PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O CAVALO
Numa determinada terra, havia um homem que tinha um cavalo que lhe era muito útil, pois com ele lavrava os campos, puxava uma carroça para acarretar os produtos agrícolas, movia uma atafona para moer os cereais e até transportava o homem e a sua família. O cavalo era-lhe, pois, de grande préstimo e enorme valor.
Mas, o pior é que o cavalo comia e comia muito e, ao comer, gastava e diminuía os lucros do seu dono. Pelo que o homem decidiu ir diminuindo a ração do animal, progressivamente, uns dias mais, noutros menos, na esperança de que o animal não emagrecesse muito e, assim, continuasse a ser rentável para o dono. O cavalo, embora emagrecendo e definhando aos poucos, lá se foi aguentando, enquanto o dono resplandecia de felicidade, por ver o seu pecúlio crescer, ainda que o cavalo pudesse, em alguns dias, ostentar, à mistura com uma certa má vontade, algum cansaço ou fraqueza.
Um dia, consternado, o homem disse à mulher:
- Olha, o nosso cavalo que agora até tinha deixado de comer, morreu.
Verdadeiramente insensato, este homem.