PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
DR AMÉRICO VIEIRA
Américo Caetano Vieira era filho de Pedro Caetano Vieira, comerciante e de Maria Noia Vieira, doméstica, tendo nascido na Vila de Lajes das Flores em 24 de Maio de 1928. Fez o Ensino Primário na escola da sua terra natal, revelando, desde cedo, indícios de grande inteligência e de uma enorme vontade de aprender. Por isso, não se ficou pela ilha, onde, na altura, mais nada havia do que a 4ªa classe, rumou a Angra, ingressando no Seminário diocesano, em Outubro de 1940. Aluno brilhante, ali ainda mais se distinguiu pela sua inteligência, pela sua dedicação e pela sua forte personalidade. Foi ordenado presbítero em 13 de Maio de 1951, vindo a celebrar a Missa Nova, a 24 do mesmo mês, na Capela do Seminário.
Por se ter distinguido como estudante foi seleccionado, ao terminar o Curso de Teologia, para frequentar a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, para onde foi enviado e onde se licenciou em Teologia Dogmática, em 1955.
Regressado à sua diocese, em Outubro desse ano, foi nomeado professor e director espiritual do Seminário, cargos que exerceu com extrema dedicação e competência durante quase duas décadas. Em Junho de 1968, inesperadamente, ou não tanto, foi nomeado Reitor do Seminário.
Américo Vieira fez parte de um grupo de professores de elevado nível, nas d+acdadas de 50 e 60, consideradas como o “período de ouro do Seminário de Angra no Século XX”. Desse grupo distinguem-se, o Dr. José Pedro da Silva, o Dr. José de Oliveira Lopes, o Dr. José Enes, o Dr. Caetano Tomás, o Dr. Cunha de Oliveira, Dr. António da Silva Pereira, o Dr. António da Costa Tavares, o Dr Pereira da Silva e o Dr. Francisco Carmo.
Foi um professor de notável competência, pois preparava e planificava tudo com eficiência e mestria, demonstrando sempre possuir elevada cultura geral, tendo, no decurso da sua curta carreira profissional, leccionado Teologia Dogmática Fundamental, Teologia Moral, Casuística, Francês, Latim, Ascética e Mística, Dogmática Especial, História Bíblica, Apologética, Introdução à Sagrada Escritura, Moral, Psicologia, Teologia Pastoral e Direito Canónico.
Em 5 de Junho de 1965 foi nomeado Cónego do Cabido da Sé Catedral de Angra. Foi membro fundador do Instituto Açoriano de Cultura, secretário do Conselho Pastoral e membro do Conselho Presbiteral. Possuidor de grande capacidade didáctica e, como era dotado de invulgar inteligência e cultura, expunha com muita facilidade tudo o que tinha a transmitir. Colaborou nas Semanas de Estudo, na revista “Atlântida”, órgão do Instituto Açoriano de Cultura de Angra do Heroísmo, de que era sócio fundador, bem como noutros órgãos de comunicação social da ilha Terceira.
Publicou diversos trabalhos, neles deixando, para além do seu rico conteúdo, a forma fácil e fluente de os apresentar. Durante vários anos ocupou-se das palestras de natureza espiritual aos sacerdotes reunidos em Conferência Eclesiástica, fazendo-o com invulgar mestria e dedicação. Era muito solicitado para proferir sermões e conferências.
Faleceu, inesperadamente, em 22 de Janeiro de 1971, no Seminário de Angra do Heroísmo, com apenas 43 anos de idade.
Em 31 de Janeiro de 1992 o Instituto de Cultura de Angra do Heroísmo, fundado em Maio de 1955, prestou-lhe solene homenagem, atribuindo-lhe um Diploma na qualidade de Sócio Fundador, o qual foi emitido em 22 de Janeiro de 1993.