PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
FEVEREIRO
“Em Fevereiro leva a mãe ao outeiro.”
No caso específico da Fajã Grande, este adágio encaixava-se que nem uma luva, pelo que, sem sombra de dúvida ele era típico desta freguesia, uma vez que a mesma se situa nas fragas de um pequeno monte, a ombrear com algumas habitações, designado precisamente pelo nome de “Outeiro”.
Este adágio era de âmbito profundamente meteorológico. Era uma espécie de previsão e anúncio do tempo. Com ele pretendia-se informar os menos atentos de que, nas Flores e mais concretamente na Fajã Grande, ao chegar o mês de Fevereiro, havia a certeza de que os dias de mau tempo e de grandes temporais, com chuvas diluvianas e ventos ciclónicos, que impediam as pessoas de sair de casa, como os de Dezembro e Janeiro, haviam terminado. Fevereiro já era, naqueles recuados tempos da década de cinquenta, um mês de bom tempo, com dias de Sol, em que nos podíamos sair de casa, à vontade, sem grandes resguardos do frio e da chuva, e darmo-nos ao luxo de não irmos apenas só nós, filhos, sinónimos de mais novos, mais ágeis e mais capazes. Também as pessoas de mais idade e mais débeis, como eram por exemplo as mães, também já podiam aventurar-se a uma caminhada tranquila por aqui ou por além, até subindo lugares mais íngremes, como o Outeiro, sem se sujeitar aos rigores do Inverno. É verdade que nestes dias o Sol, geralmente, ainda aparecia como que tímido e por entre nuvens, sem o brilho do Sol da Primavera ou do Verão, mas já era um Sol quentinho, sobretudo a fazer esquecer os tenebrosos dias anteriores e a convidar a sair de casa.
Se podíamos fazer uma caminhada ou dar um passeio com a mãe até aos meandros do Outeiro era porque na Fajã Grande já havia bom tempo, embora, apesar de estarmos em Fevereiro, ainda estivéssemos no Inverno.