado, a uma paragem, devidamente programada, na ilha de São Miguel, onde pernoitei.

Na realidade, quem visita os Açores, vindo da Europa ou da América, está forçado a esta espécie de “saltos” de ilha para ilha, a fim de chegar ao destino pretendido. Na vinda, do Porto para os Açores, há quinze dias, os “saltos” que tive de efectuar para chegar ao Pico, ainda foram mais numerosos, embora menos demorados. Saindo do Porto num Boing da SATA, que até confundira com o charter da mesma companhia que seguia para São Petersburgo com os jogadores do Futebol club do Porto, depressa se iniciaram os saltos - São Miguel, Terceira, Pico, este, com a especificidade de se efectuar por cima de São Jorge. Curiosamente esta ilha, juntamente com a Graciosa, não beneficiam de voos oriundos do Faial ou do Pico. Assim, quem viajar entre o Faial e uma ou outra destas ilhas terá que o fazer também aos “saltos” sobre outras ilhas, nomeadamente sobre a Terceira. Mas como, quer a Graciosa, quer São Jorge estão, geograficamente, mais perto do Faial, sendo a Terceira mais afasta, exigindo, por isso, um percurso aéreo mais longo, quem viaja do Faial para a Graciosa paga menos do que se viajar para a Terceira. Sendo assim há que aproveitar e pelos vistos já houve quem, pretendendo ir para a Terceira comprou bilhete para a Graciosa. Ao fazer a programada escala na Terceira, mandou às urtigas o seu estatuto de passageiro de trânsito, abandonou o aeroporto, pois apenas levava bagagem de mão e fixou-se na Terceira, durante o tempo que quis e entendeu..

No entanto, estes “saltos” entre as ilhas tem as suas vantagens. Primeiro em termos paisagísticos permitem aos passageiros observar paisagens de uma beleza rara e inconfundível, das quais ressalta o quadro natural e telúrico da imponente montanha do Pico, plantado sobre um almofadado tapete de nuvens. Lá do alto, muito acima das nuvens, na viagem de São Miguel para a Terceira, pouco depois de se abandonar a ilha do Arcanjo, vê-se com uma nitidez invejável, aquele triângulo de lava, lá bem espetado sobre o esbranquiçado das nuvens. Uma outra vantagem que este saltitar de ilha para ilha nos oferece é o de nos permitir ir saboreando, delirantemente, os perfumes e sobretudo os sabores que emanam e se evaporam de cada ilha, como o anás com a morcela ou os variados licores de São Miguel, o bolo lêvedo e a doçaria variada da mesma ilha, a alcatra e os torresmos da Terceira, a linguiça e os inhames do Faial, o feijão assado e as queijadas da Graciosa, o queijo de São Jorge, o caldo de peixe e a molha de carne do Pico, mesmo que não se chegue a sair do aeroporto. Depois há os recuerdos e as lembranças, os acepipes e as bugigangas, as bebidas e os doces que se vendem nos aeroportos, o encontro com um ou outro amigo e, sobretudo, a simpatia contagiante dos ilhéus.

Ontem, ao entrar no táxi, entre o aeroporto e o hotel, o taxista, imediatamente, após fechar a porta, deu o pontapé de saída a um diálogo amigo e simpático, indagando sobre a viagem, a origem do voo, o estado do tempo…

- Do Pico! – Exclamou, entusiasmadíssimo. – É a melhor e a mais bonita ilha dos Açores!

Claro! E esclareceu de imediato que era natural do Pico e, para cúmulo, com raízes profundas em São Caetano.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 22:25

A POPULAÇÃO DOS AÇORES SEGUNDO O CENSOS 2011

Quinta-feira, 14.11.13

De acordo com o Censos 2011, realizado, em todo o país, em Março de 2011, a população dos Açores é de 246.102 habitantes, tendo aumentado, relativamente ao Censos anterior, realizado há dez anos, ou seja em 2001. Nessa altura a população dos Açores era de 241.763 habitantes. Assim, nestes dez anos, passaram a residir no arquipélago açoriano mais 4.339 pessoas, o que corresponde a um aumento populacional de 1,79%.

