PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O CONCELHO DE PAREDES
O Concelho de Paredes situa-se na região do Vale do Sousa e é constituído por 24 freguesias, fazendo fronteiras, a norte com os concelhos de Lousada e Paços de Ferreira, a oeste com o de Valongo, a sul com o de Gondomar e a este com o de Penafiel.
Testemunhos arqueológicos demonstram que há mais de 5000 anos o homem escolheu o território do actual concelho de Paredes, para habitar. Sabe-se, hoje que a sedentarização de povos nesta zona perdurou ao longo dos séculos, sendo que, os povos que por aqui passaram ou aqui se fixaram e foram deixando inúmeros e variados vestígios da sua presença, muito deles ainda hoje guardados em museus ou representados nos falares, nos usos, nos costumes e nos utensílios das gentes que ainda hoje habitam os povoados e aldeias da região.
No caso dos Romanos, chegaram à Península Ibérica durante o século II a. C. e o seu interesse na expansão do Império e a busca de riqueza conduziram-nos às jazidas auríferas de Castromil e das Banjas (Sobreira), onde a intensiva exploração do ouro ficou visível nos numerosos poços, galerias e cortas, alguns deles, ainda hoje existentes
O actual Município de Paredes assenta no antigo Julgado de Aguiar de Sousa, com origem nos primórdios da nacionalidade, que se apresentava como um espaço político, judicial e administrativo independente, exercendo domínio sob um vasto território, composto por 48 freguesias. A partir dos finais do século XVI, porém, as funções de Aguiar de Sousa como cabeça de Julgado, transitam para o lugar das Paredes, situado na freguesia de Castelões de Cepeda, junto à estrada que ligava Porto – Vila Real, com Cadeia e Casa de Audiências.
Fruto da presença de importantes famílias nobres, desde a Idade Média, nas terras deste Julgado, entre as quais o mais importante foi Egas Moniz, aio do primeiro rei de Portugal, surge a fundação de quatro mosteiros e a formação dos respectivos Coutos, bem como a delimitação de Honras com inúmeros privilégios que lhe eram associados. Esta situação permitiu que, durante a crise liberal, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, Baltar, Louredo e Sobrosa ascendessem à categoria de concelho, sendo extintos alguns anos mais tarde e integrando-se no de Paredes, o qual foi criado, como consequência da reorganização administrativa de Passos Manuel. Este concelho, inicialmente, era constituído por 23 freguesias, sendo que, em 1855, foi criada a nova freguesia de Recarei, a partir de vários lugares da freguesia da Sobreira, passando a corresponder às 24 freguesias actuais.
O crescente desenvolvimento do concelho levou D. Maria II a conceder-lhe o alvará régio, que o elevava à categoria de Vila, em 1844. A dirigir os rumos do Concelho de Paredes surgiu uma figura ímpar na sua história, que ficou conhecida pelo epíteto de “Rei de Paredes”, José Guilherme Pacheco, que foi presidente da câmara de 1864-1871 e durante parte do ano de 1878. Na linha política de Fontes Pereira de Melo, o conselheiro José Guilherme, procurou promover o progresso de concelho, no campo das acessibilidades, transportes, comunicações e educação. Paredes prestou-lhe justa e devida homenagem, dando o seu nome ao mais importante largo da cidade, fronteiriço ao actual edifício da Câmara Municipal, colocando no centro do mesmo uma estátua.
Ao longo dos tempos, as gentes de Paredes foram-se dedicando às artes do mobiliário que evoluíram de forma significativa ajustando-se, hoje, às novas tecnologias e métodos de fabrico de acordo com os gostos e exigências do “modus-vivendi”. O concelho ocupa lugar de destaque no que à produção de móveis em Portugal diz respeito.
O florescimento económico do concelho, deve-se, em grande parte, à disponibilidade de capitais, trazido pelos emigrantes dos brasileiros nos finais do século XIX e inicio do século XX, regressaram à região, contribuindo, assim, directa e indirectamente, para o desenvolvimento da indústria mobiliária, quer pelo investimento directo nalgumas fábricas, quer pelas encomendas de mobiliário feitas por esses brasileiros, quer ainda pelo mobiliário que trouxeram do Brasil e que inspirou os marceneiros locais. A relação tradição/modernidade desta da arte de trabalhar a madeira nas suas diferentes vertentes sustentam um produto turístico-cultural denominado “Rota dos Móveis”.
Como resultado de todo um processo de desenvolvimento, Paredes é elevado à categoria de cidade em 20 de Junho de 1991, reunindo todos os requisitos exigidos pela lei vigente. O excessivo crescimento demográfico e notável desenvolvimento económico do concelho, convergidos a diferentes freguesias, fizeram que em 2003, as freguesias de Baltar, Cête, Recarei, Sobreira e Vilela fossem elevadas a Vila e as freguesias de Gandra, Lordelo e Rebordosa fossem elevadas à categoria de Cidade.