PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
JOÃO DOS SANTOS SILVEIRA
João dos Santos Silveira nasceu na freguesia da Caveira, concelho de Santa Cruz, ilha das Flores, em 13 de Janeiro de 1912 e faleceu em Ponta Delgada, S. Miguel, em 7 de Abril de 1980. Foi professor, bibliotecário e poeta. Com a idade de 14 anos iniciou o Curso Geral dos Liceus na cidade da Horta onde teve os primeiros contactos com as letras, relacionando-se com José da Silva Peixoto e Raul Xavier e publicando os seus primeiros trabalhos poéticos e literários nos jornais Vida Académica, Correio da Horta e As Flores. Na cidade de Ponta Delgada, em 1937 concluiu o Curso do Magistério Primário. Regressado às Flores, nos anos seguintes lecionou na escola da freguesia de Ponta Delgada e, em 1940, foi colocado na escola da vila de Santa Cruz. Para se efetivar, em 1942 regressou à escola de Ponta Delgada, onde residia quando, em 1946, a lancha em que seguia entre Santa Cruz e essa freguesia sofreu um acidente no lugar das Barrosas, tendo se salvo agarrado a um remo, apesar da sua deficiência física. No acidente faleceram 5 pessoas e o mestre foi dado como desaparecido.
Em Dezembro de 1956, já com 44 anos de idade e 18 anos de serviço, segue com a mulher para a cidade de Ponta Delgada, onde concluiu em 1957 o Complementar do Liceu. Nesse ano matriculou-se no curso de Direito, na cidade de Coimbra, mantendo-se ligado ao ensino para o sustento familiar.
Aí acabou por ser acometido por um acidente vascular grave, que o diminuiu e o obrigou a enveredar pelo curso de Ciências Históricas, após o que regressou aos Açores onde fixou residência na cidade de Ponta Delgada, lecionando no Liceu daquela cidade. Mais tarde empregou-se na Biblioteca da cidade onde acabou por exercer as funções de Diretor. Distinguiu-se como professor, como bibliotecário e como poeta, tendo publicado diversos poemas dispersos na imprensa açoriana e num livro. José Arlindo Armas Trigueiro
Obras principais: O Desterrado e Poemas.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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FRANCISCO VIEIRA GOULART
Francisco Vieira Goulart nasceu na Horta, a 8 de Março de.1758 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1830. Estudou na então vila da Horta e foi destinado pelo pai à vida eclesiástica. Partiu para Coimbra onde se doutorou em Filosofia viajando de seguida pelas cidades da Europa. Regressou ao Faial em 1807, a convite do juiz de fora Joaquim Gaspar de Almeida Cândido. Elaborou com ele uma memória sobre o Faial com especial destaque para a agricultura.
Aberto concurso para a vigararia da matriz hortense apresentou-se a concurso, mas o bispo opôs-se a que fosse provido, alegando incompetência para o cargo por ser surdo. Contudo, sempre se suspeitou que a verdadeira causa eram os ideais liberais do concorrente. Desgostoso, emigrou para o Rio de Janeiro onde foi bem recebido por D. João VI que o nomeou chantre da Sé de Angra, o encarregou da direcção do Jardim Botânico e do Laboratório Químico da Corte e o fez fidalgo capelão. Foi ainda sócio correspondente da Real Academia das Ciências de Lisboa.
Poeta neoclássico, da sua poesia só se salvaram poucas composições por terem sido publicadas postumamente no jornal O Grémio Literário, da Horta. Foi também tradutor.
Obras poéticas: Poesia Completa «Antigualhas» In Boletim do Núcleo Cultural da Horta, e «Memória sobre a construção de nitreiras».
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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RODRIGO RODRIGUES
Rodrigo Rodrigues nasceu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel. Após os estudos primários e secundários em Ponta Delgada e os estudos preparatórios para a Escola Naval em Lisboa, em 1896 ingressou na repartição de Finanças de Ponta Delgada, tendo sido seu diretor efetivo desde 1926 até à reforma, em 1943. Segundo o Dr. Côrtes-Rodrigues, Rodrigo Rodrigues: «situa-se na sua geração como figura que mais caracteristicamente a sintetiza, dentro da variedade de aspetos de que esta se aparenta».
Interessou-se pela Literatura, Astronomia, Matemática, Física e Filosofia. Tendo sido professor de várias destas disciplinas na Escola Normal Primária de Ponta Delgada. A sua paixão pela música levou-o a ser cofundador da Academia Musical de Ponta Delgada, em 1923. Foi um dos fundadores e principal colaborador da revista «Exoterismos». Colaborou no semanário «A Palavra», sob o heterónimo de Gaspar do Sol. Mas a sua principal tendência era a investigação. Com qualidades natas de paleógrafo investigou códices dos mais diversos cartórios e arquivos. No seu espólio encontra-se a maior parte da sua obra, ainda inédita: «Extratos dos livros da Misericórdia de Ponta Delgada»; «Cópia dos Registos Paroquiais de S. Miguel»; «A Toponímia de Ponta Delgada». É autor dos 14 cadernos de «Notas Históricas»; cópias integrais dos manuscritos, então inéditos, Espelho Cristalino, de frei Diogo das Chagas, a Fénix Angrense, do padre Maldonado e As Crónicas da Província de S. João Evangelista, de frei Agostinho de Mont?Alverne, que serviu para a publicação, pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada, da sua edição, em 1986. Foi um dos promotores da comemoração do quinto centenário do nascimento de Gaspar Frutuoso (1922) e o principal responsável pela publicação dos 3 volumes do Livro IV das Saudades da Terra, relativo a São Miguel.
Foi sócio fundador do Instituto Cultural de Ponta Delgada; Sócio honorário do Instituto Histórico da Ilha Terceira; Sócio correspondente do Instituto Genealógico Brasileiro; Sócio honorário do Instituto Histórico e Genealógico de São Paulo (Brasil) e Membro da Associação de Arqueólogos Portugueses. Fez parte da «Comissão de Toponímia» da Câmara Municipal de Ponta Delgada e do «corpo da redacção do Anuário da Nobreza Portuguesa».
Obras Principais: Paul Verlaine, Semanário «Preto no Branco», Notícia Biográfica do Dr. Gaspar Frutuoso, Livro III das Saudades da Terr, A Ermida do Paço dos Donatários desta Ilha, em Ponta Delgada e a desaparecida Igreja de S. Mateus da mesma cidade, O Licenciado António de Frias e Rua de Sant?Ana, A Morgadinha de Cracas e o seu apressado casamento em 1767, O padre António Vieira em S. Miguel, Notas sobre Toponímia de Ponta Delgada, Equívocos que é conveniente desfazer, Equívocos que é conveniente esclarecer, Quem é Gaspar do Rego Baldaia, o remetente para Ponta Delgada do Alvará Régio que a fez cidade, em 1546, Domus Municipalis de Ponta Delgada, Insulana, A Família Marcondes do Brasil ? Suas ascendências em Portugal, Boletim do Instituto Histórico e Genealógico de São Paulo, O mais antigo documento escrito na ilha de S. Miguel, até agora conhecido, Escritura de venda feita em Vila Franca do Campo a 20 de Junho de 1492 e Certidão passada em Londres pelo Embaixador António de Castilho, a 20 de Abril de 1582.
Em fase de publicação: Genealogias de S. Miguel e Santa Maria.
In Cultura Açores
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DINIS DA LUZ
Dinis da Luz de Medeiros. Nasceu na freguesia de S. Pedro do Nordestinho, na ilha de S. Miguel, a 8 de Setembro de 1915 e faleceu na mesma freguesia, em 20 de Janeiro de 1988. Foi sacerdote, poeta e jornalista. Enquanto aluno do Seminário de Angra, colaborou no jornal A União. Foi ordenado sacerdote em 1938 e trabalhou como prefeito num colégio de Ponta Delgada. Pelas capacidades jornalísticas evidenciadas, partiu para Lisboa, a mando da diocese com o objectivo de adquirir experiência. A hipótese de regressar aos Açores ficou inviabilizada por pressão do director do jornal católico A Voz, onde trabalhou como redator entre 1940-1970. Por motivos de doença e mudanças no jornal, que se transformou no órgão da União Nacional, com novo título, regressou ao Nordeste. Mesmo assim, naquele período não deixou de colaborar nos mais variados periódicos açorianos e do continente.
