PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
ELEGÂNCIA E DISTINÇÃO
Natural da Fazenda das Lajes, ilha das Flores, na senda de um irmão mais velho Nuno Vieira demandou o Seminário de Angra, no ano lectivo de 1953/54, onde completou o nono ano de formação académica. Algum tempo depois fixou-se nos Estados Unidos, licenciando-se em Humanities and Social Science pela UMass Dartmouth e com Mestrado em Bilingual Studies with concentration in English as a Second Language pela UMass Boston. É diplomado em Inglês, Português, Espanhol, Latim e Psicologia Escolar pelo Departamento de Educação de Boston.
Durante o seu percurso no Seminário e porque as nossas origens convergiam na mesma ilha, permitindo assim que nos encontrássemos, vezes sem conta, quer em férias, quer em longas viagens de ida e volta a bordo do velhinho Carvalho Araújo quer ainda nos dias em que, conjuntamente com os outros seminaristas das Flores, aguardávamos transporte para as Flores, contactei muito de perto com o ele, gerando-se, entre nós uma enorme amizade, uma estima mútua, uma empatia desmedida e uma consideração recíproca. Revelou-se sempre um jovem de um trato de elevadíssima educação, duma delicadeza excepcional, dócil, meigo, afável, muito humano e compreensível, sempre atento aos problemas e vicissitudes dos menos protegidos e sempre disposto a ajudar os mais fracos. Um companheiro admirável, um colega excelente um amigo de verdade!
Como aconteceu com tantos os outros que passaram pelo SEA nas décadas de 50/60, perdemo-nos no percurso do tempo e obstruíram-se, entre nós, todos os contactos. Apenas uns tempos antes do Encontro, havíamos levantado um pouquinho do véu que encobria, reciprocamente, as nossas vivências. Hoje é professor aposentado do Ensino Secundário, em Stoughton, Massachusetts, mas continua a leccionar Latim no Stonehill College, universidade situada em Easton, Massachusetss. Homem de grande cultura, interessado pela literatura e pela escrita tem publicado artigos nos jornais Portuguese Times (New Bedford), A União (Terceira), Sol Português (Toronto), O Dever (Pico), As Flores (Ilha das Flores), no Blog Comunidades, na revista Atlântida e Boletim Núcleo Cultural da Horta.
E como muitos outros, de longe veio para o Encontro, carregadinho de a enorme alegria e a gigantesca vontade de todos ver e abraçar, de trazer à memória as vivências, as alegrias e até, um ou outro estigma, dos tempos em que juntos, frequentámos o SEA. A sua presença acrescentou uma áurea de sublimidade ao Encontro, pautando-se por uma ternura enorme, um carinho desmesurado, uma simplicidade serena, uma alegria expansiva e uma atenção minuciosa a tudo e a todos. Espelhando-se num passado de antigo aluno nobre, generoso, digno, fraterno e afectuoso, pautou a sua presença no Encontro do passado mês de Julho por uma excelência que aspergia carinho, emanava docilidade, porque continha armazenada uma sensível e doce saudade, uma sublime e transcendente amizade. Por tudo isto e por muito mais tornou-se um dos “Senhores” do Encontro.