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A POPULAÇÃO DAS FLORES EM FINAIS DO SEC XVII

Quarta-feira, 07.05.14

Na segunda metade do século XVII, como era de esperar, a população das duas ilhas do grupo ocidental açoriano, cresceu, significativamente. Segundo refere Frei Diogo Chagas “No Corvo era tanta a gente que, por volta de 1645, já ali não cabia”. Também nessa altura existiam nas Flores alguns lugares povoados, como as Fajãs, a Lomba e os Cedros, com povo suficiente para serem elevadas a freguesias e paróquias. Mas Frei Diogo das Chagas esclarece que “o conde de Santa Cruz, comendador das duas ilhas e senhor dos dízimos, não pretendia abdicar de parte dessas rendas e dos redízimos criando igrejas e provendo-as de párocos e curas”, pelo que não as elevava a paróquias nem a freguesias.

Pedro da Silveira calculou a população das Flores, por essa altura, em 4000 pessoas, um número muito próximo do revelado no último censos. Outros afirmam que seria de menos, talvez mesmo abaixo das 3.500 pessoas

Por sua vez o Padre Cordeiro, embora de forma confusa, afirma no capítulo II da História Insulana que a população das Flores seria a seguinte, distribuída pelos diversos povoados da ilha: Santa Cruz - mais de 200 fogos, Cedros - mais ou menos 300 vizinhos, São Pedro de Ponta Delgada- 180 fogos, Ponta Ruiva - alguns moradores, Vila das Lajens - muito mais de 300 fogos, Lomba - quase 50 fogos, Fajãs - 80 fogos. Contudo, no capítulo XI, parece esclarecer a confusão e, trocando fogos por vizinhos,  apresenta estes dados: Santa Cruz - passa de 200 vizinhos, Lajens - mais de 300 vizinhos, Lomba 50 vizinhos, São Pedro de Ponta Delgada 150 vizinhos, Ponta Ruiva 30 vizinhos, Cedros 30 vizinhos, Caveira - menos que a anterior.

No domínio civil, administrativo ou eclesiástico, as ilhas do grupo ocidental estavam sujeitas às mesmas regras que vigoravam para as outras ilhas. O grupo ocidental constituiu uma donataria quando pertenceu ao duque de Bragança pela carta régia de Janeiro de 1453,

NB – Dados retirados da Wikipédia

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publicado por picodavigia2 às 01:06

ALFRED LEWIS

Sábado, 03.05.14

Alfred Lewis foi um notável escritor, tendo-se distinguido, sobretudo, como romancista, contista, poeta e dramaturgo. Nasceu na freguesia da Fajãzinha, na ilha das Flores, em 1902, com o nome de Alfredo Luís. Emigrou para os Estados Unidos aos 19 anos de idade, em 1922, nos últimos anos da segunda onda de emigração portuguesa para aquele país norte-americano. Lewis era filho de um baleeiro, também ele imigrante e pertencente à primeira onda ligada à indústria baleeira americana, cujos grandes barcos faziam escala nas Flores e nas outras ilhas açorianas para reabastecimento de água e géneros frescos e recolha de tripulantes. Alfred Lewis formou-se em Direito e exerceu o cargo de Juiz Municipal, granjeando, como profissional, um notável êxito. Mas foi nas letras. Que se notabilizou e tornou conhecido nos Estados Unidos Com efeito, Lewis tornou-se o primeiro e único imigrante português a conquistar a atenção do público americano. É autor de contos publicados numa revista literária de prestígio nacional, Prairie Schooner, tendo estes relatos dramáticos, que descrevem uma sociedade multi-racial, composta de mexicanos, portugueses, arménios e anglo-americanos, merecido referência numa antologia de grande renome, The Best American Short Stories, dois anos seguidos, em 1949 e 1950. Lewis foi também poeta prolífico, com composições escritas nas suas duas línguas e publicadas em jornais e revistas de língua inglesa e portuguesa. Muitos desses poemas, que frequentemente lembram a sua terra de origem idealizada pela saudade, foram reunidos postumamente, em 1986, por Donald Warrin, da Universidade de Califórnia, em Berkeley, sob o título sugestivo de Aguarelas Florentinas e Outras Poesias.  

Mas foi a publicação do romance, Home is an Island, pela prestigiada editora Random House, em 1951, na mesma colecção e no mesmo ano em que saíram romances de grandes autores norte-americanos como William Faulkner e J. D. Salinger, que o lançou Lewis para a ribalta do reconhecimento nacional e o consequente estatuto do autor luso-americano, imigrante, mais importante do século XX. Trata-se de um romance autobiográfico cujo protagonista, um jovem açoriano, está prestes a emigrar para a América, Home Is an Island descreve a vida numa pequena aldeia nos Açores, no princípio do século XX.

Este romance mereceu mais de oitenta recensões em alguns dos jornais mais influentes nos Estados Unidos. O New York Times declarou que, "O estilo de Lewis e a qualidade da narrativa são refrescantes. Algumas das suas passagens descritivas, de uma simplicidade cristalina e ricas em imagens, transmitem o lirismo da poesia." O Chicago Sunday Tribune acrescentou que, "É o tipo de livro que delicia. O Sr. Lewis conseguiu transmitir de forma bem-sucedida os `sentimentos' das pessoas simples que ainda vivem em comunhão com a natureza..."; enquanto o San Francisco Chronicle asseverava que "o romance é um esforço pioneiro deste grupo em particular," referindo-se aos luso-americanos, terminando com a esperança de que Lewis "viesse a inspirar outros descendentes de Camões . . . a empunharem a pena, a fim de explorar e relatar a história dos pioneiros portugueses na Califórnia."

Na contracapa de Home is an Island, Alfred Lewis promete uma sequela que colocaria o protagonista na Califórnia, permitindo assim explorar as experiências dos portugueses na sua pátria adoptiva. Essa narrativa, The Land Is Here, passou por várias metamorfoses, ao longo de muitos anos, mas nunca foi publicada. No entanto, muitas das personagens e o fio condutor do enredo foram integrados em Sixty Acres and a Barn, publicado postumamente em 2005 pela Universidade de Massachusetts Dartmouth, local onde se encontra o espólio literário de Alfred Lewis. A sua intenção parece clara: Lewis pretende homenagear as almas corajosas que haviam deixado para trás família, amigos, todos os vestígios da sua antiga existência, com o intuito de trocaram tudo por uma nova vida na América que então era vista como "Terra Prometida," como se lê em Home Is an Island.