No campo literário escreveu poesia, contos e ensaios, inserindo-se no panorama literário do modernismo, com expressão formalmente clássica. O seu primeiro livro de poesia apresenta textos escritos entre os 13 e os 16 anos. Foi membro do Instituto Cultural de Ponta Delgada e condecorado com a medalha da Liberdade do rei Jorge VI de Inglaterra e com o grau de Oficial da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica. Faz parte da toponímia do Nordeste.
Obras principais: Ponta da madrugada, Antes de vir a noite, De Deus e do Homem (antologia de Pascal com tradução, prefácio e notas), Grandeza e miséria, Asas de Natal e mais sete poemas, A sereia canta nos portos, Coisas da censura e um artigo para «inquietar» toda a gente e Destinos no mar.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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CRISTÓVÃO AGUIAR
Cristóvão de Aguiar nasceu no Pico da Pedra, Ilha de São Miguel, em 8 de Setembro de 1940. Fez os seus estudos elementares, na Escola de Ensino Primário da freguesia. Concluídos os exames do 2.º grau e de admissão aos liceus, matricula-se no então Liceu Nacional de Ponta Delgada, cujo curso complementar de Filologia Germânica conclui em Julho de 1960. Durante os últimos anos do liceu, colaborou, em verso e prosa, nos jornais locais. Nesse mesmo ano, partiu para Coimbra, ingressando no Curso de Filologia Germânica da Faculdade de Letras da Universidade. Em Janeiro de 1964, foi forçado a interromper o curso universitário por ser chamado a frequentar o Curso de Oficiais Milicianos, em Mafra, o qual terminou em Agosto, desse ano, com a promoção a Aspirante. Após uma curta passagem pelo Regimento de Infantaria 15, em Tomar, foi mobilizado para a guerra colonial, na então província da Guiné, para onde parte, em Abril de 1965, integrando uma companhia de caçadores. Um mês antes do embarque, publica um livrinho de poemas, Mãos Vazias. Regressa da Guiné, em Janeiro de 1967, e após um ano, apesar de doente, conseguiu concluir as cadeiras do Curso de Filologia Germânica, indo de imediato leccionar para a Escola Comercial e Industrial de Leiria. Aí permaneceu um ano e meio, regressando a Coimbra para escrever a sua tese de licenciatura, O Puritanismo e a Letra Escarlate, que apresenta em Junho de 1971, obtendo assim o grau de licenciado em Filologia Germânica.
A experiência da guerra forneceu-lhe material para um livro posterior, incluído ao princípio em Ciclone de Setembro, de que era uma das três partes, autonomizado, e, depois, com o título de O Braço Tatuado. Foi durante quinze anos redactor da revista Vértice, de Coimbra tendo, no último ano, organizado um número duplo, especial, sobre a cultura açoriana. Depois do 25 de Abril, colaborou na, então, Emissora Nacional com a rubrica semanal “Revista da Imprensa Regional” que suscitou muita polémica e alarido nos meios eclesiásticos e reaccionários da época. De 1972 até 2002 foi Leitor de Língua Inglesa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, estando neste momento aposentado. Durante a sua carreira literária, ganhou os seguintes prémios: Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio da Literatura, Prémio Nacional Miguel Torga / Cidade de Coimbra. Foi agraciado pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com o grau de comendador da Ordem Infante Dom Henrique.
Na poesia as suas obras são Mãos Vazias”, O Pão da Palavra e Sonetos de Amor Ilhéu.
Na prosa destacam-se entre outras, as seguintes obras: Raiz Comovida e Ciclone de Setembro. Na prosa destacam-se entre outras: Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia;
Passageiro em Trânsito, A Descoberta da Cidade e Outras Histórias, Relação de Bordo III, diário ou nem tanto ou talvez muito mais, A Tabuada do Tempo,
Braço Tatuato. Colaborou na Antologia de Poesia Açoriana, organizada por Pedro da Silveira, em Para o Mundo de todos os Homens - Pequena Antologia de Poesia de Autores Portugueses contra o Racismo e Colonialismo, na Antologia Panorâmica do Conto Açoriano, organizada por João de Melo, etc
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DOM FREI ALEXANDRE DA SAGRADA FAMÍLIA
Alexandre Ferreira da Silva nasceu na Matriz da Horta, em 22 de Maio de 1737 e faleceu em Angra do Heroísmo, em 23 de Abril de 1818. Foi ordenado presbítero em 1758. Quando professou adotou o nome de Alexandre da Sagrada-Família. Estudou num convento em Brancanes, Setúbal, tornando-se um sacerdote erudito e um orador de fama. De Setúbal rumou a Coimbra e estudou na Universidade, onde se formou em Teologia e Direito Canónico e Civil.
Tornado conhecido na corte, foi provido bispo de Malaca e Timor por D. José I, e sagrado em 24 de Fevereiro de 1783. Todavia não seguiu esse destino mas sim o de Angola e Congo, em 1784, antes de ser executada a bula que o confirmava bispo daquela diocese do Extremo Oriente. No entanto, e devido a desentendimentos com o capitão-general de Angola, o governo português foi adiando, sucessivamente, a execução da bula de nomeação. Desgostoso, Dom Frei Alexandre regressou a Lisboa.
Anos mais tarde, veio juntar-se ao irmão, João Carlos Leitão, juiz de fora, e à cunhada na ilha Terceira. O desejo de prover à situação financeira de parentes e de amigos fê-lo deslocar-se duas vezes ao Brasil a fim de obter do Príncipe Regente benesses que, geralmente, lhe foram concedidas, e o Príncipe elegeu-o bispo de Angra, em 1812, cargo de que só viria a tomar posse em 1816, devido à oposição do cabido angrense.
Tem sido destacada a sua personalidade intelectual e Pedro da Silveira que incluiu em antologia o seu poema «À meninice», considera que «D. Frei Alexandre não é poeta só nos versos, já que de puro poeta é muitas vezes a prosa dos seus sermões e pastorais».
Em 4 de Novembro de 1863, a Câmara Municipal da Horta, presidida por António José Ferreira Rocha, deu o seu nome ao Largo do Paúl, daquela cidade. Era tio de Almeida Garrett, por via paterna. Foi o primeiro bispo de Angra natural dos Açores e o único até à nomeação do atual.
Obras principais: Manuscritas: Cartas a António Ribeiro dos Santos, Diário da jornada para o Loreto, Diário da viagem de Cadiz a Genova, Manifesto justificativo que fez D. Fr. Alexandre Missionario de Brancanes, e bispo de Malaca, a Soberana quando elle se achava governador do Bispado de Angola fazendo as vezes de seu proprio bispo, Notas que se hão-de juntar aos Diários das suas viagens, Noticias de Tibuli extrahidas de Crochiante e de Fabio Croce,. Sermão na Entrada e profissão de hua religiosa, Sermão que pregou na profissão de hua religiosa do Convento de Jesus de Setuval (...) offerecido a Madre Soror Anna ... Religiosa do mesmo Convento, Sermão de Santa Anna, Sermão sobre a penitência.
Impressas: A Alcipe [poesia, com o pseudónimo Sílvio, dedicada a marquesa de Alorna, de quem foi director espiritual]. Cântico de Moisés, Devoção das Dores da Virgem Mãi de Deos por hum seu devoto, Pastoral, Stabat Mater e Historia do culto de Nossa Senhora em Portugal.
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EDUARDO BRUM
Eduardo Jorge da Silva Brum nasceu em Rabo de Peixe, ilha de S. Miguel, em 10 de Setembro de 1954. Estudou no Seminário de Angra durante nove anos, mas desistiu do sacerdócio e abandonou aquela instituição em 1974. Estudou algum tempo na Faculdade de Direito de Lisboa, participando na agitação política da época, integrado num grupo do MRPP.
Emigrou para os Estados Unidos da América, onde viveu na Nova Inglaterra durante cinco anos. Aí começou a escrever, primeiro, poesia e depois ficção, usando o pseudónimo de Vital Furão. Regressou a Portugal em 1980 vivendo em Lisboa, voltando à Universidade, mas desistiu de viver na capital e em 1989 regressou a Ponta Delgada, decidido a fundar uma empresa de publicidade. Abraçou o jornalismo, fundou um jornal, o Jornal de Ponta Delgada, mais tarde transformado em Jornal de S. Miguel e depois ainda em Expresso das Nove. É hoje, certamente, o mais conhecido jornalista açoriano, praticando um jornalismo de investigação e de crítica. É um crítico impiedoso da sociedade, dos meios literários e um defensor acérrimo das minorias e das marginalidades.
