PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
NO CORAÇÃO DA ESTRELA
Manteigas é uma das interessantes e belas vilas de Portugal. Encafuado num enorme vale, nos contrafortes e faldas da Estrela, a origem do seu nome assim como o do seu fundador, continuam a constituir um enigma de difícil decifração. Segundo algumas lendas consta que o imperador romano Júlio César terá passado por ali, à frente de um vitorioso exército, nos anos que antecederam a romanização da Península. A origem do povoamento será, no entanto, idêntica à das terras circunvizinhas que assentaram raízes em volta das encostas e nos vales da Serra conhecida naquelas recuadas época por Montes Hermínios, onde pastoreou o valoroso herói lusitano Viriato.
O primeiro foral de Manteigas data de 1188, e foi concedido pelo rei Povoador. D. Manuel I concedeu-lhe novo Foral em 1514.
Manteigas é o concelho mais pequeno do Distrito da Guarda tem apenas 4 freguesias, as de Santa Maria e São Pedro na vila e as do Sameiro e de Vale de Amoreira nos andurriais da Serra, à volta da qual se organiza toda a atividade económica do concelho, onde predominou durante muitos anos o pastoreio e as indústrias derivadas – lanifícios e lacticínios, mas possui privilegiadas condições naturais, ecológicas e paisagísticas que deslumbram os visitantes.
Como todo o distrito da Guarda Manteigas é de grande altitude, apesar de se localizar numa cova do vale glaciar por onde corre o rio Zêzere. Por todo o seu território, sucedem-se os socalcos cultivados, as courelas arborizadas e os penhascos que de forma abrupta descem sobre a vila. A serra da Estrela marca de forma definitiva a vida dos habitantes do concelho, que foram obrigados a moldar-se às condições do clima e do relevo.
Existem por todo o concelho e, sobretudo, na vila de Manteigas, muitos vestígios arqueológicos que atestam a antiguidade do povoamento da região Há também alguma toponímia que confirma com essa antiguidade: Campo Romão, Crasto, Persoltas entre outros. Existem também algumas lápides romanas e muitas outras desapareceram, outras ou foram aproveitadas em edificações religiosas posteriores.
Nos inícios do século XVIII, Manteigas tinha cerca de três mil habitantes, número que não incluía a actual freguesia de Sameiro, pois esta pertenceu até 1835 ao concelho da Covilhã. As duas igrejas paroquiais, de S. Pedro e Santa Maria, eram de padroado real e da comenda de Cristo. A câmara era constituída por dois juízes ordinários, vereadores, um procurador do concelho, um escrivão da câmara e um tabelião judicial. Manteigas tinha nessa altura uma companhia de ordenanças
As invasões francesas não marcaram o concelho como outros. Mesmo assim, há aquela notícia que refere o sítio da Figueira Brava como o local onde um destacamento militar francês, que fugira pelo vale do Zêzere, por Valhelhas, foi interceptado. Em Manteigas, em Fevereiro de 1847, esteve cercado o general Póvoas, durante a revolta da Maria da Fonte. Mas conseguiria escapar pela serra, o intrépido militar, que havia de ser homenageado com a inauguração de uma rua com o seu nome.
Como muitos outros do país, o concelho de Manteigas foi extinto em 1896, restaurado em 1934, ano em que foi finalmente definida com precisão a sua área.
Para além da agricultura e da pecuária, ultimamente o turismo tem desempenhado um papel fundamental na economia de Manteigas. Os motivos são óbvios e estão relacionados com as belezas paisagísticas proporcionadas pelo enquadramento do concelho situado no coração da serra da Estrela.
NB – Dados retirados do Site da CMM