PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
MAR
Mar,
na tua voz de búzio derrelicto,
há um silêncio contuso
um vulto abafado de vulcão .
Há nas tuas ondas um rumor acrisolado,
um sulco de lava, imperfeito.
Sobrevoam-te, em danças contundidas,
bandos de ganhoas amordaçadas.
Há na tua calma
um reboliço contundente de paixão.
No teu seio
navegam barcos sem velas e sem rumo
e as praias são desertos magoados.
No cais, de onde, outrora, partiam caravelas,
Constróis madrugadas de desejos.
Já não há jangadas de madeira carcomida,
E as sombras das gaivotas desfizeram-se
Sobre restos de navios naufragados.
Há baixios e laredos a arder,
Rochedos submersos e desfeitos,
Há vulcões mortos e sem brilho.
A tua água, silente, espelha,
uma canção perdida no horizonte,
um sorriso de donzela perturbada!
Mar de espuma obstruída…