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LITANIA DO MAR

Sexta-feira, 02.05.14

Mar,

brejo incomensurável

de ondas e cachões d’espuma,

-  rochedos de lava, areais de prata.

 

Mar,

refluxo azulado

de naufrágios e horas amargas ,

- barcos perdidos, horizontes vermelhos.

 

Mar,

reboliço voluptuoso

de marés incontidas e de ondas abruptas

 - varadouros de rilheiras carcomidas

 

Mar,

estância sufocada

de algas murchas,  arrancadas aos rochedos

 - gaivotas escorraçadas em cio

 

Mar,

poema  estraçalhado

escrito por quilhas, rimado por remos

 -  quadras e sonetos sem versos.

 

 

Mar,

castelo solitário,

tabernáculo de sereias, cubículo piratas

- sonhos desenhados em brisas dispersas.

 

Mar

aconchego agreste

de brumas, tempestades e caligens,

 - epicentro de viagens perdidas.

 

Mar

de palavras debruadas a prata  

lembranças, de sonhos e desejos de sol

 - canto dolente, cio de liberdade.

 

Mar

hino inacabado

de estigmas e de lágrimas derramadas,

- percursos perdidos, destinos incertos

 

Mar

das madrugadas infinitas

onde a voz do vento embala e entontece

- as velas que partem sem destino. 

 

Mar

cais abandonado

onde o voo das gaivotas rompe a solidão:

-  a hora do embarque foi adiada

 

Mar

gesta inacabada

do pão, da morte, da vida e da saudade

- esperança paramentada de amargura.

 

Mar

roteiro da grande viagem

onde, no acordar de cada madrugada,

 - me vejo, revejo e me encontro comigo

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publicado por picodavigia2 às 18:16





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