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A FREGUESIA DA FAJÃ GRANDE

Quinta-feira, 17.09.15

A Fajã Grande é uma das freguesias mais povoadas do concelho das Lajes, apesar de atualmente ter menos de 200 habitantes. Localizada na costa oeste da ilha das Flores, confronta com as freguesias das Lajes, da Lomba, de Ponta Delgada e Fajãzinha e representa o lugar mais ocidental de toda a Europa. Um pouco afastado encontra-se o ilhéu de Monchique, o último sinal físico que separa o Velho do Novo Mundo, assim descrito pelo padre José António Camões, na sua obra «Roteiro exato da costa da Ilha».

Administrativamente, só na segunda metade do século XIX, a Fajã Grande obteve a sua autonomia política e religiosa. A freguesia de Nossa Senhora do Remédios das Fajãs, atualmente da Fajãzinha, a que pertencia o lugar da Fajã Grande, havia sido instituída em 1676 englobando os lugares da Ponta, Fajã Grande, Caldeira e Mosteiro. Nesse ano haviam sido desanexados os lugares da Ponta da Fajã, relativamente ao da Ponta Delgada, e do Mosteiro, relativamente às Lajes. Ora, só passados duzentos anos, a provisão do Bispo de Angra datada de 1861 institui a paróquia de São José da Fajã Grande em conjunto com as povoações da Ponta e Cuada.

Através da colorida descrição que Gaspar Frutuoso nos oferece na sua obra «Saudades da Terra», pode-se inferir que na época a Fajã Grande era centro de grandes transações comerciais, chegando mesmo as caravelas da Índia a encontrar aqui um precioso desembarcadouro. Por outro lado, o autor faz ainda uma clara referência à riqueza e variedade do pescado da região, ainda hoje preservado. Apesar de atualmente não registar tão grande azáfama a Fajã Grande continua a encantar quem a visita, pela amenidade do seu clima, pela transparência das suas águas ou pelas suas piscinas naturais, enfim, assume-se hoje como uma verdadeira estância de veraneio para todos os florentinos e muitos visitantes de outras ilhas, de outras regiões do país e até do estrangeiro.

De todos os lugares que compõem esta pitoresca freguesia, dois sobressaem pelas suas paisagens naturais: a Ponta da Fajã Grande e a Cuada.

A Ponta da Fajã é uma localidade imaginária e de sonho, num mundo marcado pela solidão e pela falta de determinados valores. Desde que serviu de fronteira entre as freguesias de Nossa Senhora do Remédios de Fajãzinha e de São Pedro da Ponta Delgada, o destino desta região ficou para sempre traçado. Atualmente, com as suas cascatas de águas e escorrer pelas escarpas abaixo, a Ponta da Fajã Grande é um idílico lugar onde vivem menos de 20 pessoas. Com tradições profundamente rurais, aqui ainda se ouve o cantar dos pássaros, o murmurar das águas e o marulhar do mar, por vezes intempestivo.

A Cuada, palavra que deriva de saracotear, ou seja, "andar de um lugar para o outro", foi uma povoação que, desde cedo, sentiu o fenómeno da desertificação. Este airoso terraço entre a Fajã Grande e a Fajãzinha, encontra-se assim associado, na mais pura tradição florentina do aldear, aos contrastes e dissabores que, com o tempo, foram surgindo na Fajã e que levaram algumas famílias a abandonarem a sua terra natal. Hoje, quase todo o povoado foi recuperado para fins turísticos o que constitui sem dúvida um exemplo de turismo rural de sucesso. Aldeia da Cuada, assim batizada, apesar de a palavra “aldeia”, segundo Pedro da Silveira, não ser usada nos Açores para designar qualquer lugar povoado, é um sítio convidativo à paz e ao bucolismo que a ilha das Flores inspira.

Porque as pessoas são parte integrante da História de cada região, a freguesia da Fajã Grande orgulha-se de ter sido o berço de algumas personalidades que, no seu tempo e à sua maneira, contribuíram para o seu engrandecimento. De entre as várias individualidades florentinas, destacam-se o padre José Luís de Fraga, pelos seus dons de orador, escritor e músico; e Pedro da Silveira, historiador e poeta, com vários trabalhos publicados.

 

NB - Dados retirados do Fórum ilha das Flores e da C.M. das Lajes das Flores.

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publicado por picodavigia2 às 00:05





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