PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
INTELIGÊNCIA E DIGNIDADE
O Abel Nóia nasceu nas Lajes das Flores, ingressando no Seminário de Angra, em 1961/62, onde completou o Curso de Teologia. Ordenado presbítero em 1973, iniciou a sua actividade pastoral na paróquia de Posto Santo da ilha Terceira, nesse ano, sendo transferido, dois anos depois, para São Mateus, na mesma ilha, onde permaneceu durante quatro anos, considerando-se, nessa altura, “mal preparado para a riqueza sociológica do meio”. Em 1979 foi colocado na Calheta, Biscoitos e Norte Pequeno, na ilha de São Jorge. De seguida fez um «ano sabático» na Diocese de Setúbal, integrando o trabalho paroquial normal da Cova da Piedade. Finalmente foi colocado nas Flores, assistindo espiritualmente várias paróquias, acabando por regressar à Terceira, mais concretamente a São Bartolomeu dos Regatos, ultima paróquia em que trabalhou, antes da colocação em Santa Cruz da Praia da Vitória, onde reside e trabalha actualmente. A partir de 2001 tem também a seu cuidado a simpática paróquia da Casa da Ribeira. Pessoalmente pensa que, assim como as caixas do «Gauarita» «já está «fora de prazo» para ambas, mas tem uma “«folha de A 4» em casa que aponta o fim para 1 de Agosto de 2016, se ainda tiver vida e saúde”. Durante largos anos, acumula o cargo de Ouvidor da ilha Terceira. Homem duma fina sensibilidade, de um humanismo profundo, duma dignidade gigantesca e de uma atenção extrema para os mais fracos e necessitados, Abel Nóia possui uma inteligência invulgar, uma capacidade inaudita de ler, apreciar e analisar os problemas da igreja e do mundo que, normalmente extravasa, através de uma escrita graciosamente audaciosa, sabiamente atrevida e delicadamente mordaz. Possui uma ampla cultura, sobretudo a nível da Teologia e da Bíblia. Os seus escritos, ultimamente colocados nas páginas do Facebook são atractivos, oportunos, sensatos, acutilantes e, como se isso não bastasse, de uma riqueza literária de excelente qualidade.
O Abel, devido às suas actividades pastorais, não pode participar em todos os eventos do Encontro, mas naqueles em que para isso teve disponibilidade, fê-lo com alma e coração, extravasando uma docilidade invulgar, uma camaradagem inaudita e um companheirismo sincero e verdadeiro. Descendo dos pedestais em que muitos clérigos ainda hoje se arrogam de permanecer, despojando-se de vestes medievais que outros ainda se ufanam de trajar, partilhando vivenças e costumes, o Abel partilhou o Encontro com uma alegria desmedida e uma vontade inaudita. Para além de ser o representante da “Troika” na ilha Terceira, o Abel cantou connosco, passeou pelas ruas de Angra, visitou o Seminário, sentou-se à mesa connosco e, sobretudo, ajudou-nos a recordar “estórias” passadas, memórias vivas, ditos, palavras, expressões, tornando ainda mais vivo aquele passado de que todos nos orgulhamos de ter pertencido e até nos envaidecemos de ser nosso. Por tudo isto o Abel tornou-se mais um dos “Senhores” do Encontro.