A sua poesia, que abandonou, é essencialmente experimentalista e de combate e a sua ficção, a que se dedica cada vez mais, segue a mesma linha, tendo como tema o homem, a liberdade e as difíceis relações entre as pessoas.
As principais obras literárias são: Viviana o Princípio das Coisas, O Beijo, Sem Coração e Amor Com Sapatos.
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FRANCISCO RAPOSO DE OLIVEIRA
O poeta e jornalista Francisco Raposo de Oliveira nasceu em Ponta Delgada, a 8 de Janeiro de 1888 e faleceu em. Lisboa, em 1933. O local do seu nascimento tem gerado alguma polémica porque os nordestenses reclamam para aquela vila o seu local de nascimento, por os pais serem naturais de lá, ali terem casado e vivido algum tempo. O facto, é que existe um registo de baptismo do mesmo em Ponta Delgada, na freguesia de S. Pedro, com data de 20 de Maio do mesmo ano, e ali viveu até aos 23 anos de idade. Raposo de Oliveira trabalhou como caixeiro, mas desde cedo revelou apetências literárias, publicando o primeiro livro de versos aos 17 anos. Em 1899, começou a trabalhar como redactor no jornal O Heraldo, para fundar e dirigir em 1902, o semanário A Nova. A convite do jornalista António Baptista, partiu para Lisboa, com o objectivo de colaborar na redacção e coordenação do Álbum Açoreano.
A partir de então iniciou a colaboração na imprensa da capital. Acabou por ser redactor de vários jornais. Foi um dos fundadores da «Casa dos Jornalistas», depois integrada no Sindicato da Imprensa.
A obra literária inclui poesia, ficção em prosa e teatro. Pedro da Silveira afirma que «é de entre os poetas açorianos da geração pós-simbolista, o mais açoriano de todos na temática, em especial na Via Sacra, o melhor dos seus livros. Impenitentemente romântico e sentimentalmente idealista, tinha o culto exaltado da mulher, e formalmente era parnasiano». Ocasionalmente enveredou pela poesia de carácter social.
Obras Principais: Ardentias, Natal, Orações de amor, Pão. Lisboa, Via Sacra. Lisboa e O Poeta do Só. Lisboa.
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HELENA GRAÇA RODRIGUES
Helena Graça Rodrigues nasceu na Graciosa, 11 de Março de 1870 e faleceu na Horta, em 16 de Maio de 1949. Distinguiu-se como poetisa, caricaturista e jornalista. Filha de João José da Graça herdou-lhe o vigor e o brilho do estilo. Senhora de raros dotes intelectuais, de fina sensibilidade e de requintada gentileza, que se impunha pela distinção do seu porte e pela afabilidade do seu trato. Tudo quanto era elevado a interessava; desde as Letras à Música, passando pela Arte, que conquanto não fosse uma profissional, tinha um lugar distinto no seu temperamento de verdadeira Artista. Foi uma poetisa que vivera o seu sonho de Ideal e de Beleza, lutara pela dignificação da Mulher Faialense, cantara a sua Ilha Azul (sua apesar do acaso ter feito com que nascesse na ilha Graciosa) em estrofes singelas e sinceras, fora directora de um jornal feminino, o único que se publicou neste distrito senão em todo o arquipélago. Para Rui Galvão de Carvalho «[...] a sua obra poética não é de uma verdadeira artista; neste ponto a sua forma literária mostra-se um tanto descuidada, por vezes áspera, quase prosaica, mesmo a pontuação é irregular, pelo menos caprichosa e incorrecta. Isto, evidentemente não significa ausência de inspiração, ou falta de experiência vivencial. Helena Graça Rodrigues, pelo contrário, possui, especialmente na poesia satírica, certa originalidade imaginativa e, na poesia lírica, sensibilidade vibrátil».
Fundou e dirigiu durante dez anos o quinzenário literário e humorístico O Feminino, foi redactora do Eco Cedrense e colaborou com muitas outras publicações.
Obras: Focados e Véspas e Maripôsas.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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ANTERO DE QUENTAL
Antero de Quental era oriundo de uma família ilustre ligada, desde longa data, à colonização de S. Miguel, Açores, contando-se, entre os seus antepassados, o padre Bartolomeu de Quental, introdutor em Portugal da Congregação do Oratório. Tanto o avô como o pai de Antero militaram com bravura a favor da causa liberal. Aprendeu as primeiras letras em Ponta Delgada onde teve Castilho como mestre. Em 1858, com dezasseis anos, matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e aí obteve, em 1864, o diploma de bacharel, após frequência com aproveitamento bastante modesto. Depressa se notabilizou entre a juventude estudantil pela irreverência e espírito generoso, pelo fôlego poético e talento literário, pelas causas cívicas e políticas em que participava. De espírito inconformista, avesso à estagnação e ao conservadorismo, moviam-no convicções firmes quanto ao advento de um mundo novo governado por ideais de Justiça, Liberdade e Amor que era urgente preparar.
Se foi em Coimbra, no convívio com amigos, que se revelou a enorme riqueza e complexidade do coração e inteligência do jovem Antero, foi aí igualmente que se evidenciaram sinais de indecisão quanto ao seu projecto de vida. Começava assim uma via-sacra de propósitos generosos mas pouco consequentes: projecta combater em Itália integrado nas fileiras do exército de Garibaldi; aprende na Imprensa Nacional o ofício de tipógrafo e vai exercê-lo em Paris; frequenta o Colégio de França e visita Michelet, a quem oferece as Odes Modernas; pondera inscrever-se como voluntário no exército papal; viaja depois pelos Estados Unidos da América; fixa-se em Lisboa e passa a viver em casa de Jaime Batalha Reis, o local onde se reúne o grupo do Cenáculo. Para trás ficavam as pugnas da Questão Coimbrã (1865), os assomos iberistas proclamados no opúsculo Portugal perante a Revolução de Espanha (1868), e a criação em parceria com Eça de Queirós do «satânico» Carlos Fradique Mendes, o poeta da escola de Baudelaire, autor dos «Poemas de Macadam».
O apelo da intervenção social mobiliza-lhe as energias para se envolver, a partir de 1870, em iniciativas como a fundação de associações operárias, a organização dos trabalhadores portugueses e a sua filiação na Associação Internacional dos Trabalhadores, a direção e colaboração em jornais, como sucede com a República – Jornal da Democracia Portuguesa e O Pensamento Social. É ainda no decurso destes anos frenéticos que se ocupa do Programa para os Trabalhos da Geração Nova, chamando a si o estatuto de guia espiritual da geração a que pertence. Participa também nos trabalhos que levaram à fundação do Partido Socialista. Pertence a este bem preenchido ciclo de intervenções públicas a dinamização das Conferências Democráticas inauguradas no dia 22 de Maio de 1871, no Casino Lisbonense, e compulsivamente encerradas por uma portaria do Ministério do Reino, no mês seguinte, quando Salomão Sáragga ia pronunciar a sexta conferência subordinada ao tema «Os Historiadores Críticos de Jesus». As conferências tinham um programa ambicioso cujos objetivos eram «ligar Portugal com o movimento moderno», «agitar na opinião pública as grandes questões da filosofia e da ciência moderna», «estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa». Mesmo que no imediato este programa tenha ficado por cumprir, continua a ecoar até hoje como toque de alvorada de um Portugal novo. O mesmo se pode afirmar da segunda conferência intitulada «Causas da decadência dos povos peninsulares», um dos textos anterianos mais lidos e discutidos. Aí se escalpeliza, em âmbito peninsular, o trabalho inexorável da decadência, efeito de vícios históricos que urge corrigir. Propõe, por isso, que à rigidez monolítica do catolicismo inquisitorial e tridentino se contraponha a consciência livre esclarecida pela ciência e pela filosofia, à monarquia centralizada a federação republicana, à inércia industrial o trabalho e a livre iniciativa solidária e em prol da colectividade. Apesar de leitura esquemática e ideológica da história peninsular, são páginas que dão que pensar.
