PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
EXCELÊNCIA CULTURAL E ARTÍSTICA
Álamo Oliveira nasceu na freguesia do Raminho, ilha Terceira, em 1945, matriculando-se no Seminário Menor de Ponta Delgada, em 1957, transitando dois anos depois para o Seminário de Angra, onde fez grande parte da sua formação académica, manifestando já uma fina sensibilidade pelo teatro, pela poesia, pelo desenho e pela cultura em geral. Hoje, conta, com alguma jocosidade, que retirava as capas dos cadernos de significados e com elas revestia as dos livros de poesia, a fim de que os pudesse ler sem que o prefeito disso se apercebesse.
Álamo Oliveira trabalhou em Angra, em diversos departamentos governamentais ligados à cultura, sendo, no entanto, mais conhecido como poeta, contista, dramaturgo, cronista, romancista e pintor. Tem mais de trinta livros publicados e, actualmente, é considerado como uma das mais destacadas figuras da literatura açoriana. As técnicas de escrita de alguns dos seus livros, como "Pátio da Alfândega, meia-noite", "Já não gosto de chocolates" e "Até hoje - memórias de cão", têm servido de base a trabalhos académicos em universidades dos Estados Unidos e do Brasil. Tem poesia e prosa traduzidas para inglês, francês, italiano, espanhol e croata e a Portuguese Studies Program, da Universidade da Califórnia em Berkeley, convidou-o para leccionar na qualidade de escritor do semestre a sua própria obra aos estudantes de Língua Portuguesa - sendo o primeiro português a receber tal distinção. Álamo Oliveira tem-se destacado, ainda, pela sua participação em diversas acções de dinamização cultural nos Açores e nas comunidades emigrantes dos Estados Unidos. É um dos fundadores do Alpendre, o mais antigo grupo de teatro dos Açores, onde já encenou alguns dos seus textos. Em 2010, nas comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades, recebeu, do Presidente da República, o grau de Comendador da Ordem do Mérito,
Álamo Oliveira com a sua modéstia, simplicidade e delicadeza, ofuscou todo este relevante, majestoso e quase único currículo, pautado por uma excelência cultural e artística notável, participando no Encontro com uma humilde e simples naturalidade, com uma meiga e terna docilidade. Acompanhou-nos em todas as actividades sem protagonismo, sem exibicionismo, sem exuberância, revelando uma saudável sensatez, uma inaudita galanteria, um apreciável companheirismo. Senhor de um domínio cultural e artístico notáveis, Álamo Oliveira enobreceu o Encontro com a sua presença dignificante, sensata, amiga e, culturalmente, apoiante. Para além de nos enriquecer com a sua conversa, de nos opulentar comos seus esclarecimentos, de nos envolver emocionalmente com a sua companhia, de nos transpor em universos de sublimidade poética e de nos presentear com as “andanças de pedra e cal”, Álamo Oliveira contribuiu para a valorização do sarau músico literário, durante o qual foram declamados alguns dos seus poemas. Por tudo isto foi mais um dos “Senhores” do Encontro.