PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
JANTARES DO ESPÍRITO SANTO
Na Fajã Grande chamavam-se Jantares às promessas que as pessoas, sobretudo os americanos, faziam em louvor ao divino Espírito Santo. Essas promessas, geralmente, eram feitas se conseguissem emigrar para a América, se a vida por essas paragens lhes corresse bem, se tivessem sucesso, o que geralmente acontecia. Quando podiam voltavam, de visita, à freguesia para dar o jantar. Estes eram de abrangência diferente. Os maiores eram do Portal ao Risco, abrangendo a Ponta, a Fajã, a Cuada e a Fajãzinha. Outros apenas à Fajã e os mais pequenos a um grupo de pobres, incluindo familiares e amigos. Eram estes os jantares que pessoas prometiam, quando iam para a América e depois vinham pagá-los. Estes jantares incluíam a distribuição da carne e do pão de graça, contrariamente à distribuição nas festas do Espirito Santo em que não era distribuída a todas as pessoas, mas apenas aos que era mordomos e pagavam a carne. Nestas festas não se distribuía pão, e os mordomos pagavam a carne. O dinheiro era para as despesas da festa e as vezes também para pagar a carne, pois tinham que comprar o gado. Algumas vezes certas pessoas faziam promessas de dar um bezerro ou uma vaca. Os mordomos da Casa de Cima, não tinham carne pela festa da Casa de Baixo e vice-versa. Não tinham carne, porque não éramos mordomos, embora houvesse quem fosse mordomo de ambas as casas e até de S. Pedro.
Era no dia da festa depois da missa que na Casa do Espírito Santo partiam o pão doce ou pão adubado como se chamava popularmente.
Os jantares obedeciam ao um cerimonial semelhante aos das festas do Espírito Santo. Alvoradas durante a semana, matar o gado na sexta-feira de tarde distribuição da carne no sábado e festa no domingo.