Sixty Acres and a Barn é um romance de formação que conta a história de Luís Sarmento, imigrante açoriano que encontra na América um espaço de tolerância, prosperidade e realização amorosa. Este pioneiro tratamento literário da agro-pecuária é levado a cabo de uma forma memorável, numa prosa ao mesmo tempo lírica e realista, onde se depara com a representação de obstáculos enfrentados por uma comunidade portuguesa que vive um tanto isolada entre duas culturas. Sixty Acres mantém muitas das qualidades de Home is an Island, incluindo a sua prosa lírica, mas transmite também a dura realidade da vida dos portugueses naquele lado do Atlântico, por volta de meados do século XX. Dessa forma, o romance constitui uma contribuição valiosa para as letras étnicas da época pós-guerra, tornando Lewis o precursor de outros ilustres escritores luso-americanos, embora já da segunda e terceira gerações.

Na realidade, o apelo à criação de uma literatura luso-americana, em inglês e ao mais alto nível estético, só foi feito muitos anos mais tarde.

A freguesia da Fajãzinha tem em Alfred Lewis um dos seus filhos mais ilustres e disso se pode ufanar.

 

NB - Dados retirados do CCA – Cultura Açores

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publicado por picodavigia2 às 19:56

MONSENHOR CAETANO TOMÁS

Domingo, 27.04.14

Francisco Caetano Tomás, cónego da Sé de Angra e Monsenhor, nasceu na freguesia do Lajedo, concelho das Lajes, ilha das  Flores, Açores, a 12 de Setembro de 1924. Para além de professor no Seminário de Angra e do Liceu da mesma cidade, destacou-se, também, no campo do aconselhamento psico-social no âmbito da acção pastoral católica. Embora seja por vezes referido como "psicólogo", não detém curso superior em Psicologia nem está inscrito na Ordem dos Psicólogos Portugueses, formou-se sim em Filosofia e Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma.

Monsenhor Caetano Tomás, como é mais conhecido, completou os seus estudos iniciais no Seminário Episcopal de Angra, na ilha Terceira, tendo de seguida estudado em Roma, de 1947 a 1954, na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde se licenciou em Teologia e Filosofia. Fez também alguns cursos de Matemática, Física e Métodos Científicos na Universidade de Roma.

Regressou aos Açores em 1954, fixando-se em Angra do Heroísmo, onde iniciou a sua carreira de docente no Seminário Episcopal de Angra. Foi também docente, de Psicologia, na Escola do Magistério Primário de Angra do Heroísmo e na Escola Superior de Enfermagem daquela cidade,

Para além da sua actividade docente, destacou-se na introdução do aconselhamento psico-social, especialmente em matérias matrimoniais e de família, no âmbito da acção pastoral da Igreja Católica Romana, no âmbito da qual foi nomeado cónego da Sé Catedral de Angra e distinguido com o título eclesiástico de monsenhor.

Nesse mesmo campo, sempre no contexto das suas funções eclesiais, participou em múltiplos programas sobre Psicologia na rádio e na televisão, e realizou acções de formação nessas matérias para docentes dos ensinos básico e secundário e para o público em geral.

Desde 1980 que é o principal orientador dos "Cursos de Preparação para o Matrimónio", obrigatórios para os nubentes que pretendam casar no rito católico na Diocese de Angra, É actualmente director do jornal ergoterápico O Irresponsável, da Casa de Saúde de São Rafael, em Angra do Heroísmo.

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publicado por picodavigia2 às 23:50

A FREGUESIA DO MOSTEIRO - ILHA DAS FLORES

Quarta-feira, 29.01.14

O Mosteiro, em população, é a freguesia mais pequena dos Açores e uma das menores de Portugal, uma vez que, de acordo com os últimos censos, tem apenas a módica quantia de 43 habitantes, numa área de 6,20 km², o que lhe dá uma densidade populacional de 6,9 hab/km².

Situada na costa sudoeste da ilha das Flores, o Mosteiro apresenta-se como local de uma beleza paisagística bucólica e idílica, com as casinhas muito brancas, plantadas entre o verde das relvas, dos milheirais e dos batatais, delineada pelo mar e pela rocha dos Bordões e por muitas outras formações graníticas, altas e imponentes, que por ali proliferam. Como paróquia católica, o Mosteiro tem como orago a Santíssima Trindade, embora a festa principal fosse, outrora, de homenagem a Santa Filomena, o que na década de cinquenta trouxe alguns dissabores e um ou outro amargo de boca à população, acabando por fazer desaparecer a festa, na altura em que foi posta em causa a idoneidade e a veracidade histórica da santa virgem e mártir, dada a conhecer ao mundo através das revelações pela Serva de Deus Maria Luísa de Jesus.

O seu nome, que em tempos se designou Mosteiros, parece derivar de uns imensos rochedos que delimitam a freguesia, a nordeste e, que vistos do mar se assemelham a torres de um gigantesco edifício monástico. Esta origem é comprovada pela tradição local e pela semelhança com o topónimo Mosteiros, aplicado a uma freguesia da costa ocidental da ilha de São Miguel, cujo nome, segundo consta, também tem a sua origem nuns grandes rochedos que formam os ilhéus dos Mosteiros. Esta ligação onomástica entre as duas localidades é reforçada pela origem do primeiro povoador da vizinha freguesia, do Lajedo, João Soares, que ali se fixou vindo do então lugar dos Mosteiros, em São Miguel.

Esta zona da costa ocidental das Flores, onde está localizada a freguesia do Mosteiro e a sua vizinha do Lajedo, assim como os lugares da Costa, do Campanário e da Caldeira, este actualmente despovoado, é extremamente alta e rochosa. Por essa razão, cuida-se que terá começado a ser desbravada, apenas, em meados do século XVI, com os primeiros núcleos populacionais estáveis a surgirem nas primeiras décadas do século seguinte. Assim, o lugar do Mosteiro, só surge, estruturado como povoado, em Julho de 1676, altura em que é desanexado da freguesia das Lajes das Flores, a que pertencia, apesar da grande distância a que se situava e dos maus caminhos por que se ligava. Por essa altura, ao ser desintegrada das Lajes, foi incluído e passou a integrar a paróquia das Fajãs, então com sede na igreja de Nossa Senhora dos Remédios da Fajãzinha e que para além destas duas localidades, ainda incluía a Fajã Grande.

Como a população do Mosteiro, apesar de nele se incluir também o local da Caldeira, não crescesse significativamente, aquela localidade manteve-se como curato da paróquia da Fajãzinha, ao longo dos séculos seguintes, mesmo depois de se desanexar a Fajã Grande. Este travo tornou-se amargo para o Mosteiro, cerceou-lhe os horizontes de crescimento e desenvolvimento e manteve a localidade como uma comunidade pequena e pobre, onde os habitantes retiravam o seu sustento dos campos, dos matos e, num caso ou outro, da pesca. Segundo o padre José António Camões, quando o Mosteiro foi elevado a freguesia, possuía apenas 31 fogos, com 83 homens e 92 mulheres, acrescentando que “tem 8 casas de telha, e nenhum homem calçado”.

