PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
CHARME E EXCENTRICIDADE
Pulverizou o Encontro com o seu charme e excentricidade, adoçou-o com a sua permanente boa disposição, alegrou-o com o seu fino sentido de humor, aureolando-o com a sua presença descontraída, abnegadora e vivificante. Cativou todos, mesmo os que não o conheciam ou dele tinham simplesmente uma vaga e ténue lembrança.
Juntamente com outros colegas ainda a exercerem o sacerdócio na diocese, entrou no Seminário de Angra, no ano lectivo de 1953/54, trazendo consigo um rastro esperança reflectida na verdura cativante da ilha do Arcanjo, donde é natural, arrastando uma aurora de beleza e transcendência espelhada na simplicidade das lagoas que nela proliferam e uma réstia de integridade projectada nos socalcos pedregosos mas produtivos, encravados entre o mar e as montanhas. No Seminário fez a sua formação académica, completando o Curso de Teologia, em 1965, trabalhando, durante algum tempo nos Açores. Foi, como muitos outros que se empenharam árdua e valorosamente na defesa dos mais nobres valores do humanismo e da mensagem evangélica, “desterrado” para o Ultramar, forçado a envolver-se numa guerra que não era sua. Após esta forçada experiencia no teatro castrense, decidiu abandonar os Açores, fixando-se nos Estados Unidos, donde se deslocou a fim de participar no Encontro do passado mês Julho.
Partilhámos a estadia na mesma residencial, pelo que bastante conversámos antes e depois das actividades programadas no Encontro. Pudemos assim recordar vivências e percursos de vida, em muitos aspectos paralelos e semelhantes. Para além de um espírito magnânimo, liberto, tranquilizador, compreensivo, benevolente e duma simpática excentricidade, revelou-se defensor dos mais altos e nobres valores a que o ser humano, por direito, aspira. Além disso, é seu timbre dosear as suas vivências e actividades quotidianas e os mais diversos acontecimentos do seu dia-a-dia, por mais dolentes e agrestes que sejam, com um optimismo deslumbrante e com um sentimento de confiança convicto, narrando-os com uma simples e agradável jocosidade.
E o Mariano com todo este acervo de encantamento, jactância, contentamento e boa disposição, chegou ao Encontro, recebendo todos com uma satisfação desmesurada, com uma alegria inebriante e com um abraço fraterno. Acompanhou-nos com dedicação, envolveu-nos com ternura, deslumbrou-nos com as suas narrações e, mais do que tudo, deliciou-nos com a sua amizade e com o seu carinho. Com a sua “tablet”, feita “maquinão fotográfico” disparava permanentemente na procura de fotos que perpetuassem, na imagem, aquilo que, durante o Encontro se vivia em sentimentos. Por tudo isto foi mais um dos “Senhores” do Encontro.