Com o ano de 1874 chegava a gravíssima doença nervosa para a qual procurou assistência nos cuidados médicos de Sousa Martins, Curry Cabral e Charcot. Por causa dela, foram abandonados vários projectos, ao mesmo tempo que se intensificavam as interrogações filosóficas sobre a existência, adensadas pelas sombras do pessimismo. Intermitentemente, o poeta, o prosador e o cidadão continuam activos. A residir em Vila do Conde desde 1881, aí encontrou a calma propícia à meditação filosófica sobre questões morais e intelectuais que o ocupam insistentemente. O seu derradeiro acto de intervenção cívica foi aceitar a presidência da Liga Patriótica do Norte, função para a qual o propusera o amigo Luís de Magalhães. Participava assim na comoção patriótica que abalou o país após o Ultimatum inglês de 11 de Janeiro de 1890. E, igual a si mesmo, manifesta de modo lapidar a sua posição: «o nosso maior inimigo não é o inglês, somos nós mesmos».
Regressou aos Açores, em 1891, com destino a Ponta Delgada, onde se fixou. Nesta cidade, junto ao muro do Convento da Esperança, suicidou-se com dois tiros, no dia 11 de Setembro. O suicídio de Antero coroa uma existência densa onde a luz e a sombra, a razão e o sentimento esculpiram uma esfinge de muitos e perturbadores enigmas. O suicídio tem o valor de resposta exorbitante a dois excessos mortais do seu intenso viver: a cândida entrega à vitória final do Bem e a radical angústia quanto ao seu ansiado advento. Sagrou-se assim como o menos retórico de quantos poetas e prosadores povoam a literatura portuguesa.
A consagração de Antero como poeta passa pela publicação de duas obras desiguais e únicas quanto à forma e quanto à temática. As Odes Modernas (1865) introduziram no panorama da poética nacional uma voz de inconformismo e revolta que encontra inspiração nos acontecimentos dramáticos da cena social e política. Ao desligar-se de tópicos rotineiramente glosados pelos versejadores dos salões literários, o livro não podia passar despercebido e acabou por se transformar num dos rastilhos da polémica Bom Senso e Bom Gosto. Não obstante a reposição da obra em segunda edição, em 1875, o autor assume em relação às Odes Modernas distanciamento crítico e reconhece que «além de declamatória e abstracta, por vezes aquela poesia é indistinta e não define bem e tipicamente o espírito que a produziu». Sem nunca enjeitar o vigor revolucionário da juventude, Antero tinha entretanto crescido em ponderação filosófica e agitação interior. Data de 1886 o volume de Sonetos Completos, com prefácio de Oliveira Martins. A organização estrófica de catorze versos oferecia o molde perfeito onde podia condensar os ímpetos metafísicos e místicos de uma sensibilidade dilacerada por tensões jamais resolvidas. A consciência inquieta e sofrida que se confessa nesses versos não cabe na experiência lírica do eu individual, porque nela pulsa a universalidade transcendente da própria condição humana. Se, nos Sonetos, Antero sente o que pensa, nos ensaios filosóficos em que trabalhou durante os últimos anos, ele pensa o que sente. Homem de debate interior, peregrino do Absoluto, pensador do social e do histórico, militante do Portugal moderno, a aventura pessoal de Antero perfila-se, pelos tempos fora, como um dos mais inquietantes desafios da consciência humana.
Obras Principais: Odes Modernas, Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos, Primaveras Românticas: Versos dos Vinte Anos, Odes Modernas. 2.ª ed., Odes Modernas. 4.ª ed., Os Sonetos Completos, Sonetos, Raios de Extincta Luz – Poesias Inéditas, A Philosophia da Natureza dos Naturalistas, Prosas, Cartas, Filosofia, Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX, Política e Novas Cartas Inéditas.
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MANUEL DE ARRIAGA
Manuel de Arriaga Brum da Silveira, primeiro presidente da República Portuguesa terá nascido na Horta em 8 de Julho de 1840 e faleceu em Lisboa, a 5 de Março de 1917. Foi advogado, professor, político e escritor. O local certo do nascimento de Manuel de Arriaga continua por desvendar. O facto de ter sido baptizado na Horta levou os biógrafos a registar o seu nascimento nesta cidade, mas há testemunhos da época que referem ter nascido na ilha do Pico, na localidade do Guindaste, na casa de veraneio da família. Viveu a infância e a juventude no seio de uma família aristocrática e legitimista, mas o seu espírito romântico e liberal foi-se formando com as leituras orientadas por uma educadora americana. Na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito, em 1865, distinguiu-se como estudante de elevada craveira e, desde logo, propagandeou os ideais republicanos. Dificuldades económicas e desavenças políticas com o pai levaram-no a recorrer ao ensino para angariar os meios necessários ao seu sustento. Exerceu com prestígio a actividade de advogado em Lisboa, conjuntamente com a de professor de Inglês, no Liceu, depois de ter sido preterido nos concursos que fez para ingressar no magistério superior. Como pedagogo, fez parte da comissão encarregada da reforma da instrução secundária, em 1876. Reconhecido pelas suas qualidades, chegou a ser convidado por D. Luís para perceptor dos príncipes, mas recusou o convite por razões ideológicas. Empenhado, desde cedo, na vida política, andou ligado, em Coimbra, aos grupos de Antero de Quental e Teófilo Braga e, em Lisboa, continuou a sua militância destacando-se como orador brilhante. Participou na criação dos primeiros centros republicanos; foi um dos signatários do programa das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, em 1871; foi deputado pelo círculo do Funchal, nas legislaturas de 1882-84 e 1890-92; fez parte do Directório do Partido Republicano em 1891-94 e 1897-99. Em 5.10.1910, Manuel de Arriaga contava 70 anos de idade e não tomou parte activa no movimento que derrubou o regime monárquico. Foi incluído nas listas de deputados para a Constituinte, tendo sido eleito pelo Funchal, e exerceu os cargos de reitor da Universidade de Coimbra e de procurador-geral da República. Nas eleições para a Presidência da República não tomou a iniciativa de apresentar candidatura, mas também não recusou a proposta feita pelos seus apoiantes. Acabou por ser eleito, por escassa maioria, com os votos do Bloco Conservador, em 24.8.1911. Exercendo o mandato num período agitado da vida nacional e internacional, foi obrigado a renunciar ao cargo de presidente em 26 de Maio de 1915, na sequência de um movimento revolucionário. A atitude conciliadora que manifestou ao longo do mandato nem sempre foi bem sucedida, num período de forte luta política pela conquista do poder, em que se sucederam golpes, contragolpes e governos de várias tendências políticas. A situação agravou-se quando nomeou Pimenta de Castro para chefe do governo e este iniciou uma ditadura. A revolta contra Pimenta de Castro, acabou por atingir o presidente da República, que foi obrigado a demitir-se. No relatório/memória sobre a sua passagem pela Presidência procurou justificar as atitudes tomadas, mostrando-se bastante desgostoso com a vida política portuguesa. Revelou-se, também, como escritor e poeta, desde a sua juventude. Nas obras de poesia e prosa estão patentes as marcas da insularidade, a influência positivista, romântica e o seu espírito religioso e idealista. Obras principais: Sobre a Unidade da Família Humana debaixo do Ponto de Vista Económico, Renovações Históricas, Canto ao Pico, Cantos Sagrados, Irradiações, Na Primeira Presidência da Republica Portugueza, Literatos dos Açores, Grande Dicionário da Literatura Portuguesa e de Teoria Literária, A Ordem Pública, História de Portugal, etc.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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MADALENA FÉRIN
A poetisa e escritora Madalena Velho Arruda Monteiro da Câmara Pereira Férin nasceu em Vila Franca do Campo, ilha de S. Miguel, em 22 de Julho de 1929, tendo-se licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O seu primeiro livro publicado, Poemas, foi agraciado com o Prémio Antero de Quental, do Secretariado Nacional de Informação. Seguiram-se outros livros de poesia: Meia-noite no mar, A cidade vegetal, O anjo fálico, Pão e absinto, Prelúdio para o dia perfeito e Um escorpião coroado de açucenas.
Além da narrativa Dormir com um fauno, no género ficcional publicou até agora três romances: O número dos vivos, Bem-vindos ao caos e África Annes.