Assim o Mosteiro foi elevado a freguesia, apenas devido à filantropia do aventureiro António de Freitas, um ex-seminarista nascido precisamente no lugar do Mosteiro, freguesia da Fajãzinha, que esteve emigrado em Macau, onde fez grande fortuna no tráfico do ópio e na compra de crianças pagãs. No ano de 1846, tendo regressado às Flores, decidiu financiar a construção de uma igreja condigna no Mosteiro, dedicando-a à Santíssima Trindade, em sinal de reconhecimento por ter conseguido salvar todos os seus bens. Foi assim que o pequeno povoado veio a dispor do templo que hoje de forma algo incongruente marca a paisagem da freguesia.

Reunindo 90 fogos e cerca de 300 habitantes e dispondo de igreja e cemitério, em 1850, por decreto da rainha D. Maria II de Portugal datado de 23 de Outubro daquele ano, o Mosteiro foi elevado a paróquia, formando, conjuntamente com o lugar da Caldeira, uma nova freguesia. O decreto muda o nome à localidade, cuida-se que por um erro, já que o lugar dos Mosteiros dá lugar à freguesia do Mosteiro. Porque o templo edificado por António de Freitas se encontrava decentemente ornado e provida de paramentos e mais alfaias litúrgicas necessárias para o Culto Divino, a paróquia o Mosteiro foi, também, desanexado da Fajãzinha, por alvará do bispo de Angra, D. Frei Estêvão de Jesus Maria, datado de 18 de Novembro desse mesmo ano de 1850. A ermida inicial foi melhorada por iniciativa do padre Caetano Bernardo de Sousa, que paroquiou no Mosteiro de 1896 a 1915, tendo acrescentado então uma nova capela-mor, retábulos e uma sacristia. O retábulo da capela-mor, concluído em 1906, é da autoria do artista faialense Manuel Augusto Ferreira da Silva. O cemitério da localidade recebeu o seu primeiro enterramento a 8 de Outubro de 1847.

Como todas as restantes freguesias do concelho das Lajes, o Mosteiro esteve integrado no concelho de Santa Cruz das Flores, no período que mediou entre 18 de Novembro de 1895 e 13 de Janeiro de 1898, durante o qual aquele concelho esteve suprimido.

No período de 1893 a 1896 foi pároco do Mosteiro o contista e escritor picoense, Francisco Nunes da Rosa, onde o seu primeiro livro “Pastoraes do Mosteiro”, uma das obras-primas da literatura contista açoriana, foi escrito.

Para além da igreja paroquial da Santíssima Trindade, a freguesia dispõe de um império do Divino Espírito Santo e vários moinhos de água, localizados junto às ribeiras que por ali abundam, mas hoje abandonados. Muitas das casas mantêm traços típicos, sobretudo nos arcos das portas e no cemitério existe um interessante monumento em memória de António de Freitas. Para além da festa da Santíssima Trindade, a freguesia celebra anualmente as grandes festividades do Divino Espírito Santo, centradas em torno do seu império, e a Festa de São Pedro.

Mas impressionantemente notável é o património paisagístico que rodeia a freguesia, com paisagens de grande equilíbrio, marcadas pelos pináculos e agulhas rochosas que deram o nome ao lugar. Os mais notáveis são o Cabeço do Sinal, o Cabeço da Muda e os panoramas que se gozam do Portal Poio e da Cruz dos Bredos. A freguesia mantém activo um Grupo de Foliões para abrilhantar as suas festas do Divino Espírito Santo, tradição multissecular. O rico artesanato tradicional da costa ocidental das Flores, com cestaria em vime, colchas em tear, rendas e bordados, encontra-se em decréscimo devido ao despovoamento e pelo crescente desenraizamento da população. O mesmo acontece com a gastronomia local, em tempos caracterizada por confecções como inhame com linguiça, feijão com cabeça de porco, sopas de agrião de água e de couve, torta de erva do mar, bolos caseiros, filhós de entrudo e folar da Páscoa.

 

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publicado por picodavigia2 às 21:27

ILHA DAS FLORES SEM BANDEIRA AZUL

Domingo, 26.01.14

As 27 zonas balneares dos Açores que se candidataram este ano ao galardão da Bandeira Azul foram todas aprovadas pelo júri internacional deste certificado de qualidade ambiental, que distingue o esforço de diversas entidades para a melhoria do ambiente marinho e costeiro.

 A Bandeira Azul é atribuída anualmente às zonas balneares, marinas e portos de recreio que apresentam a sua candidatura e cumprem um conjunto de critérios de natureza ambiental, mas também de segurança e conforto dos utentes e de informação e sensibilização ambiental.

Em Portugal, a organização do programa Bandeira Azul é da competência da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), estando a coordenação nos Açores a cargo da Secretaria Regional dos Recursos Naturais, através da Direcção Regional dos Assuntos do Mar.

Para as zonas balneares são considerados critérios que abrangem quatro capítulos: qualidade da água, informação e educação ambiental, gestão ambiental e equipamentos, segurança e serviços.

Nos Açores há cinco bandeiras a menos que em 2012, “porque o município da Praia da Vitória não conseguiu reunir condições para se candidatar”, disse o presidente da ABAE.

As zonas balneares das ilhas do Corvo e das Flores voltam em 2013 a não ter qualquer bandeira azul, nem sequer as entidades públicas realizaram nenhuma candidatura ao galardão.

Recorde-se que a Região Autónoma dos Açores estreou-se com o hasteamento da Bandeira Azul no ano de 1988 com três bandeiras, atingindo em 2009 o maior número de galardões atribuídos .

A ilha das Flores situa-se no Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores, sendo a maior das ilhas que compõem aquele Grupo. Ocupa uma área de 141,7 km², na sua maior parte constituída por terreno montanhoso, caracterizado por grandes ravinas e gigantescas falésias. O ponto mais alto da ilha é o Morro Alto, a 914 m de altitude. A população residente é de 3 995 habitantes (2001), repartindo-se pelos concelhos de Santa Cruz e Lajes das Flores. É frequentemente considerada como o ponto mais ocidental da Europa (obviamente fora do continente europeu) e uma das mais belas do arquipélago, cobrindo-se de milhares de hortênsias de cor azul, que dividem os campos ao longo das estradas, nas margens das ribeiras e lagoas.

Fontes: - «Açoriano Oriental», «Jornal Diário», GACS (Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores) e Forum Ilha das Flores.