No entanto nem todas as ilhas aumentaram o número de habitantes. Pelo contrário, na maioria das parcelas açorianas, o número de residentes diminuiu, com excepção para o Corvo, Terceira e, sobretudo, para São Miguel, ilha onde se regista o maior aumento populacional. Nas restantes ilhas a população decresceu, sendo as mais atingidas em termos quantitativos, o Pico e S. Jorge e em termos percentuais as Flores e a Graciosa, onde o decréscimo da população foi de 5,11% e 8,10%, respectivamente. As Flores, actualmente, conta apenas com 3.791 habitantes, quando na década de cinquenta tinha 7.850 e no início do século XX, ou seja em 1900, data do primeiro Censo, a população florentina era de 8.127 habitantes, dos quais 3.629 pertenciam ao concelho de Santa Cruz e 4.498 ao das Lajes.

De acordo com o Censos 2011 e tendo em conta o Censos 2001, o que permite verificar os índices de variação, a população actual das ilhas açorianas é a seguinte:

 

A POPULAÇÃO DOS AÇORES EM 2011

 

Variação

Ilha

Actual

2001

Habitantes

Percentagem

S. Miguel

137.699

131.609

+ 6.090

+ 4,63 %

Terceira

56062

55.833

+ 229

+ 0, 41 %

Faial

15.038

15.063

- 25

- 0,17 %

Pico

14.144

14.806

- 662

- 4,4 %

São Jorge

8.998

9.674

- 676

- 6,99 %

Santa Maria

5.578

5.578

- 31

- 0,56 %

Graciosa

4.393

4.780

-387

- 8,10 %

Flores

3.791

3.995

- 204

- 5,11 %

Corvo

430

425

+ 5

+ 1,18%

Totais

246.102

241.763

+ 4.339

+ 1,79 %

 

No que ao alojamento diz respeito, outro item avaliado nos Censos 2011, o número de fogos aumentou substancialmente nos Açores, na última década. Assim, em 2001 existiam no arquipélago 93.308 fogos e, segundo o Censos 2011, actualmente estão registados 110.038 habitações o que significa que houve um aumento percentual de 17,93 %, correspondente a 16.730 alojamentos construídos nos últimos dez anos. A ilha em que se verificou um maior número de novas construções foi São Miguel com 10.387, seguindo-se a Terceira com 2.953, o Faial com 1.653, o Pico com 986, São Jorge com 495, as Flores com 193, Santa Maria com 100, e o Corvo com 46 novos alojamentos. Apenas a Graciosa registou um número menor de alojamentos em 2011 do que em, 2001. Em termos percentuais a situação é bastante significativa e clara, verificando-se que o Corvo, com 31,29 %, muito naturalmente ocupa a primeira posição, relegando São Miguel com 23,05 % para o segundo lugar. Por sua vez, o Faial com 30,30 % excede a Terceira com 13,70 %, enquanto Santa Maria passa a ocupar a penúltima posição, com uma percentagem bastante baixa de novos fogos, apenas 2,94%. A Graciosa, logicamente ocupa o último lugar, registando a única percentagem negativa.

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 19:14

UM CABIDO DESCABIDO

Quinta-feira, 31.10.13

O cabido é um órgão diocesano, composto por sacerdotes incardinados numa mesma diocese, nomeados pelo bispo titular, para o exercício de ofícios religiosos específicos, em virtude dos seus méritos e das suas capacidades.

O Cabido, no entanto, não foi instituído por Jesus Cristo, não é dogma de fé, nem sequer imprime carácter aos seus membros. Segundo rezam os livros, o cabido, apenas faz parte da tradição da Igreja e consta que há países em que já algumas dioceses dele abdicaram. Não é o caso de Portugal em que, actualmente, cada diocese, de acordo o Anuário Católico Português, mantém vivo o seu cabido.

Acredita-se que esta instituição eclesiástica remonte ao século V, altura em que os bispos começaram a reunir ao redor da sua cátedra, um grupo de sacerdotes que viviam comunitariamente, auxiliando-o e aconselhando-o. A partir do século XII, começaram a distinguir-se os cónegos regulares dos seculares, sendo que os primeiros continuavam a viver em comunidade, mas em conventos, fazendo os três votos: de castidade, pobreza e obediência, como, por exemplo, os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, os Premonstratenses etc. Por outro lado, os cónegos seculares, continuaram a viver ao lado do seu bispo, servindo-o, na igreja catedral, quer acolitando-o nos ofícios e celebrações litúrgicas quer formando uma espécie de colégio de conselheiros, em que cada qual tinha funções específicas, algumas das quais ainda hoje permanecem, embora como meramente titulares: deão, chantre, arcediago, arcipreste, mestre-escola, tesoureiro-mor e penitenciário. Actualmente, na maioria das dioceses portuguesas, no que ao aconselhamento do bispo diz respeito, as funções do cabido são da competência do conselho presbiteral.