Madalena Ferin está representada em várias antologias, em especial relativas à insularidade, e tem artigos publicados na Revista Ocidente e Revista de Portugal. Com Sophia de Mello Breyner Andresen e Maria Natália Duarte Silva colaborou na programação da colecção juvenil «Nosso Mundo», na qual figuram alguns livros que também traduziu.
Segundo os críticos e analistas, a sua obra pertence à linhagem do Romantismo que se desenvolve no Surrealismo e participa do Modernismo português. Embora esta modernidade se desvincule de processos narrativos lineares e de mimetização da realidade, é forte e reconhecível a imagem dos Açores na sua obra, caso de África Annes, romance que resulta até de pesquisa em documentação histórica. Maria Estela Guedes
Obras principais: Poemas, Meia-noite no mar, A cidade vegetal e outros poemas, O anjo fálico, O número dos vivos, Bem-vindos ao caos, Dormir com um fauno, Prelúdio para o dia perfeito, África Annes: o nome em vão e Um escorpião coroado de açucenas.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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JOSÉ CAETANO DE LACERDA
O médico e poeta José Caetano de Sousa Pereira de Lacerda nasceu na freguesia da Ribeira Seca, concelho da Calheta, S. Jorge, em 21 de Julho de 1861 e faleceu no Estoril, em 12 de Julho de 1911. Formado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1894, exerceu clínica no Hospital de S. José, a partir de 1903, tornando-se notado pelos seus conhecimentos científicos, particularmente em psiquiatria. A tese de fim de curso, Os neurasténicos, marcou o rumo dos seus estudos, sendo um dos capítulos considerado como incluindo tudo quanto existia de mais moderno na ciência patológica social, na altura.
Segundo Pedro da Silveira a poesia de José Caetano Lacerda, não sendo, a rigor, simbolista, também não cabe na classificação de parnasiana, antes tipifica um momento de intervalo entre o Parnaso e o Simbolismo. Daí que Flor de Pântano nunca obtivesse dos críticos a atenção que merecia, limitando-se a arrumá-lo como «poesia científica», isto à conta apenas das expressões paramédicas contidas nos poemas. Foi considerado como um espírito superior, vibrátil, que possuía uma estranha organização de artista, uma alma de poeta, veemente e sonhadora. Flor de Pântano é um livro acima do banal, que nos impressiona, que não esquece. Deixou colaboração em várias revistas e jornais, nomeadamente no jornal A Justiça, publicado nas Velas, ilha de S. Jorge, onde colaborou, regularmente. Foi deputado eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo em 1901, nas listas do Partido Regenerador.
Obras principais: Hecatombe, a propósito do incêndio do teatro Baquet, Flor de Pântano, Lupercais, Os neurasténicos. Esboço de um estudo médico e filosófico, Bíblia Íntima, Esboços de Pahtologia Social e ideias sobre Pedagogia Geral e Algumas palavras sobre interesses açorianos pronunciadas na Câmara dos Deputados e ampliadas depois, com ligeiras notas a respeito do parlamentarismo português, e sobre a origem geológica, a situação geográfica, o clima, a flora, a fauna terrestre e marítima, o descobrimento, a colonização, a navegação, etc. do arquipélago dos Açores.
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LUÍS RIBEIRO
O etnógrafo Luís da Silva Ribeiro nasceu em Angra do Heroísmo, em 4 de Janeiro de1882 e faleceu na mesma cidade em 24 de Fevereiro de1955. Concluídos os estudos secundários em Coimbra, bacharelou-se em Direito, em 1907, tendo declinado o convite para se doutorar. Regressado à Terceira, obteve, por concurso, o cargo de Delegado-Procurador da Coroa na Relação dos Açores, embora por recomendação do Partido Regenerador. Foi também Administrador do Concelho e Comissário da Polícia de Angra, Juiz Administrativo, Chefe da Secretaria da Câmara Municipal de Angra e professor do Curso Complementar de Letras e de Canto Coral, no Liceu de Angra.
Devido à sua militância republicana e ligação ao Partido Democrático andou envolvido na administração local, quer por nomeação quer por eleição. Foi nomeado presidente da Câmara de Angra, em 1911; Governador Civil substituto, em 1913; presidente da Junta Geral, em 1914-1915, por eleição; manteve-se como procurador até se desligar do Partido Democrático, do qual havia sido líder. Manteve o seu espírito independente e liberal, embora tivesse colaborado com os organismos locais do Estado Novo, em tarefas muito concretas de carácter cultural. Em 1931, foi punido com 150 dias de suspensão, com perda de vencimentos, por ter sido acusado de facilitar a ocupação de aposentos camarários por parte dos deportados que se haviam revoltado.
Foi membro de várias instituições que reflectiam as suas preferências culturais: sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa; membro do Instituto de Coimbra-Academia Científica e Literária; Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia; Sociedade Portuguesa de Antropologia; Consejo Superior de Investigationes Cientificas (Espanha); Instituto de História e Geografia do Rio Grande do Sul; Sociedade Tucumana de Folclore (México); Clube Internacional de Folcloristas (Brasil); Academia de Mendonza (Universidade de Cuyo); Academia de Jurisprudência e de Legislação (Madrid); Instituto Açoriano de Cultura; Sociedade de Estudos Açorianos «Afonso Chaves» e Instituto Histórico da Ilha Terceira. Pertenceu à maçonaria, tendo feito a regularização ainda em Coimbra.
A intensa actividade intelectual de Luís Ribeiro levou-o a desenvolver estudos na área da História, procurando evidenciar a forte ligação histórico-cultural das ilhas açorianas a Portugal continental; sobre a jurisprudência, publicou trabalhos que mereceram referências de autores consagrados; no campo da Etnografia, deixou uma vasta e diversificada obra com análises profundas da vida açoriana. Um trabalho minucioso e seguro que mereceu a consideração de etnógrafos portugueses e estrangeiros. Na área política, publicou variadíssimos artigos onde ficaram expressas as suas discordâncias com os separatistas, pronunciou-se sobre a defesa do regionalismo e alvitrou uma série de propostas administrativas que se distanciavam das provenientes de São Miguel, de cariz autonómico mais alargado. Neste aspecto, Luís Ribeiro foi mais contido: defendeu uma descentralização municipalista, mas como não conseguiu que o projecto se concretizasse, optou pela manutenção das Juntas Gerais Autónomas, dotadas de poderes administrativos, mas fiscalizadas para evitar esbanjamentos. Uma certa descrença na capacidade dos açorianos serem capazes de se governarem a si próprios, levou-o a tomar posições que serviram os objectivos do poder centralizador. Em 1938, recebeu Marcelo Caetano e em boa medida o terá influenciado nas linhas mestras que vieram a integrar o Estatuto Administrativo de 1940.
No Correio dos Açores, jornal fundado em 1920, deixou uma vasta colaboração. Naquele periódico publicou uma série de artigos sobre o açorianismo, a construção da unidade e identidade regional e, em 1936, os Subsídios para um ensaio sobre a açorianidade. Pela lucidez e profundidade do seu pensamento, Nemésio escreveu que era «a alma e consciência da nossa ilha (Terceira) e dos Açores». Parte da sua obra foi reunida em volumes temáticos, mas existem ainda muitas dezenas de artigos dispersos pela imprensa.
Obras principais: Obras I, - Etnografia Açoriana (coordenado por João Afonso), Obras II – História (coordenado por José G. Reis Leite), Obras III, Vária (coordenado por João Afonso e Reis Leite), Obras IV – Escritos político-administrativos (estudo introdutório e coordenação de Carlos Enes).
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JOSÉ DE VASCONCELOS CÉSAR
O poeta José de Vasconcelos César nasceu em Ponta Delgada, a 29 de Março de 1906, tendo falecido na mesma cidade em 1991. Estudou na sua cidade natal e foi funcionário de Finanças. É considerado um poeta das coisas simples e de um lirismo espontâneo. Ele próprio compôs e imprimiu os seus livros de versos, tendo, em 1983, reunido a sua poesia em livro.
Também deixou inéditos vários contos, o romance Terra do Corisco e um volume de memórias. Foi, ainda, um dramaturgo muito apreciado. A sua principal obra é Poesias Completas.