 

Texto publicado no Pico da Vigia em Maio de 2013

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publicado por picodavigia2 às 10:41

O PADRE FRANCISCO CONSTANTINO KORTH

Domingo, 19.01.14

Um dos mais insignes sacerdotes da ilha das Flores, do século XX, foi o padre Francisco Constantino Korth. Nasceu a 31 de Julho de 1881, na freguesia da Caveira, concelho de Santa Cruz das Flores, sendo de ascendência alemã, por parte da mãe. Em 1896, terminada a instrução primária, ingressou no Seminário de Angra do Heroísmo, onde se destacou pela sua inteligência e sucesso nos estudos. Em 1905 concluiu, com notável êxito e elevada classificação, o curso do Teologia, sendo pouco depois ordenado presbítero, regressando às Flores, onde celebrou a Missa Nova e iniciou a sua pregação pelas igrejas da ilha. Algum tempo depois, foi nomeado responsável pelo recentemente criado curato da Fazenda das Lajes das Flores, sendo o primeiro sacerdote a prestar serviço religioso, por nomeação, naquela localidade. Por essa razão foi inaugurada nesse ano, sob a presidência do ouvidor das Lajes, padre Filipe Madruga. a nova igreja daquela localidade, sendo pregador o próprio padre Korth.

A acção do cura Francisco Korth, na localidade da Fazenda, foi notável, pois para além de completar as obras da nova igreja, nomeadamente a construção os altares laterais e a aquisição de imagens e alfaias litúrgicas, lutou arduamente pele elevação da localidade da Fazenda, a freguesia e a paróquia. Infelizmente não o conseguiu, dado que a Fazenda só se constituiu como paróquia em 1959. O padre Korth manteve-se como cura da Fazenda das Lajes, durante toda a sua vida, embora conste que tenha rejeitado diversos convites promocionais e prescindido de colocações noutras localidades maiores, mais importantes e mais prestigiosas. Exerceu, no entanto, o cargo de Ouvidor das Lajes, durante vários anos.

Por tudo isto, o padre Korth gozava de grande respeito, prestígio e admiração, não apenas na Fazenda mas em toda a ilha das Flores, incluindo a Fajã Grande, onde se deslocava com muita frequência, sobretudo devido â sua amizade com o padre Bizarra. Aliás, na década de cinquenta ainda se ouviam ecos da sua competência e dignidade e sobretudo da sua erudita e eloquente oratória. A qualidade da sua pregação depressa se divulgou pela diocese, sendo, na altura, considerado um dos melhores e mais prestimosos pregadores dos Açores. Para além de elevada qualidade literária, os seus sermões eram ricos de conteúdo, seguindo sempre com rigor a doutrina cristã e as orientações religiosas e respeitando a hierarquia da Igreja Católica. Escrevia previamente os sermões de maior responsabilidade, fazendo-os com o brio e a dignidade que o caracterizavam, valorizando-os com os seus dotes naturais. Era um óptimo mestre no português e no latim, possuindo primorosos dotes oratórios, designadamente uma excelente dicção que muito o valorizava como pregador.

Conta-se, que certo dia, quando se encontrava a proferir no púlpito da igreja Matriz de Santa Cruz o sermão da Paixão, na Sexta-Feira Santa, certamente por ter visado o poder constituído com alguma afirmação proferida, foi-lhe dada, de imediato, voz de prisão pelo Administrador do Concelho. Mesmo do púlpito, depois de afirmar calmamente que se apresentaria logo que concluísse o sermão, o Padre Korth continuou a sua pregação. Seguidamente, descendo as escadas do púlpito e despindo as vestes religiosas, apresentou-se à respectiva autoridade.

A sua bondade, a sua sabedoria e a sua dignidade fizeram com que, em 1928 o Padre Korth fosse nomeado de Administrador do Concelho das Lajes das Flores, cargo que ocupou por mais de uma vez, sempre com isenção e justiça, não obstante nenhum outro benefício concelhio lhe ser particularmente atribuído nessa qualidade.

Diziam os que com ele privaram que era elegante e vestia a rigor, mantendo sempre o seu estatuto de clérigo, sem se envolver demasiado, respeitando todos para assim também ser respeitado e admirado quer por colegas ou superiores hierárquicos, quer por simples humildes paroquianos ou pelos amigos. Era considerado um excelente e credível conselheiro para os seus paroquianos e amigos e, muito especialmente, para todos os que para esse efeito o procuram. Uma das suas preocupações foi a educação e formação da juventude, pelo que ainda hoje é considerado, devido à sua influência como educador e disciplinador, como o responsável pelo progresso educativo, instrutivo e cultural dos jovens fazendenses.

À semelhança de outros sacerdotes do seu tempo, entre 1 de Julho de 1938 e 1 de Abril de 1940 visitou a Califórnia, onde tinha familiares e amigos e onde proferiu brilhantes e fluentes sermões, deixando em todos os que o ouviram saudosas recordações açorianas.

Faleceu subitamente em 16 de Janeiro de 1946, e os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério da freguesia da Fazenda. Francisco Korth deixou o seu nome ligado a excelentes poemas religiosos cantados, na altura, nas igrejas florentinas.

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publicado por picodavigia2 às 14:11

AS FILARMÓNICAS DO CONCELHO DAS LAJES DAS FLORES

Segunda-feira, 06.01.14

Das onze Filarmónicas fundadas na ilha das Flores, ao longo da sua história, cinco pertenciam ao concelho das Lajes. No entanto, destas apenas uma ainda está em actividade – a filarmónica União Operária de Nossa Senhora dos Remédios, da Fajãzinha - aliás a única filarmónica sobrevivente de todas as que existiram na maior ilha do grupo ocidental, açoriano. Essas filarmónicas foram as seguintes:

Filarmónica Nossa senhora do Rosário, das Lajes – Esta filarmónica foi fundada nos finais do século XIX, por volta do ano de 1885, sendo na altura pároco nas Lajes o padre Tomé Gregório de Mendonça. Na sua criação esteve um grupo de lajenses, entre eles João Maurício de Fraga, Lúcio Maurício da Câmara, José Pimentel Soares e José Francisco Pereira. Organizada de forma insipiente e pouco organizada, a filarmónica decaiu, alguns anos depois, sendo reorganizada nos primórdios do século XX, sob a direcção de Jerónimo Lino de Freitas. Depois de mais uma década de actividade, voltou a dissolver-se para ser novamente reorganizada em 1932, sob a égide do professor Manuel da Silva Júnior e pelo pároco de então, padre José Francisco Soares, mantendo-se em actividade até 1958. Sob a direcção do padre Luís Pimentel Gomes, também pároco das Lajes, nessa altura, foi reactivada, mantendo-se em actividade até aos finais do século passado.

