PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
DESCANSA EM PAZ
Ontem, após a sua morte no passado dia 8 deste mês, foi depositada, num dos cemitérios de Arcara, no Norte da Califórnia, uma minúscula urna, com as cinzas, daquela que em vida se chamou Maria de Jesus Fagundes, onde ficarão guardadas para sempre.
Simples, pobre e humilde, mas digna e nobre na vida, Maria, minha irmã/mãe, também o foi na morte. Ela própria havia decidido em vida que, após a sua morte, nem velório, nem cortejo fúnebre, nem exéquias, optando ainda pela cremação do seu cadáver. Assim e, após a morte, num hospital da mesma cidade, onde sempre residiu, desde de que emigrou para os estados Unidos, em 1966, depois de os familiares e amigos dela se “despedirem”, no próprio hospital, o seu cadáver foi conduzido, apenas, pela carrinha funerária, até ao local da incineração.
Maria de Jesus Fagundes nasceu, na Fajã Grande das Flores, a 13 de Agosto de 1940. Teve uma infância curta, difícil e muito penosa, sendo habituada, desde de tenra idade, a ajudar a mãe nas pesadas e árduas tarefas domésticas e a cuidar dos irmãos mais novos. Após a morte inesperada da mãe, com apenas 12 anos, Maria foi obrigada a tornar-se mulher, passando a ser mãe, verdadeira e real, dos restantes cinco irmãos, um dos quais fui eu. Por isso e por tudo o que ela me deu como irmã/mãe, hoje aqui lhe presto a minha homenagem e manifesto a minha gigantesca gratidão, com um grande e sentido abraço ao Lucindo, o seu companheiro de vida e aos filhos, Zuraida, Carlos e Herlander.
Rest in peace, forever, Maria!