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ERNESTO REBELLO
Ernesto de Lacerda de Lavallière Rebello nasceu em Lisboa, em 26 de Abril de 1842 e faleceu na cidade da Horta, 15 de Novembro de 1890. Para além de se ter distinguido como literato e jornalista, Ernesto Rebello, filho de Francisco Peixoto de Lacerda Costa Rebello, natural do Faial, advogado, e de Maria Elisa Nunes de Lavallière Rebello, natural de Cayenne, Guiana Francesa, foi funcionário da Repartição de Fazenda Distrital da Horta. Apesar de ter nascido em Lisboa é tido como um dos mais notáveis escritores «faialenses», individualidade de valor entre os representantes da escola romântica nos Açores. Como poeta, versejou com espontaneidade e simplicidade, despretenciosamente, sendo considerado como «um dos homens mais honestos, desinteressados e prestimosos [..] nas lides da imprensa».
São diversas as suas produções, umas dispersas por jornais, outras reunidas em livros e outras ainda inéditas. De entre elas tem sido destacada Notas Açoreanas, em que a história anedótica do distrito da Horta, principalmente do Faial, se encontra desenhada com colorido e sabor regionalista.
Para Henrique das Neves, a não ser este amor pelas letras e os seus afectos da família, o campo prendia-o mais do que tudo. Gostava do sossego e da solidão e trazia sempre gratas impressões do viver simples do povo, cujos costumes, lendas e crenças descreveu com especial cuidado. Era um cismador e um solitário, o que não quer dizer que não fosse expansivo com os amigos, porque o era, e contava então coisas antigas numa inesgotável cópia de factos curiosos, muitos dos quais se perderam com ele.
Ernesto Rebello era Cavaleiro da Ordem de Cristo e Comendador de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Integrava várias associações culturais e científicas, nomeadamente a Sociedade Dantesca de Nápoles, o Gremio Litterario Fayalense de que foi sócio honorário e presidente.
Fundou e dirigiu O Amigo do Povo e o Civilizador e foi redactor de A Luz e de O Grémio Literário, colaborando, em verso e em prosa, em muitos outros jornais da Horta, dos Açores e Lisboa.
Em 20 de Novembro de 1890, por decisão da Câmara Municipal da Horta, da rua denominada D. Pedro IV, a parte entre o Largo Duque d’Ávila e Bolama e a Travessa da Misericórdia, passou a perpetuar o seu nome.
Obras principais; Contos e poesias açoreanas, As noites d’El-Rei: drama histórico em 3 actos, Um padre: drama em 4 actos, A desleixada: lenda scandinava, Dahlias do convento: comédia em 3 actos, Notas Açorianas, Lajes do Pico, Museu dos Baleeiros, Aves de arribação: crónica açoriana, Scenas dos Açores (romance), Aves de arribação (romance), Soror Maria.. Urzes e silvados, Mathilde (romance,. Excentricos faialenses (contos), Os pupillos da Lucinda, O ferreiro de cima da Lomba, Uma imperatriz, O sr. Vieirinha, Flores do mato (versos), Amor filial (drama), Margarida (drama). O Sr Eleutério (comédia) e Scenas do Outono (romance).
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COELHO MENDES
Joaquim José Coelho Mendes nasceu em Angra do Heroísmo, a 12 de Junho de 1861, tendo falecido na mesma cidade, em 1890. Poeta e jornalista, cursou apenas o liceu tendo emigrado para o Brasil, em 1887, onde viveu dois anos. No regresso, adoeceu e partiu para a Madeira com o objectivo de tentar a cura. Ali casou, regressando à terra natal. A sua colaboração nos jornais açorianos encontra-se dispersa pelo Atlheta, O Imparcial, A Evolução, Diário de Notícias, Açoriano Oriental e Domingo. Foi director de O Popular, redactor da Aurora Angrense, Operário e Fraternidade Artística. No jornal A Terceira escreveu várias biografias. Foi membro da Sociedade de Astronomia de França e sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Obras principais: Poesia, Crisálidas, Flores Agrestes, O profeta, e Do berço ao túmulo – sonetos
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LUÍS CORTES-RODRIGUES
Luís Filipe Cortes-Rodrigues nasceu em Carnaxide, a 16 de Agosto de 1914 e faleceu em Gueifães, Maia, a 28 de Julho de 1991. Filho do poeta açoriano Armando Côrtes-Rodrigues, assinou a sua obra com o pseudónimo de Luís Ribeira Sêca. A sua estreia literária, com A Sombra de Afrodite, em 1950, revela uma poesia marcada por um vago romantismo que ora se orienta no sentido de um idealismo amoroso, ora questiona um Absoluto cuja inacessibilidade suscita no sujeito lírico uma perturbação que, a nível discursivo, se concretiza numa evidente retórica da interrogação. Mas outros procedimentos se registam na sua obra, a partir da inflexão registada em Recanto Tranquilo, onde com frequência o poema se constrói a partir de um dado mais concreto, de um elemento ou facto próximos do quotidiano “observado”: desse registo e onde sobressai o tom nostálgico e melancólico, ante a evidência da passagem do tempo e dos seus efeitos corrosivos.
Para além das obras referidas ainda publicou Um amor... e o outro.
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ALMEIDA FIRMINO
O poeta João Júlio Almeida Caldeira Firmino nasceu em Portalegre, em 1934 e faleceu em São Roque, ilha do Pico, em 1977. No liceu de Portalegre, onde não chegou a concluir o ensino secundário, foi aluno de José Régio que acabou por influenciar o seu gosto pela escrita. Nessa altura publicou os seus primeiros poemas e, em 1953, rumou em direcção aos Açores na companhia do pai que foi colocado na secretaria do tribunal de Angra do Heroísmo. Trabalhou na Base das Lajes e após o serviço militar regressou aos Açores. Foi então colocado em São Roque do Pico, como escriturário do tribunal, onde viveu até ao fim dos seus dias. A partir de 1957, iniciou a publicação de vários livros de poesia, que acabaram por ser reunidos, posteriormente, num só volume, com o título de Narcose. É um poeta da geração da Gávea, revista de arte de que foi um dos co-directores, conjuntamente com Emanuel Félix e Rogério Silva. Colaborou em vários jornais e revistas, considerando-se açoriano de opção. Segundo alguns críticos, a sua poesia caracterizad-se por um «idealismo humanitário, de arrepio e inquietação, formalmente de expressão moderna e vanguardista, ao mesmo tempo que pessoal» Obras principais: Saudade Dividida, Novembro, cidade dos crisântemos esquecidos, Ilha Maior, Em Memória de Mim: antologia, Não queremos bombas na cidade. Angra do Heroísmo, Ed. do Autor. (1973), Lápide para a cidade, Tailândia e Narcose, obra poética completa.
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MARIA CRISTINA D’ARRIAGA
Maria Cristina d’Arriaga nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, em 1835, falecendo na mesma cidade aos oitenta anos de idade. Nasceu no seio de uma das mais ilustres famílias faialenses, tendo revelado desde cedo uma particular sensibilidade para a poesia, tal como seu tio Miguel Street de Arriaga e seu irmão, Manuel de Arriaga. Dotada de nobres sentimentos caritativos, dedicou-se a obras de assistência social, contribuindo para a fundação de uma Cozinha Económica, destinada à protecção alimentar de pessoas indigentes. Além de uma colectânea de pensamentos, publicou em 1901 um livro de poemas a que deu o título de Flores d’Alma, um livro percorrido por um «lirismo profundo», no dizer do poeta faialense Osório Goulart.
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ERNESTO FERREIRA
Manuel Ernesto Ferreira, nasceu em Vila Franca do Campo, S. Miguel, em 28 de Março de 1880 faleceu em Janeiro de 1943. Foram seus pais Mariano José Ferreira e Maria da Glória Ferreira. Estudou no Seminário de Angra do Heroísmo, onde se matriculou em e, 9 de Agosto de 1892, Completou o Curso de Teologia e foi ordenado presbítero em 1903. Foi cura na freguesia das Furnas, S. Miguel, sendo, depois, transferido para Vila Franca do Campo, em 1905. Posteriormente e até à sua morte, ocupou-se da capelania da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo.
A geologia, a botânica e a zoologia mereceram a sua atenção a par da etnografia, do folclore, da geografia humana, particularmente da ilha de S. Miguel, e da história dos Açores. Possuía uma inteligência profunda, excelentes e apuradas faculdades de observação e de crítica e um escrúpulo científico, As suas obras, a par de serem subsídios valiosos, que ninguém que pretenda estudar os Açores pode ignorar, constituem leitura aprazível mesmo para espíritos avessos à sabedoria.