Filarmónica Lombense Manuel Martins, da Lomba – Foi fundada em 1931 pelo pároco de então, padre Francisco Vieira Soares, natural das Lajes do Pico, que ali paroquiou alguns anos. Mais tarde foi transferido para a Piedade do Pico onde fundou uma outra filarmónica a União da Piedade. Os fundos para a compra do instrumental foram obtidos por emigrantes florentinos nos Estados Unidos e teve em Manuel Martins que ofertou os primeiros 22 instrumentos, o seu principal benfeitor. Essa a razão porque recebeu o seu nome. A sua apresentação em público, com instrumental branco, o que era inédito no distrito da Horta, ocorreu no dia da festa do padroeiro, São Caetano, 7 de Agosto. Na organização e primeiros ensaios, o padre Francisco Vieira Soares foi auxiliado por Lino Augusto Santos. Esta filarmónica deslocou-se por várias vezes à fajã Grande para actuar na Festa da Senhora da Saúde. Em 1949, porém, ao ser convidada mais uma vez para abrilhantar aquela festa e depois de confirmar a sua presença, acabou por faltar nas vésperas daquela festa, sendo impossível, nessa altura, contratar outra. O povo ficou triste e revoltado a tal ponto que decidiu criar uma Filarmónica na própria freguesia.

Filarmónica União Fazendense da Califórnia, da Fazenda: Foi fundada, na Fazenda das Lajes, em 1938, por José Arlindo Armas Trigueiro, Francisco de Freitas Silva, António Rodrigues Gomes, Francisco Coelho Gomes e Luís Armas Gomes. Manteve a\sua actividade até 1961, sendo reorganizada, alguns anos depois, pelo pároco, padre José Vieira Gomes. Foram seus regentes José Armas Trigueiro, José Nunes da Silva e José Francisco da Rosa.

Filarmónica Nossa Senhora da Saúde da Fajã Grande – Foi fundada em 1951, fazendo a sua apresentação no dia 7 de Setembro desse ano. O instrumental e equipamento foi pago com o leite do primeiro domingo de cada mês, pelos sócios da Cooperativa de Lacticínios. Após várias interrupções, foi reactivada em 1979, sendo, nessa altura mudada a sua sede, da Casa do Espírito Santo de Cima para o antigo palheiro de gado do David, na loja da casa do António Teodósio, na Fontinha. Foram seus regentes, inicialmente José Mancebo Fagundes e, após a sua reactivação, José Lourenço Fagundes.

Filarmónica União Operária Nossa Senhora dos Remédios, da Fajãzinha – Foi fundada e inaugurada em 1953. Depois de alguns anos de inactividade, foi reorganizada em 1985, sendo a única filarmónica da ilha que se mantem em actividade, abrilhantando, actualmente, com um calendário muito preenchido, todas as festas da ilha. Depois da extinção da Filarmónica da Fajã Grande, alguns músicos, transitaram para a da Fajãzinha, ajudando assim a que esta sobrevivesse até aos tempos actuais.

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publicado por picodavigia2 às 15:50

NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PADRE FRANCISCO VITORINO VASCONCELOS

Sábado, 04.01.14

Hoje, dia 2 de Julho, faz cem anos que nasceu na freguesia da Lomba, concelho de Lajes, ilha das Flores, o Padre Francisco Vitorino Vasconcelos, professor do Seminário de Angra durante 21 anos e pároco de Santa Cruz das Flores cerca de duas décadas e meia. Fui seu aluno durante dois anos.

Vitorino Vasconcelos fez os seus estudos primários na escola da sua freguesia, sendo dos poucos alunos que, na altura, na ilha das Flores, teve o privilégio de fazer o exame final, na altura 3ª classe, tendo para tal, que se deslocar à vila de Santa Cruz. Esse exame, no entanto, era condição necessária para prosseguir os estudos, o que permitiu ao jovem Francisco, já com quinze anos, ingressar no Seminário de Angra do Heroísmo, onde, segundo rezam as crónicas, terá sido um aluno brilhante, sobretudo na área das ciências geográfico-naturais, pelas quais sempre manifestou grande paixão e interesse.

Ordenado sacerdote, em Junho de 1937, na Sé Catedral da Angra do Heroísmo, celebrou a Missa Nova na freguesia da Lomba, algum tempo depois, sendo, nesse mesmo ano, nomeado Prefeito dos “Miúdos”, no Seminário de Angra, passando a leccionar, no mesmo estabelecimento, as disciplinas de Físico-Química, Ciências Naturais e Latinidade. Durante alguns dos anos que viveu no Seminário exerceu, em simultâneo, o cargo de vigário cooperador da paróquia da Conceição, da mesma cidade.

No Seminário dedicou-se ao estudo, à investigação e ao ensino, sendo também o responsável pelo laboratório, cujas instalações funcionavam na sala oito, junto à Biblioteca. O padre Vitorino revelou-se, sempre como um estudioso e um investigador de grande capacidade e conhecimentos, dedicando a essas actividades um dinamismo invulgar, uma paixão contínua e uma entrega permanente. Pessoalmente, tive o privilégio de ser seu aluno e pude aperceber-me como ele se esforçava por, através do estudo, da observação e da experiência, melhorar os seus conhecimentos e a sua cultura, para assim melhor os transmitir aos alunos. Era também um apaixonado pela fotografia que guardava sob a forma de diapositivos, fruto da pesquisa e observação realizadas durante vários anos, como entretenimento nas suas horas vagas e com os quais enriquecia as próprias aulas

Apesar de ter voz monótona e ser pouco cativante na sua forma de expor, preparava muito bem as aulas, demonstrava os postulados com experiências diversas, dominando com profundidade a matéria que se propunha transmitir. Era também um bom orador, sendo muito solicitado pelos párocos das Flores, nas férias de Verão, para pregar nas várias paróquias da ilha, sobretudo por altura das festas. Preparava com cuidado e esmero os sermões que proferia, utilizando linguagem erudita e cuidada mas simples e adequada.

 Em Junho de 1962, depois de intensa e profícua actividade ligada ao ensino no Seminário Diocesano, foi colocado como pároco da Matriz de Santa Cruz das Flores onde, apesar de cansado e doente, assumiu ainda o serviço sacerdotal da paróquia da Caveira e do curato da Fazenda de Santa Cruz, exercendo durante alguns anos o cargo de Ouvidor Eclesiástico, passando também a leccionar no Externato da Vila as disciplinas de Físico-Químicas e Ciências Naturais.

Segundo o testemunho de alguém que, como eu, também lidou de perto com ele: “O padre Vitorino era obstinado, mas inteligente e comunicativo, mostrando-se sempre disposto ou mesmo entusiasmado nos ensinamentos que a sua elevada cultura lhe permitia transmitir. Fazia-o discreta e habilmente, mesmo nas ocasiões em que entendia serem esses ensinamentos úteis ou necessários, sem que tivessem de lhos pedir. Bastava-lhe compreender que o seu interlocutor os desejava receber ou que os desconhecia e que os mesmos lhe poderiam ser úteis.”(1)

Cansado, doente, envelhecido e amargurado, em Agosto de 1987, abandonou o pastoreio na paróquia de Santa Cruz e fixou-se em Angra do Heroísmo, passando a residir em casa de um sobrinho, onde veio a falecer com 79 anos de idade em 10 de Dezembro de 1991.

