PICO DA VIGIA 2
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MATRIZ DE SÃO SEBASTIÃO – PONTA DELGADA
A igreja Matriz de São Sebastião, sede da paróquia com o mesmo nome, na cidade de Ponta Delgada é um dos mais belos e emblemáticos templos açorianos. Situada bem no coração da cidade, a sua construção remonta a uma ermida que ali terá existido também sob a invocação de São Sebastião, padroeiro da cidade, erguida após uma grande peste que a assolou, conforme refere Gaspar Frutuoso nas Saudades da Terra.
As obras do atual templo transcorreram entre 1531 e 1547, tendo recebido auxílios dos reis D. João III e D. Sebastião, datando desse período as atuais magníficas portadas em estilo manuelino. As portas dos alçados laterais, em estilo barroco, são de basalto da ilha.
Ao longo dos séculos a edificação, no entanto, sofreu profundas transformações no seu conjunto, típico do estilo gótico em Portugal, com detalhes manuelinos e, posteriormente, barrocos. No século XVI, a torre sineira erguia-se no ângulo Nordeste. Na primeira metade do século XVIII, o templo foi objeto de extensa campanha de obras.
O altar-mor era inteiramente em talha dourada, havendo nele riquíssimos panos de azulejos.
O atual relógio na torre foi doado em fins do século XIX por António Joaquim Nunes da Silva.
Até há relativamente poucos anos existiam junto aos púlpitos, nas naves, dois coros, um deles com o órgão onde tocou o padre Joaquim Silvestre Serrão.
Na década de cinquenta o antigo Seminário Menor da diocese de Angra, sediado no antigo Colégio dos Jesuítas, pertencia a esta paróquia, pelo que os jovens que ali estudavam se deslocavam à Matriz de São Sebastião, sobretudo nos dias das grandes festividades, nomeadamente no dia 21 de Janeiro, dia consagrado ao Santo Mártir executado durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano.
Sebastião terá chegado a Roma através de caravanas de migração lenta pelas costas do mar mediterrâneo, que na época eram muito abundantes. De acordo com Atos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que se teria alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal, a Guarda Pretoriana. Mais tarde, porém, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado ao rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Santa Irene, apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte, sendo o seu corpo atirado para um esgoto público da cidade de Roma.