PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
CCOPERATIVAS AGRÍCOLAS
Hoje sabe-se, através de escritos e livros sobre o tema publicados que as primeiras tentativas de apoio aos agricultores e criadores de gado da ilha das Flores tiveram lugar na freguesia do Lajedo sob a égide do padre José Furtado Mota, na altura pároco daquela freguesia. Este movimento, pioneiro no arquipélago e no país, pelo menos na área dos lacticínios, teve como causa a drástica descida, na altura, do preço do leite à produção, imposta sobretudo a partir de 1912 pelos industriais das Flores. É então que surge a ideia da criação de um grande sindicato agrícola que, abrangendo toda a ilha, tivesse como objetivo o fabrico e exportação de lacticínios e a exportação de gado a liquidar em Lisboa por conta própria, o qual foi criado nos mais tarde, seguindo-se a formação de cooperativas de laticínios, uma das quais teve lugar na Fajã Grande., sendo o seu primeiro presidente tio Mateus Felizardo Os sucessos iniciais destas iniciativas foram claríssimos e os agricultores das Flores conseguiram colocar, pela primeira vez, os seus produtos em Lisboa, sem intermediários, a preços bastante remuneradores. Não foi fácil, porém, o caminho que conduziu ao estabelecimento das cooperativas, cuja progressão e sucesso, ao bulir com os interesses de alguns comerciantes e políticos locais, suscitou, da parte destes, violenta e impiedosa reação. Nas Flores, proibiram-se, então, reuniões aos cooperativistas, mandou-se a tropa fiscalizar outras, fizeram-se ameaças e esperas em caminhos mal frequentados, recusaram-se arrendamentos de terras aos associados e renunciaram-se outros contratos, chegando as autoridades locais a proibirem a exportação para Lisboa da manteiga das cooperativas, as quais chegaram a ter em armazém grandes quantidades de manteiga, correndo o risco de se estragar, dado na altura ainda não existirem câmaras
Mas o grande ataque às cooperativas e que havia de provocar a sua morte foi obra da firma Martins e Rebelo. Ao instalar-se na Fajã Grande e, provavelmente noutras freguesias, começou a pagar o leite a um preço ligeiramente superior ao das cooperativas. Os sócios, assim ludibriados foram-nas abandonando e elas ruíram até à sua destruição total,