Tive oportunidade e o privilégio de, em jovem, conviver com ele, nas aulas, como seu aluno e fora das aulas, como amigo e conterrâneo, tendo inclusivamente estabelecido sempre com ele relações de amizade, de consideração e de estima recíproca. Disponibilizou-me sempre, tanto como professor, tanto como amigo, um carinho e uma atenção, muito especiais, talvez por sermos da mesma ilha. Nesses contactos, fui testemunho da sua jovialidade, do seu espírito jocoso e de fina piada, assim como duma elevada cultura de que era detentor. Como sacerdote viveu, essencialmente, para servir e ensinar, prestando assim relevantes serviços à Diocese de Angra e aos Açores.

Agora e por altura do centenário do seu nascimento, creio que lhe deva ser prestada, por quem de direito, a justa homenagem que merece, pese embora a Junta de Freguesia da Lomba, já tenha atribuído o seu nome ao largo fronteiriço à igreja.

(1)     – Testemunho de José Arlindo Armas Trigueiro in “Florentinos que se Distinguiram”.

Texto publicado no Pico da Vigia, em 02/07/12

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publicado por picodavigia2 às 00:23

O POVOAMENTO DA ILHA DAS FLORES

Terça-feira, 17.12.13

As duas ilhas do Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores - Flores e Corvo - foram as últimas a serem encontradas ou descobertas, o que terá acontecido no ano de 1452, quando do retorno da viagem de exploração de Diogo de Teive e seu filho, João de Teive, à Terra Nova. No início do ano seguinte, a 20 de Janeiro de 1453, D. Afonso V, rei de Portugal, fez a doação das ilhas de "Corvo Marini" ao seu tio, Afonso I, Duque de Bragança. Nesse documento de doação não é mencionada a ilha das Flores, uma vez que, à época, ainda não tinha nem este nem outro nome, sendo o Corvo considerado, apenas, um ilhéu deserto. As duas ilhas seriam doadas, anos mais tarde, ao Infante D. Henrique. Nesse testamento a ilha das Flores é designada por “ilha de São Tomás” e o Corvo “ilha de Santa Iria”. A actual designação de "Ilha das Flores", em uso desde 1474 ou 1475, deve-se, como é por demais sabido, à abundância de flores de cor amarela, os cubres que recobriam a ilha, cujas sementes possivelmente foram trazidas por aves migratórias desde a península da Flórida, na América do Norte.

O primeiro capitão donatário destas ilhas foi Diogo de Teive, passando a capitania a seu filho, João de Teive. Este cedeu-a a Fernão Teles de Meneses em 1475. Com a morte acidental de Teles de Meneses, a viúva deste, D. Maria Vilhena, que administrava as duas ilhas em nome do seu jovem filho, Rui Teles, negociou estes direitos com Willem van der Haegen. Foi este nobre flamengo, que por volta de 1470 havia chegado com avultada comitiva à ilha do Faial, depois de passar algum tempo na Terceira, resolveu fixar-se as Flores por volta de 1480, junto à foz da Ribeira da Cruz. Por essa altura ter-se-á começado a formar o primeiro lugar povoado da ilha, iniciando-se também o cultivo do pastel, planta tintureira, que no início do povoamento teve grande importância no desenvolvimento económico das ilhas açorianas. Willem van der Haegen permaneceu nas Flores apenas durante dez anos, findos os quais resolveu deixar a ilha, devido ao isolamento e à dificuldade de comunicações com as outras ilhas, indo fixar-se em de São Jorge.

Mais tarde, D. Manuel I faz doação da capitania-donatária a João da Fonseca, o qual, em 1504, retomou o povoamento da ilha, com elementos vindos da Terceira e da Madeira, aos quais se juntaram, por volta de em 1510, muitos indivíduos, oriundos de várias regiões de Portugal, sobretudo do norte. Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família a ocupar e trabalhar a parte de terra que lhe coubera, com base na cultura de trigo, cevada, legumes e na exploração da urzela e do pastel. A primeira povoação a mais crescer, a se desenvolver e a transformar-se em vila foi as Lajes, que recebeu carta de foral em 1515, com uma população, na altura, muito superior à de Santa Cruz. À vila das Lajes estavam subordinadas todas as restantes localidades da ilha das Flores.

Em meados de século XVI, muito provavelmente toda a ilha já seria povoada, sendo a sua população de cerca de 1300 habitantes. Crê-se que por essa altura terão chegado os primeiros colonos ao lugar da costa ocidental que hoje se chama Fajã Grande. No entanto, só no final do mesmo século e início do seguinte se terá fixado aí um grupo populacional fixo, originando um povoado que pertenceu à freguesia das Lajes, até 1676. Nessa altura passou a integrar e a ser um lugar da freguesia das Fajãs, tornando-se freguesia autónoma em 4 de Abril de 1861. Segundo Gaspar Frutuoso, no início do povoamento da ilha, as pessoas andavam descalças, as casas eram de palha, não havia caminhos e os contactos com as outras ilhas eram muito raros.

 

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publicado por picodavigia2 às 16:55

CRUZEIRO ALEMÃO BREMEN NAS FLORES

Terça-feira, 03.12.13

O navio cruzeiro Bremen estará hoje, (dia quinze de Outubro de 2011), na ilha das Flores, com cerca de 180 passageiros e 107 tripulantes a bordo, números que excedem a população de algumas das freguesias da ilha. Este cruzeiro alemão, que saiu do porto de Lisboa no dia 9 deste mês e que chegou a Ponta Delgada no dia 12, estará nos Açores durante sete dias, visitando a ilha das Flores e do Corvo precisamente no dia de hoje, sábado, dia 15 de Outubro. Até 19 deste mês, no entanto, o mesmo cruzeiro, sob o lema “Em cada Ilha um Paraíso” visitará as restantes ilhas açorianas, nos seguintes dias: São Miguel no dia 12, Terceira dia 13, Graciosa dia 14, Pico dia 16, Faial e São Jorge dia 17, ilhéus das Formigas dia 18 e ilha de Santa Maria dia 19.

Segundo os meios de comunicação social locais, esta visita é encarada como de grande interesse para a Região e para cada uma das ilhas em particular, a que as Flores não é excepção, uma vez que irá “potenciar a Região como destino para o importante nicho de mercado [turístico] alemão e não apenas ponto de paragem em roteiros transatlânticos.”

No caso específico das Flores, trata-se de uma visita que pretende oferecer aos seus passageiros, maioritariamente alemães, a possibilidade de conhecer e descobrir uma das mais belas e interessantes ilhas açorianas, uma vez que o objectivo primordial deste tipo de cruzeiros é proporcionar aos amantes da natureza, que apreciam o contacto directo com a mesma na sua pureza original, nos recônditos mais estranhos e desconhecidos do planeta, pelo que encontrarão, tanto nas Flores como no Corvo, uma rica oportunidade e uma enorme possibilidade de concretizarem um dos objectivos principais da sua viagem.

