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DEPOIS DE HOMENAGEAR

Domingo, 16.03.14

É deveras incrível, por vezes, mesmo quase arrepiante, observar o muito e o tudo que se viveu e o que se tem passado durante três maravilhosos e inesquecíveis dias. Não nos largamos uns aos outros, não nos apartamos um minuto sequer, não nos afastamos por nada deste mundo. O que nos une é algo de muito transcendente, sublime, e aparentemente, inexplicável. Todos o reconhecem e sobretudo o sentem. Para uns a nossa condição de ilhéus, para outros a ternura dos nossos mestres, para alguns a grandeza do nosso coração. Talvez isto tudo e muito mais.

Hoje foi dia de homenagear. Depois da cerimónia realizada no átrio da entrada do Seminário, foi celebrada uma Eucaristia, na capela da Natividade, por alma de todos os falecidos. Presidiu o Cipriano Franco, acolitado pelo Carlos Dias. As leituras foram feitas pelo José Adriano Borges de Carvalho e pela esposa do José Francisco Costa. Curiosamente toda a assembleia era “coro e assembleia”. Todos cantaram, com o José Luís ao órgão e o José Carlos Rodrigues na regência. Kyrie, Glória, Sanctus, Pater Noster, Agnus Dei, tudo em Latim. Até um “Ite missa este”, cantado pelo José Luís. Então em Latim? Claro, em Latim, então havíamos de ter andado aqui, anos e anos a estudar latim, a cantar em gregoriano e não havíamos de fazê-lo agora que viemos aqui recordar vivências, e, sobretudo, lembrar os nossos mortos? Apesar de ser em Latim, sublimou-nos a beleza da música gregoriana. Muita dignidade, muita beleza e muita excelência. A tradicional homilia foi substituída pela leitura de um texto escrito pelo Emílio Porto. O Emílio havia-se inscrito neste “Congresso de Todas as Saudades”. Havia enviado a ficha ao João Carlos. Precisamente na madrugada do dia em que faleceu, escreveu e deixou-nos este legado. Uma mensagem fortíssima, emocionante, bela, que trouxe muitas lágrimas, muita reflexão e muita dor. Ao “Memento” foram lidos os nomes de todos os falecidos, professores, alunos e funcionários.

 À tarde um passeio pela ilha Terceira, com paragem na Serreta. À porta da igreja paroquial, aguardamos a chegada de um “neo-sacerdote” que hoje celebrava a sua ”Missa Nova”, para o saudarmos com o “Iuravit”, um magnífico solo do Fernando Mota.

 No fim uma senhora, muito admirada aproximou-se de mim e perguntou-me: - Os senhores foram seminaristas? – Claro que sim, fomos.

- Pois, - concluía ela, - bem me quis parecer. É que para cantarem assim tão bem e ainda por cima em Latim, só poderiam ter sido seminaristas.

No jantar de despedida, lá voltaram os abraços alargados e alagados. Grandes abraços, sentidos abraços, que falam mais do que todas as palavras.

Julho de 20112

 

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publicado por picodavigia2 às 09:43





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