Acrescente-se que em Portugal, existem duas dioceses – o Patriarcado de Lisboa e a Arquidiocese de Braga – que têm cabidos “sui géneris”. Braga possui o chamado “Cabido Metropolitano e Primacial Bracarense”, criado pelo arcebispo D. Pedro em 1071, enquanto os membros do cabido lisbonense, como aliás a própria diocese, gozavam de alguns privilégios, entre os quais, o uso de mitra (cónegos mitrados) e a posse de oratório particular e altar portátil, com que podiam celebrar, livremente, por todo o país. Ainda hoje a diocese de Lisboa goza do privilégio de o seu bispo, receber a púrpura cardinalícia logo no primeiro Consistório a seguir à sua nomeação.

Segundo o Anuário Católico, actualmente, embora possuindo o seu conselho presbiteral, todas as dioceses portuguesas mantém os seus cabidos activos, quase todas elas com um bom punhado de cónegos capitulares e, nalguns casos, com os “míticos cargos” atribuídos, nominalmente.

O cabido de Lisboa, para além dos jubilados ou eméritos, tem 22 cónegos no activo, Braga tem 14, Évora 14, Lamego, 14 Guarda 12, Coimbra 11, Porto 11, Viseu 11, Bragança-Miranda 10, Funchal 9, Leiria-Fátima 5, Beja 4 e Algarve 4. Por sua vez, Angra, estranhamente, tem apenas 1, cónego no activo, ou seja Monsenhor Gregório Joaquim Couto Rocha. Todos os restantes cónegos que constam da lista do cabido angrense são eméritos e, por conseguinte, cessaram funções. São eles: Dr. Artur Pacheco Custódio, José Gonçalves Gomes, Mons. Dr. Francisco Caetano Tomás, Mons. Gil Vicente Mendonça, Mons. Dr. António da Luz Silva e Mons, Dr. Augusto Manuel Arruda Cabral. Afinal o saudoso Monsenhor Lourenço, também ele, na altura, membro do cabido angrense, tinha razão quando afirmava que “Apenas um cónego faz um cabido”. De qualquer modo e com tanto clero secular na diocese, a maioria detentor de um currículo brilhante, é estranho que o cabido angrense, a manter-se, esteja a definhar. Aparentemente, é um cabido descabido ou, no mínimo, um cabido descaído.

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 16:34

HINO DOS AÇORES

Segunda-feira, 07.10.13

Deram frutos a fé e a firmeza

no esplendor de um cântico novo:

os Açores são a nossa certeza

de traçar a glória de um povo.

Para a frente! Em comunhão,

pela nossa autonomia.

Liberdade, justiça e razão

estão acesas no alto clarão

da bandeira que nos guia.

Para a frente! Lutar, batalhar

pelo passado imortal.

No futuro a luz semear,

de um povo triunfal.

De um destino com brio alcançado

colheremos mais frutos e flores;

porque é esse o sentido sagrado

das estrelas que coroam os Açores.

Para a frente, Açorianos!

Pela paz à terra unida.

Largos voos, com ardor, firmamos,

para que mais floresçam os ramos

da vitória merecida.

Para a frente! Lutar, batalhar

pelo passado imortal.

No futuro a luz semear,

de um povo triunfal.

 

Letra - Natália Correia. Música - Joaquim Lima

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 19:49

SOPAS DO ESPÍRITO SANTO

Sábado, 07.09.13

“Sopas de Espírito Santo” é um prato típico, muito especial, confeccionado em todas as ilhas açorianas, por altura das festas em honra do Paráclito e que tem a sua origem ligada aos objectivos primordiais dos chamados “impérios” do Espírito Santo, também eles muito divulgados em todas as ilhas. Estes objectivos são, fundamentalmente, o da partilha da carne e do pão, pelos mais necessitados. Cuida-se que inicialmente a carne e o pão seriam distribuídos apenas pelos pobres, mas que, na prática, eram repartidos com quase todos os habitantes de cada uma das freguesias das nove ilhas, uma vez que nestas reinava bastante pobreza. Inicialmente, a carne seria oferecida crua juntamente com o pão cozido, costume que ainda se mantinha na primeira metade do século passado, nalgumas ilhas ou em algumas freguesias, como era o caso da Fajã Grande das Flores. Hoje, praticamente, em todas as ilhas, em todas as freguesias e em todos os impérios a carne e o pão são partilhados depois de cozinhados, sob a forma de Sopas do Espírito Santo.