Inaugurado em Novembro de 1990, o navio de cruzeiros Bremen foi construído nos estaleiros Mitsubishi Heavy Industries, no Japão, chamando-se, inicialmente, “Frontier Spirit”. O Bremen mede 111 metros de comprimento, 17 de largura e 4,8m de calado. Desloca 6,752 toneladas de arqueação bruta e atinge a velocidade de 15 nós, tendo capacidade para 180 passageiros e possui 107 tripulantes. Vocacionado para cruzeiros de expedição, o navio Bremen oferece aos seus passageiros a possibilidade de rumar aos locais mais inóspitos do planeta, como são os casos do Ártico e da Antártida. Agora o seu destino foram as ilhas açorianas. Acrescente-se que este navio cruzeiro não possui a bordo casinos, bingos, jacuzzis, nem grandes áreas comerciais ou de entretenimento constante, uma vez que o seu objectivo principal é proporcionar aos seus passageiros o contacto directo coma natureza e com a vida selvagem, mas oferecendo-lhes excelentes e confortáveis condições para viajar.

 

Notícia publicada em 15/10/11, no Pico da Vigia.

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publicado por picodavigia2 às 11:17

A FAJÃZINHA

Quinta-feira, 21.11.13

Paredes meias com a Fajã Grande situava-se a freguesia da Fajãzinha. Separadas pelo imenso e por vezes intransponível caudal da Ribeira Grande, apesar de vizinhas ficavam, por vezes, tão distantes que deslocar-se da Fajã à Fajãzinha era quase um acto heróico, uma aventura, sobretudo para os mais pequenos, que ao vir esperar os americanos e outros passageiros vindos no Carvalho, se quedavam pela Eira da Cuada, junto ao Calhau de Nossa Senhora, lá no alto da ladeira do Biscoito.

Anichada na encosta sueste de um largo vale, aberto sobre o mar, a Fajãzinha constitui, na realidade, uma pequena fajã delimitada a nordeste pelo curso da Ribeira Grande e a Sul pela rocha dos Bredos, no cimo da qual foi construída e inaugurada em 1949, a 14 de Setembro, dia em que a Igreja Católica celebra festa litúrgica da “Exaltação da Santa Cruz” um grande cruzeiro, num alto sobranceiro à freguesia, como que a abençoá-la. O território da freguesia, no entanto, prolonga-se para o interior da ilha, por um extenso planalto irregular, contendo diversas turfeiras e maciços de floresta natural, rica em plantas endémicas, entre as quais se destaca o cedro-do-mato, produtor de valiosa madeira utilizada no artesanato local. Nesta região existem algumas belas lagoas e diversas ribeiras, muitas das quais caem em impressionantes e magníficas quedas pela rocha que circunda o povoado e as terras baixas. A maior e mais bela destas cascatas, com cerca de 300 metros de altura, é da Ribeira Grande, a maior torrente de água da ilha das Flores, que, apesar de bela e majestosa, provocou inúmeras inundações ao longo da história da freguesia, muitas delas com trágicas consequências.

A região onde se situa a freguesia, com o seu relevo marcado pela presença de grandes falésias e enormes rochedos expostos, forma uma paisagem de grande beleza que João Vieira descreve assim: “Na encosta íngreme do vale, a mão do homem, com muito suor, construiu a sua igreja e as casas, abriu o caminho onde penosamente deslizaram "corsões" (zorras), meio de comunicação com o resto da ilha. Admirável exemplo da implantação no terreno em harmonia com a paisagem. Visto do alto, o casario, talvez por ciúme, corre para o mar, acompanhando a Ribeira Grande, que por mais de quatro séculos abasteceu de aguadas a navegação que sulcou os mares entre o Velho e Novo Mundo. Entre searas de milho que circundam o casario branco, uma estrada de asfalto negro serpenteia entre a verdura. Se o paraíso bíblico tivesse existido à beira-mar… bem poderíamos pensar que este recanto lhe pertenceu…”

Apesar de historicamente importante e de ter sido a partir dela que se originou a freguesia da Fajã Grande, a Fajãzinha é, actualmente uma das freguesias menos populosa da ilha das Flores, com apenas 72 habitantes, segundo os censos 2011. Apesar de pequena é a única freguesia da ilha que mantém, actualmente, uma Filarmónica: a Sociedade Filarmónica Nossa Senhora dos Remédios, fundada em 1951, com o apoio do pároco de então, o padre António Joaquim de Freitas, que paroquiou a freguesia durante mais de quarenta anos.

Desde a sua génese que a Fajãzinha foi uma freguesia voltada para as actividades agrícolas, hoje quase exclusivamente centradas na criação de gado bovino, aproveitando a riqueza dos seus viçosos e verdejantes pastos e a enorme quantidade água que brota do seu subsolo. Crê-se que a Fajãzinha seja mesmo a freguesia portuguesa com mais água no subsolo. Para além da pecuária apenas existe um restaurante, “O Pôr do Sol” e um pequeno estabelecimento comercial.

A Fajãzinha orgulha-se de ter no seu território algumas das paisagens naturais mais belas dos Açores, muitas delas disputadas com a Fajã Grande, com destaque para as cascatas da Ribeira Grande, do Ferreiro, o Poço da Cascata do Ferreiro, o Miradouro de Fajãzinha e as lagoas do planalto interior da ilha. Por sua vez, entre o seu património edificado destacam-se a igreja paroquial, edificada em 1778, com três naves, divididas por cinco arcos e uma torre sineira, o império do Divino Espírito Santo do Rossio, inaugurado em 1864, o moinho de água da Alagoa, junto à estrada, de duplo engenho e ainda pode laborar e a garagem dos Terreiros, há alguns anos o ponto de partida e de chegada obrigatório para quem se deslocava à freguesia em transporte público. Em frente da garagem, inicia-se também o caminho que conduz à Rocha da Figueira, percurso que se assemelha a uma autêntica escada de pedra. Quase no final da descida, desemboca-se na Lagoinha, um sugestivo paul repleto de ervas aquáticas e de inhames nas suas margens alagadiças e pantanosas.

A freguesia realiza a suas principais festas em honra de Nossa Senhora dos Remédios no último domingo de Agosto, a festa do Patrocínio em Outubro e a do Senhor dos Passos na Quaresma.  Como em todas as povoações dos Açores, as festas do Espírito Santo, no Domingo de Pentecostes, têm uma partícular importância.

