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A LENDA DA COALHEIRA

Terça-feira, 16.09.14

 

Segundo uma lenda antiquíssima, há muitos, muitos anos, na Fajã Grande, um homem aproveitou uma bela noite de Lua Cheia para ir pescar, para os lados do Canto do Areal. Havia muito luar, a noite estava muito clara e, por isso, o homem não levou nenhuma tocha de luz consigo. No entanto, ao chegar junto do mar, umas nuvens densas e escuras cobriram uma parte do firmamento, tapando, por completo, a Lua, deixando a noite muito escura. Apesar de ter alguma dificuldade em ver, o homem, olhando para o mar, cuidou avistar a boiar, calmamente, sobre as ondas, em direcção ao rochedo onde se sentara para pescar, um vulto negro. Muito confuso e um pouco assustado, o homem ficou sem saber se era um peixe muito grande ou algum náufrago perdido no mar. No entanto, observando melhor e como a noite clareasse um pouco, o homem pode ver, com absoluta certeza e perfeita convicção, para espanto seu, que se tratava do corpo duma mulher, de longos cabelos louros, que ondulavam sobre as águas e que, com o luar, brilhavam como se fossem ouro. Nua da cintura para cima, o corpo era esbelto e perfeito e o rosto de uma beleza rara.

O pescador, deslumbrado com tão rara e invulgar visão, atirou para o mar os apetrechos que levara para pescar. Espantado e curioso, despiu as roupas e lançou-se-se ao mar com intentos de ajudar a mulher a salvar-se. Porém, quando se aproximou do vulto, apercebeu-se, com um misto de medo e encanto, que o pescoço da mulher parecia que tinha guelras e que da cintura para baixo, o corpo apresentava a forma de um peixe, tendo, em vez dos pés, uma enorme barbatana, semelhante às caudas das baleias. Era, por certo uma sereia! - Concluiu o homem, cada vez mais espantado com o que descobrira.

Perdido entre o medo e a aflição, sem saber o que fazer, e consciente das estórias que se contavam sobre sereias que encantavam os homens e que os levavam para nunca mais serem vistos, o homem pensou que aquilo poderia ser obra do diabo para o levar para os infernos e, por isso, começou a esconjurar a aparição. Tantas foram as maldições que proferiu e tantas as inprecações que vociferou que, de repente, o estranho corpo que se assemelhava a uma sereia se transformou no corpo de uma bela mulher. O homem, então, pegou-lhe com muito cuidado e, nadando na direcção dos rochedos, trouxe-a consigo para terra, cobrindo-lhe a nudez com algumas das suas roupas.

Reza ainda a lenda que, algum tempo depois casaram, tiveram muitos filhos e viveram felizes para sempre, sem nunca se descobrir quem era, como se chamava e de onde viera aquela misteriosa mulhar. Essa a razão por que o homem, não sabendo como chamar-lhe e agradecido por ela lhe ter fortalecido, solidificado a vida e por a ter encontrado naquela noite em que o mar como que parecia coalhado pelo luar, lhe pôs o nome de Coalheira, pelo qual passou a chamar-se, também, aquele local da beira mar, no Canto do Areal, onde a encontrou e que se situa entre o Redondo e a Poça das Salemas, ou seja o lugar da Ponta da Coalheira.



 

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publicado por picodavigia2 às 09:55





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