Como jornalista regional dirigiu os semanários Actualidade e A Crença, de Vila Franca do Campo, e colaborou no Autonómico, no Correio dos Açores e no Diário dos Açores.
Foi professor do Instituto Vila-franquense; secretário da Sociedade Afonso Chaves, até à sua morte, e co-director da sua revista Açoreana, sendo ainda o representante, nos Açores, do Grupo Português de História das Ciências e membro da Academia das Ciências de Lisboa.
Obras principais: Elogio Histórico de Bento de Gois, El-Rei D. Carlos I - Elogio fúnebre proferido no dia 1 de Abril de 1908, na Matriz de São Miguel, nas solenes exéquias mandadas celebrar pelo Senado de Vila Franca do Campo, Esboço duma apreciação ou o Dr. Ferreira Deusdado, educador, filósofo e escritor, Bispos filhos dos Açores, Uma família histórica; O Conde de Botelho, Um educador micaelense: o padre João José d’Amaral, A alma do povo micaelense, La pesca dell’Albacora nelle Azzorre. Venezia, Ponta Garça e a sua Igreja Paroquial, Viagem nupcial das eirós dos Açores, Gigantes dos mares dos Açores, O Coronel Francisco Afonso Chaves; O naturalista, Gafarias nos Açore), Escombrídas dos Açores, O vilão das representações populares da Ilha de S. Miguel, O arquipélago dos Açôres na história das ciências, Ápodes dos Açores, Antiguidade da poesia popular açoreana, Seláceos dos Açores, Reminiscências do teatro vicentino nos Açores, No septimo centenário de Santo António de Lisboa, Estudos filosóficos nos Açores. Esboço histórico, Doutor Alfredo Bensaúde, o professor e o mineralogista, O arquipélago dos Açores, e a vaga sísmica do 1.o de Novembro de 1755, Monumentos do passado - A igreja e o convento da Caloira na ilha de Sam Miguel, As romarias quaresmais na Ilha de Sam Miguel; Sua origem e antiguidade, Ao Espelho da Tradição, Observações sobre alguns mamíferos dos Açores e Três patriarcas do romantismo nos Açores.
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MANUEL MONTEIRO
O poeta Manuel Garcia Monteiro nasceu na Horta, em 29 de Junho de 1859, tendo falecido em Boston, em Julho de 1913. Fez os estudos no Liceu da Horta, foi funcionário público, jornalista e redactor do semanário satírico O Passatempo. O desejo de continuar a estudar na Escola Politécnica e a obtenção de um lugar de prefeito num colégio em Lisboa, fê-lo seguir para esta cidade, em 1882, onde se relacionou com intelectuais, entre os quais Fialho de Almeida que escreveu a seu respeito: «um açoriano dos mais vivos e um dos mais delicados espíritos que temos conhecido». Algum tempo depois regressou à Horta, onde fundou O Açoriano.
Em Junho de 1884, emigrou para os Estados Unidos da América. Foi convidado a redigir um novo periódico de língua portuguesa, sendo, também, tipógrafo do Boston-Herald. Trabalhando de noite e estudando de dia, formou-se em Medicina, na Escola Superior de Baltimore, actividade que exerceu em East Boston e em Cambridge. Aqui, entre a colónia açoriana, também desenvolveu grande actividade na propaganda dos ideais republicanos. Com João Francisco Escobar, fundou uma organização maçónica de que foi venerável..
Começou a publicar poesia, em 1874, no jornal O Faialense. Os seus poemas são quadros realistas de costumes e ideias do meio e da época. Pedro da Silveira considera-o lírico, mas bem melhor satírico ou humorista, um dos mais destacados parnasianos de língua portuguesa, incontestavelmente o primeiro na literatura açoriana. Dispersa pelos jornais, ficou obra vasta que ultrapassa o publicado em livro. Como cronista publicou «Cartas da América», como comediógrafo deixou duas comédias, notabilizando-se, também, como contista.
Obras principais: O Marquês de Pombal. Versos e Rimas de Ironia Alegre.
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FILIPE DE QUENTAL
Filipe de Quental nasceu em Ponta Delgada, em 24 de Maio de 1824, tendo falecido em. Coimbra, em 1892. Foi professor e poeta. Filho segundo de André da Ponte de Quental, percorreu o primeiro quartel da sua vida na sua cidade natal, sem grandes preocupações de sobrevivência. A chegada de Augusto Feliciano de Castilho a Ponta Delgada acabou por alterar o rumo da sua vida. Com a presença do poeta aumentou o seu entusiasmou pelas actividades culturais e foi dos primeiros professores a leccionar pelo método de «leitura repentina». Ligado a várias associações culturais, promoveu sessões de teatro e organizou serões literários. Incentivado por Castilho, partiu para Coimbra. Estudou Filosofia, mas formou-se em Medicina e foi lente universitário. Apesar das suas origens socais aristocráticas, defendeu as doutrinas democráticas e esteve ligado à fundação da Sociedade de Instrução dos Operários, onde leccionou gratuitamente. Membro da maçonaria, esteve ligado à loja Pátria e Caridade e fundou a loja Liberdade, de que foi venerável, através da qual combateu a influência dos jesuítas. Embora só tivesse voltado a S. Miguel uma vez, ainda no tempo de estudante, foi eleito deputado pelo círculo de Ponta Delgada, de 1865 a 1868, sem ter mostrado grande apetência para o cargo. Preferia a actividade docente e as intervenções de carácter cultural, em torno do teatro, mantendo o espírito folgazão e irreverente cultivado na cidade natal. Na tese de doutoramento, a única obra publicada, condenou o modo de cultura dos arrozais por ser atentatório da higiene e saúde pública. Como poeta, fez parte da geração romântica, com poemas dispersos pela imprensa micaelense.
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VIRGÍLIO DE OLIVEIRA
O poeta Virgílio de Oliveira nasceu na Achada de Nordeste, ilha de S. Miguel, em 10.4.1901 e faleceu em New Bedford, Estados Unidos da América, em 17.2.1967. Oriundo de uma família com muitas dificuldades económicas foi obrigado a trabalhar desde criança. Dos 13 aos 17 anos, viveu em Vila Franca do Campo, trabalhando como empregado de loja. De seguida, foi residir para Ponta Delgada, trabalhando também numa loja de fazendas e como empregado do Café Rex, passando depois para cobrador do Grémio da Lavoura. Após a reforma, embarcou para os Estados Unidos, para junto de familiares. As habilitações literárias não foram além do ensino primário, mas em Vila Franca do Campo iniciou-se nas letras, acarinhado por Cortes-Rodrigues, Urbano Mendonça e Teobaldo da Câmara. Numa primeira fase, foi influenciado por «versejadores saudosistas-nacionalistas» descobrindo, mais tarde, o modernismo. Eduíno de Jesus considera-o um poeta popular que não imitou a poesia popular mas criou-a. Usava o pseudónimo de Vital do Rio. O seu nome está ligado à toponímia da Achada.
Obras Principais: Romeiros da saudade, Musa rústica: poemas da terra, Ecos na planície, Vinha do Senho, Poemas escolhidos, Rosas que vão abrindo e Poemas dispersos.
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JOÃO PEREIRA DE LA CERDA
João Pereira de La Cerda nasceu na Horta, em 1772, onde faleceu 1776 e era filho primogénito de Joaquim Pereira de la Cerda, de origem espanhola, e de Emerenciana Dorothea Brum da Silveira. Foi capitão de milícias, possuía de ideias liberais avançadas, sendo, contudo, tolerante em questões religiosas, manifestando-se pelo pronunciamento liberal dos faialenses, dedicando-lhe, inclusivamente, várias composições poéticas. Com o restabelecimento do absolutismo retirou-se para a vida privada, passando largas temporadas na sua propriedade sita na Barca, ilha do Pico. Mais tarde, com a implantação do governo liberal, voltou à vida pública, mas a cisão acontecida no seu partido fê-lo retirar-se definitivamente.
De cultura vasta e sólida, conhecedor das literaturas inglesa e francesa, fez traduções de várias obras. Voltaire e Molière eram os seus autores favoritos, sobretudo o segundo de quem sabia de memória centenas de páginas. Grande parte da sua obra perdeu-se quando, na eminência de ser preso pelas autoridades miguelistas do Faial, a enterrou sem cuidar que ficasse devidamente protegida da humidade.
