PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
LIBERDADE
Numa definição simplificada pode considerar-se a liberdade como o direito concedido ao ser humano de fazer o que a legislação permite, isto é, o conjunto de direitos reconhecidos naturalmente à pessoa humana quer considerada isolado ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado. Esta dádiva uma vez concedia permite ao individuo o poder de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei, respeitando a liberdade do outro.
A liberdade foi e ainda é bastante discutida entre os filósofos, todos em busca de uma explicação convincente e correta acerca desta palavra que diferencia a existência humana. Começando na antiguidade, Sócrates considerava que o homem livre é aquele que consegue dominar os seus sentimentos e os seus pensamentos, o que se domina a si próprio e Platão entende por liberdade a opção de cada indivíduo em viver com a virtude e em consonância ou não com a moral. Por sua vez Aristóteles acreditava que a liberdade consistia numa harmoniosa integração do indivíduo numa sociedade em que a escravatura abrangia a maior parte dos homens.
Para Descartes age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem a escolha. Dessa premissa, decorre o silogismo lógico de que, quanto mais evidente a veracidade de uma alternativa, maiores são as possibilidades dela ser escolhida pelo agente. Para Espinoz a liberdade possui um elemento de identificação com a natureza do "ser". Nesse sentido ser livre significa agir de acordo com sua natureza. Assim, é mediante o exercício da liberdade que o homem se exprime como tal e em sua totalidade. Esta é também, enquanto meta dos seus esforços, a sua própria realização. Leibniz considera que o agir humano é livre a despeito do princípio de causalidade que rege os objetos do mundo material. Mas para Schopenhauer a ação humana não é absolutamente livre. Todo o agir humano, bem como todos os fenómenos da natureza, até mesmo as suas leis, são níveis de objetivação da coisa-em-si kantiana que o filósofo identifica como sendo puramente vontade.
Finalmente para Sartre a liberdade humana constitui-se com verdades concretas e históricas sobre o homem e só pode ser encontrada de fato pelos indivíduos na produção prática das suas próprias condições materiais de existência.