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FIOS DE OURO

Terça-feira, 28.01.14

(CONTO TRADICIONAL)

 

Era uma vez uma mãe tinha duas filhas. A mais velha era muito preguiçosas, desajeitada, impertinente e, além disso, muito invejosa, a outra, a mais nova, era extremamente bondosa, aprimorada, metódica e muito trabalhadora.

A mãe não cessava de aconselhar a mais velha, atirando-lhe à cara o que em tempos lera num livro:

– “A inveja é filha do orgulho, autora do homicídio e da vingança, o início das sedições secretas, a perpétua atormentadora da virtude. A inveja é a imunda lama da alma; um veneno, um azougue que consome a carne e seca a medula dos ossos.”

Como se isso não bastasse ainda lhe apresentava, vezes sem conta, exemplos de pessoas que a inveja não só corrompera mas até arruinara.

Certo dia, a mãe e a irmã mais velha saíram de casa e foram à missa mas deixaram a cozer no forno, ao cuidado da irmã mais nova, sete pães de milho. Como se demorassem, a rapariga, depois de cozidos, foi comendo um a um os sete pães, de modo que, quando a irmã e a mãe regressaram da igreja não restava nenhum.

Faltando-lhes pão para o almoço, a mãe e a irmã mais velha, ralharam tanto com ele e fizeram tão grande barulho, que um dos mais ricos mercadores da cidade que naquele momento passava, por acaso, na rua onde moravam, teve que intervir, para as apaziguar

A mãe e a irmã mais velha gritavam ambas, falando ao mesmo tempo, acusando a mais nova de ser uma comilona, de comer por sete e roubar-lhes o pão que era delas. Mas o homem compreendendo que o barulho era motivado por inveja e que a rapariga se bem comia, melhor o merecia, pois trabalhava e fiava por sete, pediu-a em casamento à mãe e, para desespero e inveja da mais velha, começou logo a tratar de tudo para se casar com ela.

Realizado o casamento, o negociante partiu para uma longa viagem deixando à mulher, como tarefa, um grande quarto cheio de linho para fiar.

Estava prestes o regresso do negociante e a mulher ainda não tinha fiado nada. Por mais que quisesse não o podia fazer, e as outras duas jubilosas riam e troçavam dela, contentes por calcularem que o marido logo que chegasse não deixaria de a castigar severamente, talvez até a abandonasse e casasse com outra. Nessa altura, decerto que rico mercadora escolheria a mais velha para a substituir como esposa.

A pobre rapariga chorava, chorava, pretendendo debalde fiar o linho mesmo com lagrimas, mas não conseguia.

Um dia, enquanto estava à janela, a lastimar a sua sorte passaram umas fadas boas que, compadecendo-se da infeliz, lhe disseram que ao fiar, em lugar de passar os dedos pelos lábios, os passasse por farinha de milho.

A rapariga assim fez, e d'ai por diante, com grande alegria sua e raiva da irmã, não só podia fiar quanto queria mas também o fio, ao contacto da farinha de milho, transformava-se logo em rico fio de puro ouro.

 

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publicado por picodavigia2 às 10:26





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