Estas sopas são confeccionadas com pão seco que é, posteriormente, coberto com o caldo que resultou da água que cozeu a carne, devidamente temperada. Ao pão, antes de ser coberto com o caldo, é, também, adicionada hortelã e outros condimentos. A carne cozida serve-se juntamente com o pão. Tradicionalmente, estas sopas são servidas no dia das festas do Divino Espírito Santo, a todos os irmãos e a muitos convidados. No Pico, quer no domingo de Pentecostes, quer na segunda e na terça-feira seguintes, assim como no domingo da Trindade, são servidas dezenas de milhares de refeições deste tipo de sopas. Se tivermos em conta que numa freguesia relativamente pequena, como é a de São Caetano, apenas num dos seus dois impérios, no da Prainha, na terça-feira do Espírito Santo, são servidas cerca de quinhentas refeições e que todos os impérios da ilha do Pico, alguns deles bem maiores, servem sopas, durante aqueles três dias e ainda no sábado que os antecede e no domingo da Trindade, poder-se-á ter uma ideia da quantidade de refeições que, nestes dias, são oferecidas em louvor do Espírito Santo. Para além destas sopas, é incluída no cardápio do dia da festa, em muitas das freguesias picoenses, a famosa carne assada e, por fim, ainda é servido o tradicional arroz doce, sobre o qual, com canela em pó, é desenhado, em cada prato ou travessa, o símbolo do Paráclito, nas ilhas – a coroa.

Em todas as ilhas é possível comer estas sopas, todavia a receita vai variando de ilha para ilha e até mesmo de freguesia para freguesia. Entre as muitas e variadas sopas açorianas, a mais popular é esta, a do Espírito Santo, também conhecida por sopa do Império, a qual faz parte integrante da ementa do almoço, no dia da festa do Espírito Santo, sendo tradicionalmente realizada, regra geral, por altura do Pentecostes. Há, no entanto, confecção das mesmas, a quando do cumprimento de promessas em honra do Divino Espírito Santo, sobretudo por parte de emigrantes e que acontecem por alturas do verão. Mas, para além disso, cada vez se tem enraizado mais o hábito de as confeccionar por altura de qualquer acontecimento, festividade ou comemoração importante.

Para a confecção das sopas, no caso da ilha do Pico, basta cozer a carne de vaca em água com os respectivos temperos. É nestes que reside o segredo das sopas e do seu delicioso sabor. De seguida, parte-se o pão em pedaços, colocando-os em tigelas grandes ou terrinas. Deita-se o caldo de cozer as carnes por cima do pão até este ficar bem ensopado e abafam-se as sopas, até à altura de serem servidas.

Não há ilha açoriana onde se não façam, as sopas do Espírito Santo, sobretudo nos meses de Maio ou Junho. A acompanhá-las, o bom vinho da região. As sopas do Espírito Santo são uma espécie de ex-libris pantagruélico das ilhas, sendo servidas em muitas outras ocasiões, sobretudo em festas, casamentos, jantares de convívio ou de comemoração, em encontros de amigos, a visitantes e, até, fazem parte das emendas de muitos dos mais credenciados restaurantes das ilhas. Além disso, têm ultrapassado fronteiras, sendo servidas em quase todo o mundo onde se encontram emigrantes açorianos, nomeadamente nos Estados Unidos e Canadá.

Na freguesia de São Caetano, para além do chamado Império da Prainha, outrora um dos maiores do Pico, existe um outro Império de Espírito Santo, na Terra do Pão, sendo que a festa realizada por este império, se celebra no mês de Julho. Num e noutro destes dois impérios, no dia da realização da respectiva festa, servem-se, a todos os habitantes da freguesia e a muitos convidados, as tradicionais deliciosas sopas de Espírito Santo. Mas é especialmente, na Terra do Pão, em Julho, talvez por mais raras durante aquele mês, que estas sopas tem um sabor especial e são tremendamente gostosas e muito desejadas porquanto se confeccionam e, sobretudo, se servem com muito amor, carinho e dedicação

Infelizmente tenho que me abster destas sopas ou saboreá-las com moderação, talvez mesmo comer apenas o pão, evitando a carne. Eventualmente, até poderei ficar, apenas, a apreciar o seu aroma, o seu sabor, o seu aspecto. É que, lamentavelmente, estas belas e deliciosas sopas, sobretudo pela tenrinha carne de vaca que contêm, estão absoluta e radicalmente interditas aos doentes portadores de insuficiência renal.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 12:03

INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES

Domingo, 01.09.13

Logo após o 25 de Abril de 1974, como era de esperar, surgiram algumas vozes e criaram-se organizações e movimentos que clamavam, aos quatro ventos, a independência das ilhas açorianas. Entre estes últimos, teve maior expressão a FLA - Frente de Libertação dos Açores - que, no contexto da Revolução dos Cravos, defendeu e propalou a temática relativa à independência dos Açores, em relação a Portugal. A FLA era um movimento político, ilhéu, singular, paralelo e semelhante à Frente de Libertação que, na altura, também existia na Madeira.

A FLA, segundo rezam as crónicas, foi criada em Londres, a 8 de Abril de 1975, e, nos meses seguintes, concretizou diversíssimas acções de propaganda e divulgação dos seus ideais e objectivos, pese embora uma ou outra dessas acções fossem recheadas de gritos de revolta e eivadas de algumas manifestações que chegavam a roçar a violência.

Este movimento que apesar de, esporadicamente, se apresentar com carácter intimidatório, marcadamente hostil em relação aos indivíduos de outras sensibilidades políticas, teve forte apoio da burguesia açoriana, sobretudo da ilha de São Miguel, onde muitos proprietários e latifundiários se manifestavam receosos de uma possível nacionalização das suas terras, à semelhança do que sucedia em Portugal Continental.

Na altura era voz corrente de que o seu líder, José de Almeida, terá chegado a tentar, repetidas vezes, negociar com o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, as condições para uma presumida independência do arquipélago, tendo todavia aquele órgão rejeitado qualquer tentativa de contacto, por considerar a proposta irrealista.

Do ponto de vista económico, os "independentistas" açorianos propuseram como principais meios de subsistência do seu projectado “Estado Independente”, a renda que deveria vir da base das Lajes, na Terceira, e o recurso à energia geotermal, para suprir as necessidades energéticas que adviriam de um isolamento inicial face a Portugal continental. Refira-se a este propósito, a manifesta e clara insuficiência dessas medidas, que não chegariam para assegurar a subsistência da população açoriana e ainda o facto de a Base das Lajes, actualmente, já não oferecer, ao arquipélago, as garantias económicas doutros tempos.

Presentemente, a FLA está desprovida de qualquer implantação local e persiste apenas como memória, sobretudo no imaginário daqueles que por ela foram responsáveis.

Na realidade, em 1975, vários dirigentes portugueses reuniram-se para deliberar o que fazer aos Açores e a Madeira. Uma parte defendia a imediata concessão da independência dos dois arquipélagos, enquanto a outra defendia a manutenção dos territórios insulares nas mãos portuguesas, sobretudo, devido à criação da Zona Económica Exclusiva. Ganhou a segunda facção.

Mas a ideia da independência dos Açores, não aparenta ter morrido em 1975. Pelo contrário, parece ter regressado nos tempos actuais, talvez devido à tão propalada crise que o país atravessa. Isto porque, segundo o jornal Açoriano Oriental, referiu, recentemente, que o líder histórico da Frente de Libertação dos Açores (FLA), José de Almeida, há pouco tempo, que os Açores "vão ser independentes", não pela força, mas sim pelo diálogo com Portugal, "por razões culturais, históricas, memórias comuns e muitos interesses por definir", e com os EUA, "por razões geoestratégicas".

 “Nós vamos ser independentes. Aos açorianos cabe a responsabilidade de procurar, de perseguir diálogos com a convicção e a serenidade de quem sabe o que quer e não quer, no acontecer da Independência dos Açores”, terá dito aquele líder independentista.

 “Eu pertenço ao grupo daqueles que afirmam não querer morrer, nem matar, por pátria nenhuma, nem pela minha. Eu quero é viver para e na minha pátria Açores”, sublinhou, acrescentando, que não poderão contar consigo “para que se repitam os erros do passado”.

Ficou, contudo, o recado: ”se esta autonomia não salvaguardar a soberania dos açorianos sobre o mar dos Açores - que o secretário de Estado do Mar do Governo de Portugal disse ter um potencial de dezenas de mil milhões de euros por ano, lembrou José de Almeida - (...) só nos resta a luta pela independência. E quando lá chegarmos, qualquer compromisso assumido sobre o mar dos Açores que beneficie terceiros não será aceite por nós” .

