PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
MORAL SÓLIDA
A Fajã Grande, na década de cinquenta, sobretudo devido à sua situação geográfica, era uma sociedade bastante isolada, com alguns hábitos e costumes muito rudimentares mas com uma moral digna, nobre e recta.
A maioria da população podia, verdadeiramente, ufanar-se de possuir uma conduta moral nobre e digna e, no seu dia-a-dia, no seu trabalho, nos poucos convívios e descansos de que dispunha, nas festas e divertimentos em que participava, enfim, sempre e em toda a parte, era detentora de costumes simples e bons. Uma digna herança do passado! Praticamente não se conheciam ladrões, pelo que os roubos eram raros e pouco generalizados, até porque sendo uma pequena freguesia rural, muito distante e até, praticamente, isolada de corruptores, não sofria quaisquer influências malignas ou malfazejas. Geralmente ninguém guardava para si o que não era seu e até os achados eram, religiosamente, anunciados pelo pároco à hora da missa, ou no caso dos mais pequenos e menos valiosos, colocados sobre a pia da água benta, à entrada da igreja, a fim de que o dono os recolhesse.
As pessoas adultas andavam sozinhas pelos caminhos e pelos matos, as crianças brincavam nas ruas, as portas das casas estava sempre abertas e quaisquer bens deixados aqui ou além, sem problema. Apenas se contavam, mas com o fim de assustar os mais tímidos, “estórias” de fantasmas, de feiticeiras e de almas do outro mundo.
A educação moral dos filhos também era um ponto de honra. Estes deviam ser educados, respeitadores, trabalhadores e obedientes, evitando brigas e palavras e gestos obscenos.
Havia por vezes, entre as pessoas, algum sentimento de vingança e de intrigas, muitas vezes dentro da própria família, mas a maioria delas acabavam por pacificar-se mais tarde. Os fajãgrandense. No geral, eram francos muitas vezes, ainda que duma rude, muito corteses, sabendo retribuir o bem que lhes era feito.
A Fajã Grande, na década de cinquenta, era, na verdade, uma freguesia pacata, onde dominava a excelência dos costumes e de uma moral sólida. As excepções eram poucas e, obviamente, não ofuscavam a regra geral.