A gastronomia local tem como confecções mais específicas a sopa de agrião de água, o inhame com linguiça, o folar da Páscoa, as filhós do Entrudo e os molhos de dobrada, enquanto do seu artesanato fazem parte os trabalhos em vime, nomeadamente cestaria e mobília, fruto da abundância de água da localidade, de miniaturas em madeira de cedro-do-mato e de tapetes em casca de milho.

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publicado por picodavigia2 às 09:34

A POPULAÇÃO DAS FLORES

Domingo, 03.11.13

Segundo os «Censos 2011», realizados em Portugal, no pretérito mês de Março, a população actual da ilha das Flores é de apenas 3.789 habitantes, dos quais 2.228 pertencem ao concelho de Santa Cruz e 1.501 ao das Lajes. Relativamente às freguesias, obviamente que a mais populosa é a freguesia de Santa Cruz, que inclui a Vila com o mesmo nome e o lugar da Fazenda e tem, de acordo com aqueles censos, 1.810 habitantes, enquanto a freguesia das Lajes, na qual se situa a outra vila da ilha, tem, apenas, na actualidade 627 habitantes. Quanto às restantes freguesias da ilha o seu número de habitantes é o seguinte, a começar pelas mais populosas: Ponta Delgada 358 habitantes, Fazenda das Lajes 257, Lomba 206, Fajã Grande 199, Cedros 152, Lajedo 93, Caveira 77, Fajazinha 76 e Mosteiro apenas 43 habitantes.

Números muito reduzidos, se tivermos em conta que na década de setenta a ilha das Flores tinha mais de seis mil habitantes e na de cinquenta, quase oito mil. Nessa altura, ou seja no início da década de cinquenta a Fajã Grande tinha 794 habitantes ou seja mais do que a vila das Lajes tem actualmente. Em meados da referida época esse número já seria aproximadamente de 550 habitantes. De todos os recenseamentos de que há memória, realizados nas Flores, sabe-se que aquele em que o número de habitantes da ilha foi mais elevado foi o de 1814, altura em que foram recenseados 11.827 pessoas na ilha, um número bem mais elevado do que o actual. No último recenseamento realizado no ano de 2002, a população das Flores era de 3.992 habitantes. Assim, verifica-se que a ilha, numa década perdeu 206 dos seus habitantes.

Texto publicado no “Pico da Vigia “ em 07/06/11

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publicado por picodavigia2 às 09:31

OS PÁROCOS DA ILHA DAS FLORES NA DÉCADA DE CINQUENTA

Sábado, 02.11.13

Na década de cinquenta a ilha das Flores, nas suas onze paróquias, tinha nove párocos, uma vez que a Caveira estava anexada a Santa Cruz e o Mosteiro ao Lajedo. Acrescente-se que Ponta e Fazenda de Santa Cruz, apesar de terem as suas igrejas, não eram paróquias mas sim curatos. A Ponta era um curato anexado à Fajã, enquanto o da Fazenda de Santa Cruz pertencia à vila com o mesmo nome. Por ser a paróquia mais populosa e ter anexa a Caveira e a Fazenda, normalmente existia um cura ou vigário cooperador em Santa Cruz, cargo normalmente exercido, por tempo limitado, por padres mais novos, logo após concluírem a sua formação no Seminário de Angra. A ilha estava dividida em duas ouvidorias, as quais abrangiam as paróquias dos respectivos concelhos: Santa Cruz e Lajes

Os nove párocos, porém, eram, quase todos, de idade avançada e, consequentemente, já todos partiram.

A Ouvidoria de Santa Cruz incluía três padres. O pároco de Santa Cruz, que também exercia as funções de Ouvidor, era o padre Maurício António de Freitas, natural das Lajes, ordenado sacerdote em 1937 e nomeado vigário e ouvidor de Santa Cruz em 1954. A ele se deve em grande parte a criação do ensino básico do 2º e 3º ciclo na Ilha das Flores, através da fundação do Externato da Imaculada Conceição. Na década de sessenta emigrou para os Estados Unidos, falecendo, naquele pais, em 1983. O padre José Maria Alvares paroquiava a freguesia dos Cedros. Era natural da Fazenda de Santa Cruz, tendo sido ordenado em 1937 e terá sido um dos melhores alunos do Seminário, no seu tempo. Exerceu toda a sua actividade sacerdotal nos Cedros, durante largos anos e a ele se deve a construção da nova igreja inaugurada em 1953. Por sua vez a freguesia de Ponta Delgada era paroquiada pelo padre Francisco de Freitas Tomás, natural das Lajes das Flores, ordenado em 1936 e transferido para a Lomba, no início da década de sessenta.

A Ouvidoria das Lajes era bem maior em número de paróquias e clérigos, num total de seis. O ouvidor e pároco das Lajes era o padre Luís Pimentel Gomes, natural da Fazenda das Lajes, ordenado em 1939. Paroquiou em São Jorge, na Fazenda das Lajes e a partir de 1949, foi pároco das Lajes, exercendo simultaneamente as funções de Ouvidor, até 1986, ano em que faleceu. Na Lomba o pároco era o padre João de Fraga Vieira, natural das Lajes e ordenado em 1939, o qual mais tarde e por razões de saúde foi transferido para a paróquia de São Bartolomeu, na ilha Terceira. O pároco da Fazenda das Lajes era o padre José Vieira Gomes, natural da mesma freguesia e ordenado em 1939. Antes de paroquiar a Fazenda, foi pároco do Corvo e, após a sua actividade naquela paróquia, foi colocado em Santa Clara, na ilha de São Miguel, tendo falecido em 1989. O Lajedo e o Mosteiro eram paroquiados pelo padre José Furtado Mota, natural de Santa Cruz e ordenado em 1907. Foi cura da Ponta durante três anos, após os quais foi transferido para o Lajedo, onde exerceu a sua actividade até 1963, ano em que faleceu. A ele se deve a fundação dos Sindicatos Agrícolas da Ilha das Flores. Era o sacerdote mais velho que paroquiava a ilha das Flores. Na Fajãzinha o pároco era o padre António Joaquim Inácio de Freitas, freguesia de onde era natural. Ordenou-se em 1936, paroquiou nos Cedros e em Santa Cruz, tendo sido transferido para a Fajãzinha em 1942, onde se manteve até ao seu falecimento. Interessado pelos costumes, história e tradições da ilha das Flores, deixou um legado de recolhas importante nesta área, tendo-se distinguido, também, pelo seu apoio às populações das freguesias da Fajã, Fajãzinha e Mosteiro, na área da saúde. Finalmente a Fajã era paroquiada pelo padre Manuel de Freitas Pimentel, natural da Fajãzinha e ordenado em 1917. Depois de exercer a sua actividade em Santa Cruz e no Corvo foi transferido para a Fajã Grande em 1925, tendo-se aí mantido durante 36 anos, após os quais fixou residência, como manente, em Angra do Heroísmo

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