Como poeta, é considerado um autor lírico e um pouco satírico. Do que escreveu e traduziu restam menos de duas dezenas de composições poéticas. Das suas obras destacam-se sobretudo algumas traduções, entre as quais: «Retrato» de Diderot, «A monarchia dos solypsos» e «Guerra dos Deuses» de Evariste Parny, «Jorge Dandin» e «Misantropo» de Molière, «Conde d’Essex» de Thomas Corneille e «Branca e Alzyra», de Voltaire
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ANA DA COSTA NUNES
A poetisa Ana Adelina Bettencourt da Costa Nunes nasceu na freguesia das Angústias, cidade da Horta, em 29 de Novembro de 1892, tendo falecido na mesma cidade em 6 de Abril de 1977. Foi professora do ensino primário, as suas lições ficaram na memória das várias gerações que ensinou.
Os seus versos nasceram na escola parnasiana em que foi criada. O seu primeiro livro, «Arte Nova», publicado em 1922, com o título Singelos, é antecedido de um prefácio por Osório Goulart, seu professor na Escola Normal. Embora muito tivesse produzido para os jornais, só em 1975, decorrido meio século e por instâncias de padre Júlio da Rosa que prefacia, tornou público o livro de sonetos Ao Longo da Jornada e um ano depois O Meu Livro de Cantigas, onde revela recordações da sua mocidade.
Um jornal faialense caracterizou, assi, a sua poesia: «As suas mimosas produções, por vezes duma compleição varonil, e quase toda subjectiva, cantando o Amor, cujos sonhos viu realizados na companhia do marido, são de estilo leve e fácil e mesmo por isso bastante apreciados». É da sua autoria a letra do hino ao «Fayal Sport Club» que o maestro Francisco Xavier Simaria musicou.
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MANUEL JOAQUIM DIAS
Manuel Joaquim Dias nasceu na cidade da Horta, em 21 de Dezembro de1852 e faleceu na mesma cidade. em 21 de Janeiro de 1930. Oriundo de uma família pobre não lhe foi possível frequentar o liceu e, assim, logo que feito exame da 4.ª classe, foi aprender o ofício de barbeiro. Isso não o impediu, porém, de se cultivar.
Autodidacta, adquiriu uma vasta cultura literária, lendo assiduamente os melhores clássicos portugueses: Camões, Filinto, Bocage e Tolentino. Estudou inglês e francês, o que lhe permitiu conhecer as obras de Victor Hugo, Lamartine, Proudhon e Spencer. À força de leituras, acabou por adquirir uma bagagem de conhecimentos verdadeiramente excepcional, sobretudo no campo da Filosofia. Entretanto, conseguiu empregar-se como amanuense na Administração do Concelho da Horta, de que veio a ser secretário.
A sua obra poética está recolhida nos seguintes volumes: Margarida, Apoteose Humana, Telas da Vida e Ao Cair das Sombras.
Romântico, primeiro, evoluiu depois de 1884 para um parnasianismo prosaico, em que, a par com preocupações sociais, frequentemente manifesta pendor para a interpretação filosófica e as divagações científicas. Traduziu Whalt Whitman e nos seus artigos e ensaios filosófico-sociológicos há referências às doutrinas de Marx.
Apoteose Humana é a sua obra de referência, com estrofes modulares, quer sob o ponto de vista conceptual, quer sob o ponto de vista formal. Inspirando-se nas epopeias cíclicas então em voga e crente no positivismo científico, Manuel Joaquim Dias fala, no referido livro, da glorificação do homem triunfando das forças cegas de um destino cego, liberto, enfim, «evolutivamente, do grosseiro determinismo primitivo».
Jornalista, foi redactor de vários semanários, entre os quais O Açoriano e colaborou em muitos jornais e revistas açorianos e de Lisboa.
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JONAS NEGALHA
Jonas de Amaral Medeiros Negalha nasceu em 1933, na Lomba da Maia, ilha de natural da freguesia de Lomba da Maia, ilha de S. Miguel, viveu alguns anos em Ponta Delgada tendo emigrado para o Brasil e fixado residência em S. Paulo onde trabalhou e veio a falecer em 2007. Professor, escritor, poeta, começou a sua carreira literária com a publicação do livro de poemas "Versos ao Marquês de Pombal". Depois seguiu uma verdadeira carreira literária, com a publicação de outras obras, revelando-se escritor, poeta, filósofo e professor. Foi membro da União Brasileira de Escritores. As suas obras já foram traduzidas em várias línguas e, em 1970, foi candidato ao Prémio Nobel de Literatura. A sua poesia caracteriza-se pela independência estilística e ideológica e os seus versos denunciam as iniquidades sofridas pelo ser humano, sobretudo nos países sob o domínio imperialismo. A sua poesia como que carrega uma chuva de munições contra o colonialismo português em África. É possível perceber, através dos seus versos, que Ele viveu o tempo Salazar, do fascismo e do colonialismo.
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LUIZA DE MESQUITA
Luíza de Mesquita nasceu na Horta, em 1926 e faleceu no Rio de Janeiro, em 2002. Concluídos os estudos secundários no Liceu da Horta, frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, iniciando o curso de Filologia Românica, que completou Paris. Foi funcionária da embaixada norte-americana na capital portuguesa durante oito anos, em 1972 transitou para o Brasil, onde exerceu, no Rio de Janeiro e naqueles serviços diplomáticos, o cargo de assistente cultural.
O seu primeiro livro de poesia, Ondas de Maré Cheia, teve o melhor acolhimento junto da crítica brasileira. Seguiram-se Mar incerto, Areias Movediças, Tempo de Mar, Tempo de Amar, Caminhos de Mar, Bateau de papier, Cantigas de Mar e Bem-Querer, Mar de Sempre Açores e Ciclone.
São três os pilares fundamentais da poesia: o mar, o amor e a saudade. Em versos sensuais e apaixonados, que fluem em ritmo encantatório, a poetisa de Luiza de Mesquita celebra o mar – o mar das ilhas - ligado à infância enquanto paraíso irremediavelmente perdido e o seu mar interior – símbolo de um desejo pressentido e de um amor em busca da sua plenitude. Dai a navegação dos corpos que, em viagem erótica, procuram a felicidade perdida. Eis uma poesia marítima, telúrica, vigorosa e uterina. De uma sinceridade total e de uma espontaneidade absoluta.
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NUNO ÁLVARES MENDONÇA
Nuno Álvares Mendonça nasceu na Beira, Velas, ilha de S. Jorge, em 12 de Abril de 1923. Fortemente influenciado pelo pai, Rui de Mendonça, começou por se dedicar à pesca desportiva. Aos 14 anos de idade tirou a cédula marítima e, dois anos mais tarde, dedicava-se já à caça da baleia uma armação baleeira pertencente à família.
Concluiu o Curso Industrial e Comercial na antiga Escola Madeira Pinto, em Angra do Heroísmo. Cumprido o serviço militar em Évora e Vendas Novas, regressou à ilha de S. Jorge, onde exerceu, durante largos anos, intensa actividade laboral e industrial. Amante da liberdade, apoiou, na sua terra natal, as candidaturas de Humberto Delgado e Norton de Matos.
Nos anos 70 fixou-se com a família na ilha Terceira e, uma década mais tarde, na ilha de S. Miguel. Até à reforma dedicou-se à pesca atuneira, tendo sido proprietário do único navio atuneiro português com sistema de pesca de cerco e havendo com ele pescado nos mares dos Açores, Cabo Verde e Golfo da Guiné.
É autor de uma obra de referência no âmbito da etnografia marítima açoriana: Memórias de um Baleeiro. Trata-se de um documento vivo de factos vividos e sentidos pelo seu autor durante o tempo em que foi baleeiro e onde é descrito, de forma rigorosa, os processos, as técnicas, as operações e as nomenclaturas referentes à faina baleeira, a par da evocação de gentes do mar e da terra de grande riqueza humana.
Escreveu ainda Histórias de Aventuras, Contrabandos e Marinheiro em Terra, obras que referem interessantes percursos de vida vivida e de vida sonhada. Assumidamente auto-biográficas, são histórias de aventuras, memórias e peripécias que se lêem com infinito prazer.
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