PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
FESTA DE SÃO PEDRO NO CAMINHO DO MEIO EM SÃO CAETANO DO PICO
Antecipada para o domingo anterior ao seu dia litúrgico, teve lugar no Caminho do Meio, em São Caetano do Pico, no passado dia vinte e seis, a tradicional festa de São Pedro. Organizada sob a égide do Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano, um dos expoentes máximos da vida cultural e artística locais, a festa não apenas pretendeu homenagear o padroeiro dos pescadores e dos homens do mar mas também recuperar uma antiga tradição da mais jovem freguesia do Concelho da Madalena. Contam algumas memórias mais vivas que há muitos anos uma senhora de nome Rosinha Simas, pessoa muito generosa e caritativa, no dia de São Pedro, no Largo do Caminho do Meio, fora da sua adega, costumava colocar, à disposição de todos, uma mesa com bebidas, nomeadamente vinho, aguardente e angelica, sobre a qual, também, eram postas ofertas que as outras pessoas levavam para arrematar, às quais se juntavam rosquilhas de aguardente feitas pela própria senhora e que oferecia a todos os presentes ou aos que por ali passavam. Fazia-o sob a forma de uma pequena festa de homenagem a São Pedro.
Interrompida durante décadas, desde há alguns anos que esta festa foi recuperada pelo Grupo Folclórico na sua simplicidade original, sendo o primitivo lugar reestruturado e renovado e junto construído um nicho em honra de S. Pedro, dentro do qual foi colocada a sua imagem. Assim, o local escolhido para celebrar e homenagear São Pedro era e continua a ser o largo do Caminho do Meio, incorporado entre o verde dos vinhedos e das figueiras, junto às adegas, símbolos da labuta e da simplicidade de um povo, que ao mesmo tempo que festeja o santo, se manifesta, conjuntamente e com quantos o visitam, em alegres folguedos e em divertido convívio, envolvendo todos na sua genuína e singela generosidade estampada na partilha do pão por todos os presentes.
A festa, de cariz popular e religioso, iniciou-se no sábado com uma sardinhada, bons petiscos, arraial e quermesse e continuou no domingo com missa campal junto ao nicho do santo, seguindo-se uma procissão de recolha do pão no edifício da Casa do Povo, este ano acompanhada da imagem de São Paulo. O serão durante o qual foram distribuídos pães de massa sovada, cozidos a expensas dos elementos do Grupo Folclórico, dando-se assim continuidade ao que se fazia há mais de oitenta anos, foi abrilhantado por atuações de diversos grupos e coletividades, com destaque para o Grupo Folclórico Infantil do Jardim de Infância com um notável e histórico desfile de trajes e costumes de outrora e com apresentação de diversos números de bailos tradicionais. Um encanto, um desafio notável em termos futuros e a garantia de que a cultura local nunca se extinguirá.
Enquanto atuava o Rancho Folclórico de São João e a Filarmónica de S. Mateus serviam-se excelentes petiscos, num deslumbrante convívio, tudo isto graças ao esforço, generosidade e carinho dos elementos do Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano que não se coibiram de executar os churrascos, cozer o pão, preparar os petiscos, servindo-os eles próprios aos forasteiros num atitude de uma notável entrega misturada com uma alegria contagiante.