Recorde-se que actualmente circula na net uma Petição para a Independência dos Açores, destinada aos Açorianos e outras pessoas que a queiram assinar e que será enviada ao Governo Regional dos Açores, ao Primeiro-Ministro de Portugal, ao Presidente da República Portuguesa e à Assembleia da República e ao Parlamento Açoriano. No entanto, a petição contava, há um mês, apenas com 61 assinaturas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 10:57

AO RITMO DA NATUREZA

Terça-feira, 02.07.13

O “Público” e o “Jornal de Notícias”, nas edições de dia 12 de Janeiro, de 2010, publicaram nos seus respectivos suplementos, uma revista exclusivamente dedicada aos Açores e intitulada “ Açores 2010 – Ritmo da Natureza”.

Embora referindo o arquipélago açoriano de uma forma global e analisando temas comuns à região, como a pesca, a observação de baleias, a vida subaquática, o iatismo, a beleza das paisagens, as festas, a gastronomia e o património natural e histórico, a referida revista dedica uma página a cada uma das ilhas, com excepção de S. Miguel que merece a honra de duas.

Na página referente à ilha das Flores, para além de várias fotos sobre algumas lagoas, a Rocha dos Bordões e o Poço da Alagoinha, esta com grande destaque, a revista faz uma breve mas objectiva referência à “beleza reflectida” da ilha e à sua paisagem natural “onde desponta o verde exuberante, entrecortado aqui e ali pelo azul das lagoas e das hortênsias.” Outro aspecto referenciado pela revista é o das inúmeras ribeiras e cascatas que descem pelas encostas, salientando a da Ribeira das Casas, na Fajã Grande, assim como o Poço do Bacalhau. Um outro aspecto não esquecido ao jornalista autor do texto são os trilhos pedestres, através dos quais é permitido aos visitantes observar singelas e indescritíveis paisagens, saborear a água fresca e natural que nasce por toda a parte e apreciar a fauna e, sobretudo, a interessantíssima flora da ilha das Flores.

 

Publicado no Pico da Vigia, em 17/01/10

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 09:44

OS AÇORES E O AMBIENTE

Quarta-feira, 05.06.13

De acordo com os dados do Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores, o arquipélago possui 71 classificações ambientais atribuídas por entidades internacionais, entre as quais duas áreas Património da Humanidade, três Reservas da Biosfera, 13 áreas Ramsar, 12 áreas OSPAR e um GeoParque único no mundo, que abrange todas as ilhas, além de quase quatro dezenas de zonas integradas na rede Natura 2000.

A excelência da qualidade ambiental dos Açores, também, é reconhecida por mais de uma dezena de prémios e menções nacionais e internacionais, atribuídos pelas mais conceituadas revistas e organizações da especialidade.

Ainda, segundo o Governo Açoriano, que integra uma Secretaria regional dos Recursos Naturais, esta tem por função promover e implementar a conservação da paisagem, da natureza e da biodiversidade, por forma a garantir e reforçar as diversas certificações atribuídas aos Açores. Esta função compete à Direcção regional do Ambiente, que além da Conservação da Natureza, actua nas áreas dos Recursos Hídricos, Ordenamento do Território, Resíduos e Educação Ambiental.

Para a Secretaria Regional dos Recursos Naturais dos Açores, a singularidade e a diversidade da paisagem, a par dos valores culturais e sociais do povo açoriano, constituem dois factores essenciais de satisfação para quem visita as ilhas do arquipélago, sendo o património natural um dos seus principais elementos identificadores e diferenciadores. Promover a preservação deste património é também contribuir para a melhoria das condições de vida das populações locais.

Nesse sentido, a implementação das Convenções e Directivas Comunitárias na Região, a recuperação de habitats, a valorização das espécies endémicas como produto transaccionável, o combate às espécies exóticas invasoras, a manutenção e a reabilitação da rede de trilhos pedestres são as principais acções e medidas a tomar nesta legislatura na área da Conservação da Natureza.

De salientar que hoje, Dia Mundial do Ambiente, o Parque Natural da ilha das Flores, em parceria com a JeroInvest, promove hoje uma actividade de sensibilização para o uso sustentável do mar e a RTP Açores exibe esta noite o documentário “A Natureza dos Açores”.

Fontes: jornal «O Baluarte» de Santa Maria, GaCS da Presidência do Governo Regional dos Açores e Forum Ilha das Flores

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 18:08





mais sobre mim

foto do autor


pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Fevereiro 2019

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
2425262728