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DEUSES COMO NÓS (COMÉDIA PELO GRUPO “GOTA DE MEL” DE SÃO MATEUS)

Domingo, 26.01.14

O grupo de teatro da Casa do Povo de São Mateus do Pico, “Gota de Mel” levou, ontem, à cena, uma “divina comédia” intitulada “Deuses como Nós”. Trata-se de uma adaptação, muitíssimo, livre dos “doze trabalhos de Hércules”, em que Zeus, pai de Hércules, numa das suas saídas nocturnas do Olimpo, se apaixonou por uma comum mortal e que, no fervor da sua paixão, decidiu conquistar. Com os seus companheiros da farra, Mercúrio e Baco, preparou um plano infalível para arrebatar a dona do seu coração, disfarçando-se de Elvis Presley. Após consumar a sua paixão, Zeus voltou ao Olimpo, confiante de que toda esta história ficaria por aqui, mas a intervenção de Vénus junto de Juno, a esposa de Zeus, o deus infiel, fez com que no Olimpo nada mais voltasse a ser como era d’antes.”

Recorde-se que “Os doze trabalhos de Hércules” ou, simplesmente, os "Trabalhos de Hércules" são uma série de episódios arcaicos, ligados entre si por uma narrativa contínua, relativa a uma penitência que teria sido cumprida por um dos maiores heróis gregos, Héracles, ou Hércules dos romanos. Hércules, num acesso de loucura, assassinou a sua esposa, Mégara e os seus três filhos. Quando se deu conta de ter praticado tão hediondo crime, fugiu para o campo, vivendo sozinho. Foi encontrado por seu primo Teseu, que o convenceu a visitar o oráculo em Delfos, a fim de recuperar a sua honra. O oráculo impôs-lhe como penitência, servir Euristeu, o homem que ele mais odiava, executando uma série de doze trabalhos, findos os quais, se obtivesse sucesso, se tornaria imortal. Todos os trabalhos, embora diferentes e localizados em espaços diferentes, têm um objectivo comum têm: castigar Hércules, obrigando-o a matar, subjugar ou buscar uma planta ou animal mágico para Euristeu. Foram os seguintes esses doze trabalhos: 1º - exterminar o leão de Nemeia e trazer a sua pele de volta para entregar a Eristeu; 2º - cortar as nove cabeças da hidra de Lerna; 3º - trazer vivo o javali selvagem de Erimanto; 4º - capturar viva a corça dos pés de bronze de Cerinéia; 5º - enfrentar os monstruosos pássaros do lago Estinfália, em Arcádia; 6º - lavar os touros sagrados de Augias, rei de Elis; 7º - capturar vivo e trazer até Eristeu o touro de Creta; 8º - capturar as éguas de Diomedes, rei da Trácia; 9º - ir buscar o cinturão de Hipótila, rainha das Amazonas, na Capadócia, superando a oposição das próprias amazonas; 10ª - capturar o gado de Gerião; 11º - levar as maçãs douradas do jardim das Hespérides. 12º - capturar Cérbero, o monstro-cão de três cabeças, guardião dos portões do Inferno.

Segundo o “Site” da Câmara Municipal da Madalena, autarquia a que pertence a freguesia de São Mateus, “o Grupo de Teatro Gota de Mel da Casa de Povo de São Mateus do Pico, para além de dar continuidade a uma população habituada a ver e fazer teatro, tem uma faceta de animador cultural da freguesia. Muitas foram as noites que este grupo ofereceu aos habitantes com diversões que vão do teatro aos concursos de animação, passando pelo trabalho de habituação em palco com crianças.

Por sua vez o próprio grupo Gota de Mel, considera-se um grupo de ilhéus picoenses que ama desmesuradamente a arte de palco e luta para que as luzes da ribalta promovam o engrandecimento de consciências. “A partir do palco conseguimos apregoar as mais eloquentes propostas - principalmente as que nos confinam a seres de grandes atitudes. O público que "nos assiste" é, por natureza, um lutador e contador de histórias referentes a essas lutas; detesta falsas verdades. Temos respeitado sempre esta máxima num crescendo de também abrir o pano para a actualização e alargamento do nosso espaço teatral.”

Para a edilidade madelenense “o alargamento do espaço teatral de uma ilha passa pela dinâmica de palco. O Grupo de Teatro Gota de Mel tem apostado em trazer, sempre que possível, novas referências para o público do Pico, o que o torna um excelente crítico.”

Fundado em 1980, conta actualmente com 12 elementos fixos: Carla Silva, Mário Silva, Carina Goulart, Carlos Goulart, Marlene Bettencourt, Helder Goulart, Gilberta Goulart, Lara Gonçalves, Luís Cardoso, Laura Serpa, Nuno Matos e Ana Matos.

Dos trabalhos levados à cena pelo grupo, para além do agora apresentado, destacam-se os seguintes:

- "Auto da Vida e da Morte", de António Aleixo, apresentado em algumas freguesias do Pico, em 1981;

- Participação, durante anos consecutivos, nas Festas de Natal do Doente;

- "Gota de Mel", peça que representou a ilha do Pico no Festival de Teatro Amador realizado na ilha Terceira e que arrecadou o 1º lugar;

- "Anatomia de uma História de Amor", ilha de Santa Maria em 1994;

- "Deixai Voar os Pássaros" de Álamo de Oliveira e "O Principezinho" de Saint Exupery em 1996;

- "No Jardim da Vida", ilha da Graciosa em 1997;

- Participação na "Corrida dos Reis", dinamização cultural, desde 1998;

- "A ilha", digressão pela ilha do Pico em 1998;

- Organização do "Festival Infantil de Imitação da Canção", em 1999 e 2000;

- Actuações e elaboração de oficinas de Teatro no encerramento das Férias Desportivas, organizadas pelo Serviço de Desporto do Pico, de 1992 a 2006;

- "Ilhas de Bruma", Festas de Santa Maria Madalena, em 2000;

- "Oficina de Teatro" - comemoração do Dia Mundial do Teatro, no ano 2002;

- "O Papão e o Sonho" - ilha de São Miguel, em 2002, num processo de intercâmbio com um Grupo de Teatro local;

- "Lua Azul" - com texto e encenação de Nelson Monforte, em 2003;

- "O Gato" de Henrique Santana - comemoração do Dia Mundial do Teatro, em 2004 e digressão pela ilha do Pico no mesmo ano;

- "Rostos 1" de Helder Goulart, em 2006.

- "Rostos 2" de Helder Goulart, em 2006;

- "O Poeta Pescador" de Helder Goulart, em 2006;

- "O Café Cruel" com encenação de Ricardo Alves da Companhia de Teatro "Palmilha Dentada" - comemoração do Dia Mundial do Teatro 2007;

- "Destinos" de Helder Goulart, em 2007;

- "Um Zé em Cada Um" de Helder Goulart, em 2008;

- "Menino de Rua" de Helder Goulart, em 2008, a convite da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Madalena;

- "Texto disperso" - festa de homenagem ao escritor Dias de Melo, em 2008;

- "A Birra do Morto" de Vicente Sanches, encenado por António Revez da Companhia de Teatro "Lêndias d'Encantar" - comemoração do Dia Mundial do Teatro 2009.

 

Texto publicado no Pico da Vigia, em 6 de Abrl de 2013

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